Primeiro veio a mudança de nome. Obviamente, foi mais fácil. Saiu a WAM Empreendimentos e entrou a WAM Experience. Deixou de existir o significado original das três letras, que eram as iniciais dos fundadores da empresa em 2013 (Waldo, André e Marcos), e surgiu uma nomenclatura conceitual: We Are Movement (Nós somos movimento). Depois da alteração da denominação, veio, de fato, o movimento de mudança, a partir de meados de 2023, quando a companhia alterou o comando da gestão e Lucas Fiuza assumiu como CEO. Avanços em digitalização e na apresentação ao mercado. Obviamente, foi mais difícil. Saiu a atuação como imobiliária focada na venda do modelo de multipropriedade e entrou a gestão de uma rede hoteleira voltada para entretenimento e hospitalidade.
O grupo ainda não se recuperou do baque da pandemia, período em que o setor de turismo foi um dos mais afetados devido ao fechamento das unidades e ao isolamento social.
A casa ainda está sendo colocada em ordem. O faturamento de 2024 foi de R$ 1,4 bilhão, um pouco inferior aos R$ 1,5 bilhão registrados em 2023. Ainda assim, a WAM Experience anunciou um investimento de R$ 500 milhões em um novo projeto turístico no Polo Cabo Branco, na Paraíba.
Em um lote de 130 mil metros quadrados do complexo de lazer promovido pelo governo paraibano, a WAM Experience vai construir um hotel com 480 apartamentos, além de brinquedos de parque de diversão, como uma roda-gigante panorâmica de 80 metros de altura, uma torre de queda e montanhas-russas. O empreendimento também contará com um outlet, uma vila gastronômica e um espaço para eventos.
Os investidores e compradores de imóveis da WAM anteriores a 2023, que vivenciaram – e ainda vivenciam – as dificuldades financeiras da empresa, não entenderam muito bem esse investimento. No entanto, Fiuza explicou a eles que o plano combinado, de reestruturação da empresa e rebranding da marca, continua.
Mas são necessárias outras ações. “É dinheiro novo, de outros investidores, que possibilita esse aporte. Temos um plano de desenvolvimento do grupo, que inclusive prevê um crescimento de 5% no faturamento deste ano, beneficiado pelo maior número de feriados. Estamos animados”, disse ao BRAZIL ECONOMY.
Com isso, o portfólio de propriedades do grupo vai aumentar. Atualmente, são 11 hotéis, quatro parques aquáticos e quatro complexos gastronômicos, além de um espaço para eventos. A rede inclui sete hotéis em Goiás, além do Dom Pedro Laguna (Aquiraz – CE), do Ondas Praia Resort (Porto Seguro – BA), do Búzios Beach Resort (Búzios – RJ) e do Solar Pedra da Ilha (Penha – SC). A WAM Experience recebe 1 milhão de hóspedes por ano, com 100 mil clientes ativos em seu programa de fidelidade.
Tanto os parques quanto algumas unidades da rede hoteleira passam por um retrofit. A aposta no digital também é alta. “Para o negócio ganhar escala”, afirmou o CEO. “Temos adotado a linha de que somos uma grande prestadora de serviço. Nosso grande diferencial é a capacidade de realizar as coisas, de fazer parte da experiência dos clientes.”
A empresa conta com 3.500 colaboradores – podendo chegar a 4.000 em determinados períodos do ano. “É uma mudança de cultura, mas os funcionários têm abraçado a ideia para alcançarmos os resultados”, ressaltou Fiuza.
A força de trabalho passou por reformulações para otimizar a operação. As atividades passaram por um pente-fino, e alguns gargalos foram identificados. Um exemplo: os corretores de vendas tinham momentos de pico de atendimento e outros de ociosidade. Para equilibrar isso, passaram a atuar no pós-venda durante esses períodos, reduzindo a demanda no SAC (Serviço de Atendimento ao Consumidor). “Isso elevou a qualidade do serviço e aumentou a retenção de vendas”, explicou o executivo.
As vendas líquidas foram 30% superiores em 2024 em comparação a 2023. O índice de cancelamento após sete dias da venda caiu de 30% para 7%. “Tenho confiança de que é o menor do país no setor hoje”, afirmou Fiuza, que acredita no potencial turístico do Brasil.
Ele citou como exemplo o caso da cidade de Olímpia, no interior de São Paulo, que se tornou um polo de entretenimento com parques aquáticos e uma rede hoteleira robusta. Segundo dados da prefeitura local, o número de turistas no município dobrou entre 2019 e 2024, passando de 3 milhões para 6 milhões. Atualmente, o turismo responde por 60% da economia da cidade.
“O turismo no país ainda é muito incipiente. Há espaço para muitos outros players. Temos demanda, e o Brasil poderia atuar de maneira mais ativa para atrair turistas estrangeiros”, avaliou o CEO da WAM, que segue em movimento.
