A história da PhotoRoom poderia começar em um escritório de tecnologia de ponta, mas nasceu em um ambiente muito mais simples e humano: mesas de uma grande rede de fast food, onde Matt Rouif, fundador e CEO da startup francesa, se reunia com pessoas comuns para testar as primeiras versões de um aplicativo que hoje ultrapassa 300 milhões de downloads e US$ 50 milhões em receita anual recorrente, além de estar presente em cerca de 180 países, como o Brasil.
Fundada em 2019, o objetivo era claro desde o início: ajudar pequenos empreendedores a criarem imagens de produtos com aparência profissional. “As lojas migraram para o ambiente online. Nos marketplaces ou Instagram, uma boa imagem é a diferença. Queríamos dar às pessoas comuns o poder de criar fotos com qualidade de estúdio com apenas um toque”, contou Matt. Hoje, a companhia processa mais de sete bilhões de imagens por ano.
Antes de fundar a PhotoRoom, ele passou por empresas como GoPro e Stupeflix, experiências que moldaram sua visão sobre design acessível e escalabilidade. “Na GoPro, percebi o quanto era difícil limpar o fundo de uma imagem quando você não é designer. Eu queria ‘desmembrar o Photoshop’ para o dia a dia do comércio, isso é, remover o fundo, adicionar sombra, ajustar proporções, tudo em 30 segundos”, disse.
A história que se tornou lenda dentro da empresa começou com um experimento curioso, quando Matt Rouif e seu sócio, Eliot Andres, passaram semanas abordando pessoas em uma unidade de fast food próxima ao escritório, oferecendo o almoço em troca de dez minutos de feedback sobre o protótipo.
“Precisávamos de reações reais. Era um fluxo constante e diverso de pessoas, e um incentivo simples. Fizemos isso tantas vezes que a segurança pediu para pararmos”, relembrou Matt. Esses testes foram importantes para entender quem realmente fazia a edição das fotos, se era o dono da loja ou alguém da equipe, onde as imagens eram usadas e quais eram as maiores dores, como fundos confusos, sombras inconsistentes e necessidade de recortes rápidos e padronizados.
Em um desses encontros, um comentário mudou o rumo da empresa: “Posso usar isso para listar produtos mais rápido?” A partir daí, ficou claro que o aplicativo resolvia um problema essencial, e se tornava uma ferramenta de trabalho. O hábito de ouvir usuários virou parte da cultura da empresa. Toda semana, a PhotoRoom promove a “hora do usuário”, em que engenheiros e gerentes de produto participam de entrevistas ao vivo com clientes, buscando entender suas dores e necessidades.
Desse contato nasceram algumas das principais funcionalidades do aplicativo, como a remoção instantânea de fundo e predefinições específicas para marketplaces, a edição em lote e as sombras consistentes pedidas por restaurantes e lojas de alimentos, os kits de marca personalizados para boutiques e até as cenas “mágicas” geradas por inteligência artificial, criadas para comerciantes que queriam fotos de estilo de vida sem precisar de uma sessão fotográfica.
Com um modelo freemium e foco em entregar valor imediato, a PhotoRoom cresceu de forma orgânica, impulsionada pelo próprio produto. Tutoriais no YouTube e TikTok, além de recomendações espontâneas entre vendedores, ajudaram a construir uma comunidade engajada.
“Desde o início, quisemos que a tecnologia se adaptasse às pessoas e não o contrário. A cultura de feedback constante nos ensinou a traduzir dados e comentários em decisões de produto. É isso que mantém a PhotoRoom evoluindo de forma humana e escalável”, explicou o sócio Eliot Andres, que além de co-fundador também é CTO da empresa.
Hoje, a PhotoRoom investe em inteligência artificial responsável e acessível, desenvolvendo seus próprios modelos para fotografia de produtos de alta qualidade e, ao mesmo tempo, integrando modelos externos à medida que a tecnologia evolui rapidamente. A empresa trabalha com fornecedores de imagens e fotógrafos profissionais para garantir a diversidade de conteúdo e reduzir o viés, mantendo um equilíbrio entre eficiência, responsabilidade e impacto ambiental.
“Nos próximos cinco anos, queremos ser a agência criativa do comércio eletrônico, entregando imagens que vendem, com fluxos de trabalho automatizados e personalizados para cada negócio”, afirmou Rouif.

