Nasceu com a proposta de ser um digital bank voltado para conquistar os bancarizados ascendentes, avançou para a antecipação de FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) e se transformou em um grupo financeiro referência em crédito. Atraiu a atenção da Reag Investimentos, uma das maiores gestoras do País, que detém 49% do negócio e ajudou a transformá-lo praticamente em um full service bancário. Agora, a financeira brasileira Qista dá outro passo importante em sua história de cinco anos e fecha um acordo com a American Express (Amex) para lançar o primeiro cartão de crédito consignado da companhia americana na América Latina.
Essa é uma das três novidades da Qista neste ano, que devem contribuir para alavancar o faturamento e alcançar R$ 490 milhões, com lucro superior a R$ 50 milhões.
A financeira saiu de um prejuízo de R$ 30 milhões em 2022, revertido no ano seguinte para R$ 2,5 milhões de lucro, até chegar, no ano passado, a R$ 43 milhões no azul. Essa curva de crescimento foi possível graças ao cross-selling na base da Reag. “Mudamos 80% do nosso portfólio de crédito”, disse Leonardo Grapeia, CEO da Qista, ao BRAZIL ECONOMY.
A primeira novidade da Qista este ano é o contrato com a Amex, que acaba de ser fechado, para disponibilizar crédito consignado a servidores públicos. “Um produto tipicamente brasileiro”, comentou o executivo, que negociou por mais de um ano para viabilizar o acordo.
A Amex, que carrega um status premium, se encaixa no perfil do brasileiro, que valoriza algo aspiracional independentemente da classe social, apontou uma pesquisa interna da Qista. Do outro lado, havia a intenção da Amex de ampliar o market share no Brasil. No meio disso, estão 11 milhões de funcionários públicos das esferas federal, estadual e municipal, além dos aposentados e pensionistas. “É um grande potencial”, avaliou Grapeia.
Benefícios corporativos
A segunda novidade da Qista é a entrada da financeira no negócio de benefícios corporativos. O Qista Benefício é um cartão da bandeira Elo, dentro do âmbito do PAT (Programa de Alimentação do Trabalhador). Ele converterá o vale-refeição em acesso a crédito pessoal e ferramentas de gestão financeira — um hub de soluções para o trabalhador.
Segundo Grapeia, como ainda existem muitas dúvidas operacionais em torno do novo produto do consignado privado junto ao e-Trabalhador, a estratégia da financeira é atuar em um ambiente mais controlado. “Não vamos ao mar aberto”, afirmou o CEO.
Primeiro, a operação será dentro da Reag, com a possibilidade de atingir aproximadamente 700 colaboradores. Depois, será estendida a empresas nas quais a Reag tem participação e, em seguida, às que mantêm relacionamento com o grupo, como clientes e fornecedores. São 5 mil funcionários na mira. “Temos como expectativa originar mais de R$ 120 milhões ainda neste ano”, frisou o executivo.
A avaliação da Qista é de que os juros do consignado ainda estão acima da média. Segundo o Banco Central, a taxa do consignado privado caiu para 3,75% no fim de maio, dois meses após o lançamento do programa pelo governo. Porém, o percentual ainda equivale ao dobro do cobrado em operações para servidores públicos e aposentados.
“Há muito risco na operação, pois são várias dúvidas sobre os formatos, especialmente quando houver mudança de operação, portabilidade. Por isso, atuaremos em um ambiente controlado e que conhecemos, atrelado à Reag”, explicou Grapeia.
A conta é relativamente simples: em base aberta, existe maior risco de inadimplência, os limites são menores e os prazos, mais curtos. Em uma base que a Qista conhece, o crédito é mais facilmente aprovado, os riscos são menores, os limites maiores e os prazos mais longos. “Com taxas bem competitivas”, acrescentou o executivo.
Pix Consignado
A terceira novidade da Qista para 2025 é o Pix Consignado. A diferença é simples: em vez de o consumidor comprar um produto no varejo tradicional em 12 vezes no cartão de crédito, poderá pagar pelo Pix Consignado em até 60 vezes, por exemplo, com taxas muito similares. “É um produto que tem sido pouco comentado e que lançaremos no segundo semestre”, disse o CEO.
Neste caso, a Qista optou por navegar no chamado “mar aberto”. E tem um aliado importante para isso: a Bom Pra Crédito, maior marketplace do País para concessão de financiamento direto, com 13 milhões de usuários e mais de R$ 2 bilhões em créditos concedidos. São mais de 70 instituições na plataforma.
“São parceiros estratégicos ou empresas nas quais temos participação, que funcionam como canais de originação”, afirmou Grapeia. “Com isso, temos um trabalho de base muito forte. E agora a gente começa a rampar de fato”, salientou o executivo, ao revelar um ROI (Retorno Sobre Investimento) em torno de 38%. Mas, ressalta, com a maturidade da carteira, o retorno deve ficar entre 20% e 30%. “Temos uma eficiência grande”, concluiu. E essa eficiência está sendo usada para crédito e Pix consignados, além da Qista Benefícios.