Graphcoa vai investir até R$ 2 bilhões para dobrar produção de grafite no Brasil

Com perspectiva de recolocar o País no protagonismo global do minério, joint venture com a Appian Capital está de olho no mercado regular e também no setor de baterias para carros elétricos

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Imagens: Graphcoa/Divulgação

Mina de grafite da Graphcoa em Itagimirim, na Bahia

Operação de grafite da Graphcoa em Itagimirim, na Bahia

Primeiro vamos à informação ruim: nos últimos anos o Brasil foi ultrapassado por Madagascar e Moçambique e hoje é o quarto colocado no ranking mundial de produção de grafite, apesar de ter a segunda maior reserva do planeta, segundo o US Geological Survey, o centro de pesquisas geológicas dos Estados Unidos. Agora, a boa nova: a empresa entrante no mercado brasileiro Graphcoa planeja praticamente dobrar a produção nacional, que hoje é de 73 mil toneladas por ano, de acordo com o Serviço Geológico do Brasil (SGB), vinculado ao Ministério de Minas e Energia, e recolocar o Brasil como protagonista global de grafite. Para isso, faz investimentos que podem ultrapassar R$ 2 bilhões até 2029.

A Graphcoa é uma joint venture entre a companhia que já tinha esse nome (e foi mantido) e a Appian Capital Brazil, um fundo de investimentos privados especializado em mineração e metalurgia, representante no País do grupo britânico Appian Capital Advisory, que possui aportes em oito países.

Por aqui, estão de olho em dois principais nichos. Um deles, o chamado mercado regular, com aplicações de grafite em cadinhos refratários, revestimento e moldes de fundição, eletrodos, indústrias de latão e bronze. O outro, no potencial das baterias de carros elétricos, que tem avançado no Brasil – e no mundo – a partir da transição energética de motores a combustão para eletrificados ou híbridos.

“Existe uma oportunidade bastante grande, alavancada não só pela economia local, pela aplicação regular especialmente na siderurgia, mas também pela indústria de baterias”, disse ao BRAZIL ECONOMY Ricardo Alves, diretor-executivo da Graphcoa.

Ricardo Alves, diretor-executivo da Graphcoa
Ricardo Alves: “Não estamos em uma corrida de 100 metros. É uma maratona”    Foto: Divulgação

Na avaliação dele, a expectativa é o Brasil se beneficiar como parceiro na produção de baterias elétricas da Europa e dos Estados Unidos, que devem acelerar nesse produto para não depender – e concorrer – da China, maior fabricante mundial desse item.

No mundo, o setor de grafite movimentou US$ 3,62 bilhões em 2024, segundo a consultoria Mordor Intelligence. O Brasil é responsável por 7% da produção global. E o segmento deve atingir US$ 4,63 bilhões até 2029, e faz parte do plano de expansão da indústria promovida pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, comandado pelo vice-presidente da República, Geraldo Alckmin. É nesse cenário que a Grapchoa quer escrever – com grafite – sua história.

Construção de planta na Bahia está em andamento

A Graphcoa inicia o processo de produção em sua primeira planta de beneficiamento localizada no município de Itagimirim, na Bahia, na mina Boa Sorte, com capacidade inicial de produção de 5,5 mil toneladas por ano. O investimento é de R$ 350 milhões. Além dos investimentos no Sul baiano, o grupo também pretende desenvolver outros projetos no Norte Minas e em outros Estados. O plano total, até 2029, pode ultrapassar os R$ 2 bilhões.

São três linhas de produtos standard, cada uma focada em características do grafite e nas demandas do mercado. A Graphcoa Flakes, composta por grafite natural com teor de carbono que pode chegar a 98% e utilizada em indústrias como refratários e metalurgia, onde são usados em moldes e tijolos que suportam altas temperaturas. A Graphcoa Fines Flakes, de grafite natural de alta pureza para atender fabricantes de baterias de íon-lítio, revestimentos e lubrificantes. E a Powders, que são pós de grafite concentrado aplicados em graxas, tintas condutivas, polímeros e aditivos agrícolas.

“Dessa forma, trabalhamos com o material mais grosso, o material médio e os pós de grafite para aplicação diversa, com 19 itens no portfólio. Estamos com bastante entusiasmo, pois existe uma demanda que precisa ser suprida no mercado local”, avaliou Alves.

Ritmo de produção do grafite

A planta na Bahia tem capacidade para 5,5 mil toneladas por ano. Os testes de carga já foram concluídos e a produção está em estágio inicial. “A capacidade plena a gente espera alcançar no segundo trimestre deste ano, mas nós já estamos preparando os primeiros embarques”, disse o executivo.

Com aumento produtivo ano a ano, a expectativa é alcançar 65 mil toneladas por período antes de 2030. “Isso já dobraria a produção de grafite no Brasil e nos colocaria como primeiro ou segundo lugar em produção”, afirmou Alves, ao ressaltar que o ‘time to market’ do grafite é muito específico, diferente de outras commodities. “Se pretendemos vender em 2027, é importante ter o produto em 2025”, explicou. “Não estamos em uma corrida de 100 metros. É uma maratona.”

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