Tudo tem acontecido muito rápido com a Bajaj no Brasil. A marca indiana de motocicletas, estreou como subsidiária própria por aqui em dezembro de 2022. Em junho de 2024, a montadora iniciou a produção da fábrica brasileira, localizada em Manaus (AM), a primeira planta da companhia fora da Índia. Três anos arás, sequer aparecia no ranking da Fenabrave (Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores). Em 2023, vendeu cerca de 4.000 unidades. Ano passado, 11.087. E para 2025, projeta superar a marca de 20 mil motos comercializadas, além de dobrar o número de concessionárias, para 60 lojas espalhadas por todos os estados, após triplicar a rede em comparação com 2023.
Hoje são 37 unidades, quatro delas inauguradas neste ano, sendo três no Nordeste, que totaliza nove lojas. A região tem surpreendido positivamente a marca. Outras três já estão programadas para serem abertas por lá nos próximos meses.
“Nossa grande ambição é chegar a 50 mil motos vendidas em um ano no Brasil. Aí podemos dizer que entramos no jogo”, disse ao BRAZIL ECONOMY Waldyr Ferreira, managing director da Bajaj do Brasil, funcionário número 1 da empresa no País – foi contratado antes mesmo de a companhia ter CNPJ por aqui. “Ajudei a escrever o contrato social”, lembrou. O montante de 50 mil motos renderia um faturamento de aproximadamente R$ 1 bilhão.
A Bajaj já está com suas peças no tabuleiro, que tem players gigantes movendo seus peões, ou suas motos, melhor dizendo. O mercado nacional, que fechou 2024 com 1,28 milhão de unidades vendidas, é dominado há anos por duas fabricantes japonesas, que atuam em solo tupiniquim há mais de 50 anos: a Honda, com 68,6% de market share, e a Yamaha, com 17,7%. Juntas, abocanham 86,3% do setor, segundo dados da Fenabrave fechados em dezembro.

A Bajaj não se assustou com esse domínio. Pelo contrário. Foi um dos motivos que fizeram a empresa embarcar no Brasil com produção própria. Para estabelecer uma marca nova no Brasil e competir com companhias robustas, não adiantaria chegar com um representante comercial ou um distribuidor. Para mostrar a força de um projeto que é de longo prazo, e apresentar o apetite da Bajaj em relação ao mercado brasileiro, a opção da matriz indiana foi por montar a fábrica no País. “Se a gente não controla os fatores do mercado, com uma manufatura própria podemos controlar a produção e estar focado nas vendas”, afirmou Ferreira.
Na sua estrada de crescimento, a Bajaj ainda está no início do caminho. “Ainda somos uma ilustre desconhecida no Brasil”, reconheceu o executivo. O “ainda” é relevante, pois a marca começa a aparecer no retrovisor das concorrentes.
Em 2022, sequer aparecia no ranking das 21 maiores montadoras de motocicletas da Fenabrave. Em 2023, era a 12ª colocada, com 0,25% de share. No acumulado de vendas do ano passado, subiu para 10ª posição, com 0,59% da fatia do mercado. Em dezembro, fechou como a 5ª marca em vendas, com 1,16% de share.
Se os planos para este ano se concretizarem, com mais de 20 mil motos comercializadas, a Bajaj deve se firmar na 5ª posição do ranking brasileiro, atrás de Honda (que vendeu 1,28 milhão de unidades em 2024), Yamaha (333,1 mil), Shineray (77 mil) e Mottu (52,8 mil).
PROBLEMAS BONS
E aí vão começar os “bons problemas” para a companhia indiana no Brasil. A legislação nacional permite importação de 20 mil kits de chassi prontos. A partir desse volume, o chassi tem de ser soldado e pintado no País. Outra regra é que, para mais de 50 mil unidades fabricadas por aqui, um percentual de peças tem de ser nacional.
Mas antes de isso ocorrer, a Bajaj se concentra em outras iniciativas. Uma delas é dar um up grade nos quatro modelos disponíveis no mercado brasileiro: a linha Dominar nas versões 160, 200, 250 e 400 cilindradas – de R$ 17,5 mil a R$ 26 mil. Além disso, outros dois modelos devem chegar ao País ainda neste ano.
Um de entrada, para atender o aquecido mercado de entregadores de delivery, e outro mais encorpado, acima das atuais versões disponíveis.
E mais: o desempenho do mercado brasileiro tem sido tão importante que a matriz da Bajaj já considera entrar com motocicletas de roda raiada, para concorrer diretamente em categorias amplamente dominadas por Honda e Yamaha. “Antes de ter presença no Brasil, a gente sequer considerava essa possibilidade. Mas agora enxergamos uma oportunidade. Estamos falando de 20% do mercado que nós ainda não estamos brigando por espaço”, disse Ferreira, ao destacar que “é um exemplo de como o Brasil pode ajudar nos negócios globais da empresa”.
E eles vão bem, obrigado. Terceira maior montadora de motos do planeta, a BajajAuto Limited é um grupo com 40 empresas em seu portfólio e 36 mil funcionários. O faturamento no último ano fiscal foi de US$ 4,13 bilhões. Na Índia, suas fábricas têm capacidade produtiva de 7 milhões de unidades por ano. A marca é líder de vendas em 17 dos 100 mercados para os quais as motocicletas Bajaj são exportadas.
Além de motos, a Bajaj também é forte no segmento de veículos de três rodas, conhecidos mundialmente como “tuk-tuks” e na Índia fabrica também um pequeno automóvel, o Qute, bastante utilizado por taxistas.