Às vésperas do feriado de Ação de Graças, os traders de criptomoedas ainda tinham motivos para agradecer: o Bitcoin vinha recuperando parte das perdas recentes. Mas a trégua durou pouco. Na segunda-feira, após o feriado, a criptomoeda voltou a despencar. Agora, apostadores da Kalshi — um dos maiores mercados de previsão do mundo — reduziram para cerca de 24% as chances de o Bitcoin ultrapassar US$ 100 mil até o fim do ano, ante 60% no início do feriado.
A Kalshi e outras plataformas de mercados de previsão, como Polymarket e Robinhood, são vistas como indicadores altamente precisos para uma ampla variedade de eventos futuros, ainda que as probabilidades mudem constantemente.
No campo das criptomoedas, outras apostas da Kalshi refletem um cenário ainda mais pessimista para o setor. Cerca de 63% dos apostadores acreditam que o Bitcoin cairá abaixo de US$ 80 mil ainda este ano. Em previsões de prazo mais longo, o sentimento continua contido: 82% estimam que a moeda não superará US$ 200 mil até 2027.
A Kalshi é uma das maiores plataformas do segmento, ao lado da rival Polymarket. Os mercados de previsão ganharam força nas eleições presidenciais dos EUA no ano passado, quando a Kalshi apontou uma vitória de Donald Trump em contraste com pesquisas tradicionais. Desde então, a Polymarket busca uma avaliação de até US$ 15 bilhões, enquanto a Kalshi mira US$ 11 bilhões.
O preço do Bitcoin caiu cerca de 8% nas últimas 24 horas, sendo negociado por volta de US$ 84 mil na tarde de segunda-feira. Desde a máxima de aproximadamente US$ 126 mil registrada há cerca de dois meses, a criptomoeda acumula uma queda de 33%.
Ethereum e Solana, as outras duas maiores criptomoedas, também tiveram um início difícil em dezembro. Desde ontem, a Solana recuou cerca de 10%, sendo negociada a US$ 2.752, enquanto o Ethereum caiu 9%, para cerca de US$ 125.
Na segunda-feira, traders norte-americanos acordaram com más notícias vindas do outro lado do mundo: o rendimento do título japonês de dois anos atingiu o maior nível em 17 anos — o mais recente sinal macroeconômico que vem estimulando investidores a adotarem uma postura de menor risco.
“As notícias vindas do Japão adicionaram uma nova fonte de pressão”, afirmou James Butterfill, chefe de pesquisa da CoinShares. “A perspectiva de uma alta de juros japonesa está ganhando força e, considerando o elevado endividamento público do país, até movimentos modestos podem desestabilizar os mercados globais.”

