A Nespresso acaba de divulgar a nova edição do seu relatório global anual de sustentabilidade, “The Positive Cup”, que detalha os avanços e investimentos realizados entre 2014 e 2024 para transformar o café em uma força de impacto ambiental e social positivo. No período, foram destinados 1,2 bilhão de francos suíços (aproximadamente R$ 8,4 bilhões) a ações que abrangem agricultura regenerativa, circularidade, redução de emissões e desenvolvimento comunitário.
O Brasil se destaca como referência global no Programa AAA da Nespresso, iniciativa criada em 2003 para fomentar a produção sustentável de café. O País concentra o maior número de fazendas inscritas: 992 propriedades certificadas, ocupando mais de 112 mil hectares. Essas fazendas funcionam como laboratórios para testes e implementação de soluções como o biochar — carvão vegetal que melhora a saúde do solo e contribui para o sequestro de carbono.
De acordo com Mariana Marcussi, diretora de Sustentabilidade da Nespresso Brasil, o País tem papel estratégico. “O Brasil é o principal fornecedor global de café verde da Nespresso, com cerca de 30% do volume total, e está entre os dez principais mercados de consumo da marca no mundo”, afirmou a executiva ao BRAZIL ECONOMY.
As práticas sustentáveis também avançaram no campo: entre 2022 e 2024, o Brasil saltou de 84% para 90% de conformidade no nível bronze de práticas regenerativas do programa. Em parceria com a Genesis, organização especializada em classificação de solos, a Nespresso monitora indicadores de saúde do solo em 50 fazendas no Brasil e na Nicarágua. Os dados iniciais mostram que 79% dos solos avaliados estão em boas condições, embora ainda haja desafios como o excesso de nutrientes em algumas áreas.
Desde 2014, a Nespresso já plantou 10 milhões de árvores em paisagens cafeeiras, sendo 9 milhões voltadas à remoção de carbono. Em 2024, a empresa teve suas metas climáticas aprovadas pela Science Based Targets initiative (SBTi) e já evitou a emissão de 286 mil toneladas de CO₂eq, em comparação ao cenário “business as usual”.
As metas para os próximos anos incluem e redução de 50% nas emissões de Escopos 1, 2 e 3 (não-FLAG) até 2030; redução de 75% nas emissões de Escopo 3 FLAG (associadas principalmente ao café verde), ambas em relação a 2018; e emissões líquidas zero até 2050.
Atualmente, 35% das cápsulas da Nespresso são recicladas no mundo, com meta de atingir 60% até 2030, com participação protagonista do Brasil. A empresa também amplia iniciativas de economia circular, como a venda das máquinas RELOVE, recondicionadas profissionalmente e já disponíveis em 21 mercados.
No Brasil, 100% dos consumidores têm acesso a alguma forma de reciclagem, seja por meio de mais de 400 pontos de coleta, seja pela parceria com os Correios, que permite o envio gratuito de cápsulas usadas para o centro de reciclagem em Valinhos (SP). Lá, a borra de café passa por biodigestão, gerando biogás e, posteriormente, biometano e CO₂, fontes de energia renovável. O alumínio é reaproveitado na indústria siderúrgica.
Para empresas, a Nespresso oferece soluções como logística reversa, Recycling Car e parcerias com distribuidores para ampliar a cobertura fora dos grandes centros urbanos.
Parcerias de impacto
Natura Ekos: em 2024, a Nespresso Brasil firmou uma parceria com a Natura para desenvolver embalagens cosméticas com alumínio reciclado das cápsulas de café. As bisnagas da linha Ekos Castanha foram as primeiras a incorporar o material. O projeto inclui coleta dos produtos Natura em todas as 34 boutiques Nespresso e deve ser expandido aos demais pontos de coleta.
Shopping Pátio Paulista: Também em 2024, cápsulas recicladas deram origem a decorações natalinas no Shopping Pátio Paulista. Após as festas, os materiais foram retornados à reciclagem.
Zèta: A marca francesa de moda sustentável Zèta e a Nespresso lançaram o tênis RE:GROUND, feito com borra de café e outros materiais reciclados. O produto é vegano, pet friendly e foi comercializado em edição limitada.
Fortalecimento de comunidades cafeeiras: hoje, o Programa AAA atende 168.550 agricultores em 18 países. Mais de 41 mil deles já têm acesso a mecanismos de resiliência financeira como planos de aposentadoria e seguros climáticos. Até 2030, a Nespresso quer garantir que todos os pequenos produtores de cinco países, incluindo Colômbia, Guatemala e Peru, recebam o Preço de Referência de Renda Digna (LIRP).
No Brasil, a empresa investiu R$ 5 milhões em 2024 para apoiar 130 fazendas na adoção de práticas regenerativas. A iniciativa inclui o uso de biochar, fertilizantes orgânicos e plantas de cobertura. Na primeira fase, 14 fazendas aplicaram 100 toneladas de biochar, removendo 150 toneladas de CO₂ da atmosfera. O time técnico da Nespresso também realizou no ano passado 1.618 visitas agronômicas às fazendas AAA e 1.177 visitas sociais, voltadas à transformação social e produtiva nas comunidades
Apesar da capacidade instalada para processar 100% das cápsulas comercializadas, apenas cerca de 25% do volume retorna à reciclagem. Para aumentar essa taxa, a Nespresso tem intensificado campanhas educativas, parcerias com marcas e ações de engajamento com consumidores.
A Nespresso mantém sua certificação B Corp e já iniciou o processo de recertificação previsto para 2025, buscando superar 90 pontos no índice de impacto B. A marca também foi reconhecida em 2024 como a “Empresa de Café Mais Sustentável” pela World Finance Magazine.