Cinco previsões para o futuro das criptomoedas e stablecoins. Você concorda?

O mercado vai amadurecer. As tecnologias vão evoluir. A regulação vai chegar. Mas só quem estiver preparado e acompanhando de perto essas transformações vai conseguir colher os frutos dessa nova era

Rocelo Lopes*
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Imagens: Divulgação

Rocelo Lopes diz que quanto mais instituições financeiras diversificadas participarem, mais líquido e resiliente será o mercado

Rocelo Lopes diz que quanto mais instituições financeiras diversificadas participarem, mais líquido e resiliente será o mercado

Vivemos um momento decisivo para o mercado financeiro global. Em meio a incertezas econômicas e transformações tecnológicas, as criptomoedas, as stablecoins e a blockchain saem da periferia e caminham para o centro das discussões econômicas mundiais.

Como alguém que acompanha de perto a evolução desse mercado há mais de 15 anos, compartilho aqui cinco previsões que considero fundamentais para entender o que vem por aí.

1 – A ascensão dos RWAs e o nascimento de novas blockchains

Nos próximos cinco anos, vamos assistir a uma explosão de tokens ligados a ativos reais (RWA – Real World Assets). Setores como agro e energia serão protagonistas nesse movimento.

Mas há um ponto crítico: as blockchains atuais ainda não estão prontas para suportar esse volume de demanda. Veremos o surgimento de novas blockchains, com capacidade técnica e regulatória adaptada para esse tipo de tokenização.

Outro tema urgente é a privacidade nas transações. Hoje, me incomoda muito o nível de exposição que temos. A ideia de que alguém pode consultar o saldo e o histórico de transações de outra pessoa é simplesmente inaceitável para um mercado que busca maturidade.

Essa falta de privacidade vai gerar problemas ainda maiores com a entrada dos RWAs. A solução? Tecnologias como as Confidential Transactions, que já rodam, por exemplo, na blockchain Liquid.

2 – Stablecoins: da exceção para a regra

A dolarização informal já é realidade em muitos países emergentes. Um exemplo claro é a Bolívia, onde o USDT já faz parte do dia a dia da população. Esse movimento vai se ampliar.

Mas para que as stablecoins alcancem o próximo nível, precisamos de blockchains que ofereçam privacidade real. Hoje, a Liquid é uma das poucas que permite isso.

Também vejo as transferências internacionais sendo, em breve, quase todas feitas via stablecoins. Imagine um banco digital em Hong Kong enviando USDT diretamente para uma fintech brasileira, com liquidação quase instantânea. Na SmartPay, já estamos trilhando esse caminho com a Truther, nossa solução de autocustódia integrada ao PIX.

Mas tudo isso só vai funcionar plenamente com um marco regulatório claro, que dê segurança jurídica para empresas, bancos e usuários.

3 – Regulação: o equilíbrio entre controle e inovação

A regulação é inevitável. Mas precisa ser inteligente.

Defendo uma abordagem que proteja o usuário, mas que também não mate a inovação, como infelizmente estamos vendo em algumas jurisdições.

Os Estados Unidos, com o GENIUS Act, estão sinalizando positivamente ao mercado. Já a MiCA, na Europa, na minha visão, exige demais de startups e cria barreiras quase intransponíveis para pequenos players.

O Brasil, por sua vez, corre o risco de seguir o caminho europeu: focado apenas em aumentar a arrecadação de impostos, com regras difíceis para quem está começando. Precisamos de um ambiente que permita que as fintechs cresçam, inovem e compitam globalmente.

4 – Adoção institucional: o dinheiro grande já está chegando

Grandes empresas já estão adicionando criptoativos às suas reservas. Isso vai trazer mais estabilidade de preços e reduzir a manipulação de mercado, que ainda é um problema.

Quanto mais instituições financeiras diversificadas participarem, mais líquido e resiliente será o mercado. É uma consequência natural do amadurecimento do setor.

5 – Inovação tecnológica: escalabilidade e usabilidade como desafios imediatos

O mercado ainda é muito cru, especialmente na América Latina.

Interfaces ruins, falta de educação financeira e a complexidade das carteiras de autocustódia continuam afastando novos usuários.

O exemplo mais clássico? A resistência que as pessoas têm em guardar suas 12 ou 24 palavras de recuperação.

Na SmartPay, com a Truther, nosso desafio diário é: como dar o poder da autocustódia ao usuário, mas com uma experiência simples e segura?

Estamos desenvolvendo soluções que garantam a recuperação de fundos em caso de perda, morte ou esquecimento das palavras-chave. Porque de nada adianta criar tecnologia de ponta se ela não for acessível ao usuário comum.

Enfim… Já se passaram 15 anos desde que comecei minha trajetória no mercado cripto, e posso afirmar: a maior revolução financeira da história está só começando.

O mercado vai amadurecer. As tecnologias vão evoluir. A regulação vai chegar. Mas só quem estiver preparado e acompanhando de perto essas transformações vai conseguir colher os frutos dessa nova era.

*Rocelo Lopes é CEO da SmartPay

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