Até 2019, a Merck Sharp & Dohme (MSD) Saúde Animal investia basicamente em vacinas e produtos farmacêuticos. A partir de 2020, o foco voltou-se para aquisições na área de tecnologia — startups e empresas dos segmentos de identificação, monitoramento e rastreabilidade, com o objetivo de estudar o comportamento animal. Desde então, a empresa vem crescendo a passos largos.
Há seis anos, a companhia americana Merck, controladora da MSD, faturou globalmente US$ 39,1 bilhões. A sequência de receitas foi positiva: US$ 41,5 bilhões (2020), US$ 48,7 bilhões (2021), US$ 59,3 bilhões (2022), US$ 60,1 bilhões (2023) e US$ 64,2 bilhões (2024). O Brasil tem contribuído de forma significativa para esse desempenho, com estrutura em 50 países e vendas em 150 mercados. A operação brasileira dobrou seu faturamento de 2019 a 2024, quando a MSD registrou R$ 1,7 bilhão em vendas no país. Para este ano, a meta é alcançar R$ 2 bilhões em receita no Brasil, que já é o segundo maior mercado da companhia no mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.
“Queremos ser reconhecidos como uma empresa pelo uso da tecnologia e pela inteligência de dados para gerar ainda mais insights para a saúde animal — para melhorar o bem-estar e a produtividade dos animais”, afirmou Delair Bolis, presidente da MSD Saúde Animal no Brasil, Paraguai, Uruguai e Bolívia — nesses três últimos países, juntos, o faturamento é de R$ 140 milhões.
O crescimento projetado pela MSD é baseado em inovação. Cerca de 20% do faturamento é investido em pesquisa e desenvolvimento de produtos. “Apostamos muito em uma jornada de pessoas, tecnologia e inovação. Queremos estar cada vez mais próximos do produtor e do tutor”, completou o executivo.
Do lado do produtor rural, a empresa atua com vacinas e produtos de bem-estar voltados para bovinos, aves, suínos e tilápias, com o objetivo de manter a sanidade e a produtividade. O rebanho bovino brasileiro representa cerca de 15% do total mundial. No entanto, na avaliação de Bolis, o país poderia produzir mais proteína e mais leite do que atualmente, mesmo estando entre os maiores produtores globais.

O mesmo ocorre com os pets, segundo ele, outro segmento em que a empresa atua. O Brasil possui a terceira maior população de animais de companhia do mundo, “mas com uma taxa de medicalização baixíssima”. “Apenas 20% dos cães e gatos têm acompanhamento veterinário regular. É uma incoerência”, afirmou o presidente, ao destacar ainda que o Brasil concentra mais de 500 cursos de medicina veterinária, enquanto o restante do mundo soma cerca de 360, segundo o Conselho Federal de Medicina Veterinária (CFMV). “São oportunidades que enxergamos para o setor evoluir.”
O faturamento da MSD é composto por 50% em produtos para ruminantes, 23% para pets, 11% para suínos, 9% para aves, 1% para animais aquáticos e o restante em serviços.
Ao mesmo tempo em que analisa os dados do setor, a MSD investe fortemente em inovação. “No ano passado, aplicamos globalmente quase US$ 20 bilhões em pesquisa, desenvolvimento e aquisições de novas moléculas ou empresas relacionadas ao nosso negócio.”
O planejamento é lançar 57 novos produtos nos próximos quatro anos. “Cerca de 20% do nosso faturamento neste primeiro trimestre veio de produtos lançados há menos de dois anos. E, para ser preciso, 26% do nosso crescimento vêm dessas inovações, que são constantes. Essa é a nossa licença para vencer”, explicou o executivo.
A companhia mantém 26 centros de P&D espalhados por 27 países. No Brasil, possui duas fábricas: uma em Cruzeiro (SP), que produz comprimidos, pomadas e outros produtos para bovinos — principalmente contra endo e ectoparasitas — e outra em Joinville (SC), voltada à tecnologia, que fabrica identificadores visuais e eletrônicos colocados em bezerros ou bois para gerar dados de comportamento e rastreabilidade. Atualmente, são monitoradas 130 mil vacas no país. “A planta paulista abastece 20 países, e a catarinense, 26”, destacou.
Apesar de o Brasil exportar muitos itens, também importa de fábricas da MSD em outros países. “O faturamento local é composto em 80% por produtos importados. É um modelo de negócio diferente”, observou Bolis.
Entre os produtos recém-lançados no Brasil está o Innovax®️ ILT-IBD, vacina que atua contra doença de Marek, doença de Gumboro e doença da Laringotraqueíte Infecciosa em uma única solução.
A MSD também introduziu uma vacina sem agulha para suínos. A aplicação é intradérmica, pois se descobriu que os vasos sanguíneos na derme desses animais estimulam muito mais a produção de anticorpos do que o músculo. Um processo semelhante foi adotado para ruminantes.
“Acreditamos na seguinte fórmula: quem precisa ganhar primeiro é o produtor. Se ele tiver sucesso, a MSD também terá sucesso como consequência”, ressaltou o presidente.
Apesar do foco em inovação, há produtos tradicionais da MSD ainda no mercado, como o Bravecto, que completou 10 anos de vendas no Brasil. Um comprimido protege cães e gatos por até 12 semanas. Agora, o Bravecto 365, recentemente lançado, é a primeira e única solução sistêmica injetável que oferece um ano inteiro de proteção contra pulgas e carrapatos com apenas uma aplicação.
“Entendemos a importância de empoderar o produtor e o tutor, para oferecermos respostas rápidas”, concluiu Bolis.