Com plataforma FICO, Bradesco cria E-agro e concede R$ 1 bilhão em crédito rural digital

Marketplace do banco brasileiro revoluciona o acesso ao crédito e leva inclusão financeira a pequenos e médios para empreendedores do campo. Americana FICO atua no Brasil principalmente nos setores financeiro e de varejo

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Imagens: Divulgação

José Augusto Gabizo, vice-presidente e diretor-geral da FICO na América Latina

José Augusto Gabizo, vice-presidente e diretor-geral da FICO na América Latina

Em um ano de funcionamento, o E-agro — primeiro marketplace de crédito rural totalmente digital do Brasil, criado pelo Bradesco — concedeu R$ 1 bilhão em financiamentos totalmente online, subsidiados pelo governo federal, para empreendedores do campo. A ferramenta roda a partir da plataforma da FICO (Fair Isaac Corporation), empresa americana de software analítico que avalia dados e gera insights para melhores decisões dos clientes.

O BRAZIL ECONOMY teve acesso com exclusividade ao case de sucesso, vencedor do FICO Decision Awards 2025, na categoria ESG Champion.

Por meio do E-agro — desenvolvido e operado com as capacidades de tomada de decisão da companhia americana de tecnologia —, o banco automatizou processos complexos e ampliou o acesso ao crédito para mais de 500 mil agricultores.

Lançado em 2023, o marketplace do Bradesco automatiza a análise de crédito, a verificação de documentos e a liberação dos recursos, eliminando barreiras no processo de concessão e dispensando a necessidade de visitas presenciais. Com ele, agricultores de pequeno e médio portes podem se cadastrar, solicitar e receber crédito totalmente online, no momento em que precisam.

Desde a criação da plataforma, além de R$ 1 bilhão em crédito, foram movimentados mais de R$ 500 milhões em transações no marketplace, com redução de 70% no tempo de entrega dos contratos e conclusão de 2.000 transações de crédito complexas usando o sistema de decisão da FICO.

“Os agricultores têm um papel muito importante na economia brasileira, e a tecnologia é essencial para apoiar seu crescimento”, afirmou Nadege Saad, head de agronegócio do E-agro.

“Com a FICO, desenvolvemos uma solução digital que torna o crédito mais acessível, acelera as aprovações e viabiliza práticas sustentáveis. Isso vai além de uma inovação financeira — é também uma inovação social e ambiental”, disse a executiva. “Ao conectar o acesso facilitado ao crédito com práticas sustentáveis, não estamos apenas protegendo os recursos naturais — estamos melhorando a qualidade de vida e fortalecendo as comunidades rurais”, completou.

Antes do E-agro, os produtores rurais precisavam se deslocar até agências, cartórios e diversas instituições para acessar crédito, em um processo demorado e incompatível com as demandas e a agilidade requerida pela agricultura moderna.

Com o marketplace, o Bradesco digitalizou toda essa jornada. Os agricultores podem verificar sua elegibilidade ao crédito em tempo real, receber ofertas personalizadas com base em dados comportamentais e agronômicos, enviar documentação socioambiental online e assinar contratos digitalmente. O número de etapas do processo caiu de dezenas para apenas oito. “O Bradesco está trazendo novas ideias e tecnologias para o setor bancário do agronegócio”, disse Nikhil Behl, presidente de software da FICO.

Do bastidor ao protagonismo

Esse é apenas um dos cases da FICO no Brasil, onde atua desde 1989 — a companhia foi criada em 1956. É uma empresa de bastidores que tem relevância no protagonismo de seus clientes.

Globalmente, o faturamento de 2024 — ano fiscal encerrado em setembro — foi de US$ 1,74 bilhão, 13% superior ao período anterior. Neste ano, deve fechar a receita em US$ 2 bilhões, com crescimento de 15%, com contribuição relevante do Brasil nesse resultado, segundo José Augusto Gabizo, vice-presidente e diretor-geral da FICO na América Latina.

“O Brasil e a América Latina estão entre os que mais crescem na companhia. São o país e a região mais representativos”, afirmou o executivo, citando o México como outro mercado em franco desenvolvimento.

Enquanto, nos Estados Unidos — onde nasceu e mantém sua maior operação —, a FICO se destaca pelo score de crédito, no Brasil a companhia atua como plataforma de decisão na avaliação de dados para traçar perfis de comportamento dos consumidores e, assim, ajudar seus clientes a tomar melhores decisões, seja em cobranças, seja na oferta de produtos e serviços.

A tecnologia da FICO está presente na maioria dos grandes bancos e fintechs brasileiras. “No Brasil, utilizamos nossa plataforma em larga escala para operação de cobrança e prevenção à fraude”, frisou Gabizo.

As soluções da companhia indicam o melhor canal para se comunicar com os consumidores — SMS, e-mail, WhatsApp —, o melhor horário (a partir de análises sobre se a pessoa está no trabalho ou em casa, por exemplo) e até sugerem a mensagem mais adequada para uma abordagem mais assertiva. Tudo isso com base no tempo de atraso da pendência, no histórico de relacionamento do cliente com o banco, entre outros fatores.

Além da forte presença no mercado financeiro, a plataforma FICO também é utilizada pelo varejo brasileiro, impulsionando vendas mais frequentes e qualificadas. “Somos muito conhecidos no segmento de bancos, mas temos boa expansão em outros ramos, pela fácil adaptação e adoção da tecnologia”, afirmou o vice-presidente. “A plataforma se aplica praticamente a qualquer indústria.”

Grandes e-commerces utilizam a solução da FICO como motor de otimização de vendas. Se um consumidor coloca um livro no carrinho e não conclui a compra, a partir de seu histórico de consumo e relação com aquele varejo, é possível calcular a probabilidade de aquisição futura do produto.

“Há casos em que o varejo antecipa o envio do livro para o centro de distribuição mais próximo, a fim de adiantar os processos. Recomendamos o envio de um e-mail com desconto de 15% e entrega para o dia seguinte. Com modelos de IA, já sabemos que a compra será efetivada, e tudo já está encaminhado”, exemplificou Gabizo.

Marketplace

Em maio, a FICO lançou, durante seu evento anual, um marketplace B2B para empresas acessarem ferramentas complementares, como ativos de decisão, soluções pré-desenvolvidas e análises para criar soluções de inteligência modernas e de ponta, operacionalizando a IA.

No lançamento global, os primeiros parceiros provedores foram iPacket, LexisNexis, Mitek, Plaid, Prove e SentiLink.

“Se um grande banco criar uma solução de credit as a service, utilizando os componentes da FICO, pode publicá-la no marketplace e um varejista — que não tem estrutura tecnológica e de risco — pode consumir sob demanda. Está tudo pronto”, salientou José Augusto Gabizo.

“Estamos conectando o mercado financeiro e colocando os nossos clientes para serem praticamente parceiros de negócio”, completou o executivo, ao ressaltar que outra novidade da FICO chega ao mercado em setembro: o FLM (Focused Language Model), ou modelo de linguagem pequeno.

Diferentemente do LLM (Large Language Model), que tem conhecimento amplo e genérico — como o utilizado pelo ChatGPT —, o FLM é treinado com foco em áreas específicas.

“Montamos um modelo de IA generativa focado no setor financeiro”, disse o vice-presidente, observando que um cliente poderá revisar estratégias de crédito com base em respostas mais assertivas da tecnologia. O lançamento será global e, em seguida, chegará ao Brasil.

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