O mercado financeiro ignora os sinais de que uma mudança estrutural está em curso e segue firme nas apostas de que o Federal Reserve voltará a cortar o juro nos Estados Unidos na semana que vem. A agenda norte-americana carregada de indicadores econômicos hoje testa essa expectativa, que já está em quase 90%.
Por aqui, os investidores defendem uma queda da taxa Selic a partir de janeiro, o que levou o Ibovespa a ultrapassar os 160 mil pontos pela primeira vez na história. O dólar cedeu um pouco, mas seguiu acima da faixa de R$ 5,30, enquanto os juros futuros retiraram prêmios, em meio aos sinais de desaceleração da economia doméstica.
Assim, da noite para o dia, os mercados globais deixaram de lado o potencial impacto sobre uma possível alta de juros no Japão, na reunião de 19 de dezembro, O que importa é a política monetária nos EUA e no Brasil. Mas isso não significa que o ambiente está propício à tomada de risco.
Ao contrário, os sinais de alerta se espalham pelos ativos de risco. O Bitcoin continua sendo o exemplo mais emblemático, ao voltar a ser negociado acima de US$ 90 mil, após a incerteza global se abater sobre as criptomoedas de forma volátil. O risco fiscal – não só no Brasil – e a forma como a dívida pública cresce e se financia também causa aversão.
Mas os mercados querem acreditar em um rali de fim de ano, da mesma forma em que nesta época o espírito natalino leva muitos a crer em Papai Noel. Mas o último mês de 2025 também serve para listar as resoluções de ano novo – e a promessa de refletir sobre o mundo real, sem disfarçar no preço dos ativos, deve ser a mais difícil de cumprir.
É verdade que muitas métricas de mercado não mostram isso, mas esperar que eles reflitam os potenciais riscos sistêmicos do que está acontecendo pode acabar colocando os investidores em apuros.
Passeio pelo mercado
Os futuros das bolsas de Nova York estão em alta nesta manhã, mas o sinal positivo não anima as bolsas na Europa, que são influenciadas pela ausência de direção na Ásia.
Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) seguindo abaixo da marca de 100 pontos.
Nas commodities, o petróleo avança, enquanto o minério de ferro negociado em Dalian (China) fechou em leve baixa, voltando a ficar abaixo de 800 yuans a tonelada métrica. O ouro também sobe.
Entre as criptomoedas, o Bitcoin amplia os ganhos e vai além dos US$ 90 mil.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – EUA: Pedidos de hipotecas (semanal)
- 10h – Brasil: Índice PMI/S&P composto de atividade – indústria e serviços (novembro)
- 10h15 – EUA: Pesquisa ADP sobre emprego no setor privado (novembro)
- 10h30 – EUA: Preços de importação e exportação (setembro)
- 11h15 – EUA: Produção industrial (setembro)
- 11h45 – EUA: Índice PMI/S&P composto de atividade (novembro)
- 12h – EUA: Índice ISM setor de serviços (novembro)
- 12h30 – EUA: Estoques de petróleo (semanal)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
