Lifetime, gestora de grandes fortunas, busca seduzir mais de R$ 100 bilhões até 2028

Empresa cresceu cinco vezes nos últimos cinco anos, chega a R$ 25 bilhões gerenciados e projeta crescimento exponencial nos próximos três períodos a partir de relacionamento intimista com investidores, inclusive com jantares na sede da companhia

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Imagens: Divulgação

Fernando Katsonis, fundador e CEO Lifetime Investimentos

Fernando Katsonis, fundador e CEO Lifetime Investimentos

Quem chega ao 10º andar do edifício corporativo JK Financial Center, na Vila Nova Conceição, em São Paulo, depara-se com uma admirável adega. São 300 rótulos entre vinhos, champanhes e espumantes originários de países como Argentina, França, Portugal, Espanha, Itália, Chile e Alemanha. Argiano Brunello di Montalcino 2016, Dom Pérignon 2013, Yacochuya 2016 e Domaine de La Noblaie Chinon 2005 são algumas das garrafas devidamente acomodadas no local. Mais alguns passos, e revela-se uma ampla sala de jantar, com modernas luminárias e confortáveis cadeiras, envidraçada com vista para o bairro que, além de charmoso, é um dos principais centros financeiros do Brasil. O design interior remete a um restaurante sofisticado, mas trata-se da sede da Lifetime Investimentos, que utiliza seu espaço para agregar valor à relação com seus clientes e se aproximar cada vez mais deles, o que eleva a conexão da empresa com os investidores. “Queremos que nossos clientes se sintam em casa”, disse o fundador e CEO da Lifetime, Fernando Katsonis, ao BRAZIL ECONOMY.

Esse é o conceito de negócio da companhia desde sua fundação, em 2011. Até 2020, manteve parceria com a XP Investimentos, mas a corretora partiu para uma linha de varejo e ganho de escala que não fazia parte do DNA da Lifetime. Foi então que Katsonis iniciou as conversas para ter o BTG Pactual como sócio, mas mantendo a independência e o controle da operação. “Fechamos o acordo em um mês”, afirmou o executivo.

A mudança preservou o modelo personalizado da Lifetime ao mesmo tempo em que possibilitou a ampliação da base e dos ativos sob gestão. O volume administrado saiu de R$ 4,6 bilhões em 2019 para R$ 9 bilhões em 2022. Neste ano, já são R$ 25 bilhões administrados pela Lifetime, que planeja um crescimento ainda mais acentuado nos próximos três anos.

“O plano é chegar a R$ 100 bilhões até 2028”, projetou Katsonis, que hoje possui 11 escritórios espalhados pelo país — cada um deles com um cardápio de chás e cafés locais para serem degustados pelos clientes, na esteira do atendimento próximo da Lifetime.

O desenvolvimento desses ativos será majoritariamente dentro da própria base, segundo o CEO, embasado por alguns números. A companhia tem NPS (Net Promoter Score) de 92. Isso significa que, com esse indicador de lealdade e satisfação dos clientes, 92 a cada 100 recomendam a empresa, seus serviços e produtos.

Outro dado ressaltado pelo executivo é que, em média, 65% da carteira de cada cliente está com a Lifetime. Ou seja, ainda existem 35% do patrimônio deles com potencial de serem absorvidos pela companhia. “Temos um espaço importante para crescer nesse portfólio”, salientou o fundador, considerando que a empresa tem uma grade completa a ser oferecida, entre asset management, planejamento patrimonial, family office, corporate, câmbio e investment banking.

Programa de experiências

Para se aproximar ainda mais dos clientes, a Lifetime lançou o primeiro programa de experiências de uma gestora de patrimônio do Brasil. Para Fernando Katsonis, a iniciativa reforça o compromisso da empresa em oferecer um atendimento único e personalizado, que vai além da gestão de ativos. “Geramos valor aos clientes, que ficam cada vez mais próximos de nós.”

O programa atende os clientes mais exclusivos do Multi Family Office, que contam com acesso a experiências únicas com 13 marcas de luxo parceiras, alinhadas ao estilo de vida dos investidores de alta renda da Lifetime.

Estão entre as parceiras a Audi Faria Lima, Felipe de Almeida (designer de interiores), Aigai SPA, Vista Alegre (casa e decoração), APTK (bebidas), Hotel Unique, Unique Garden, Avantto (aeronaves), Mistral (vinhos), Silvia Furmanovich (joias), Teresa Perez (viagens), Guerreiro Alfaiataria e Moët Hennessy (bebidas).

Ao ingressar no programa, os investidores têm acesso a uma série de experiências especiais, que incluem desde serviços sob medida até convites para eventos privativos, acesso antecipado a coleções e experiências tailor-made. A intenção é entregar valor não só financeiro, mas emocional e sensorial.

Outra iniciativa de relacionamento diferenciada com os clientes é a Lifetime W, em que a gestora disponibiliza suas especialistas mulheres para atender investidoras. “A intenção é uma consultoria de quem tenha vivência e experiências mais parecidas, e que consiga entender o que elas precisam em cada fase da vida”, disse Mayra Carbone, idealizadora dessa linha de negócio e diretora de marketing e parcerias da Lifetime.

Análise de mercado

Com uma relação diferenciada junto a seus clientes, o que a Lifetime tem pensado sobre o atual momento da economia brasileira? Segundo Fernando Katsonis, “o mercado hoje está saindo de uma fase difícil”.

O executivo cita que a incerteza permeou os últimos dois anos, culminando com a entrada do atual governo, e o investidor “se colocou em compasso de espera”. “Isso significa menos geração de negócios.”

Outro fator para esse movimento de desaceleração no capital privado é o juro alto, atualmente com Selic de 14,75% ao ano.

Ainda assim, a Lifetime seguiu crescendo, com perspectiva positiva daqui para frente. “Começamos a ver um movimento em que o investidor cansou de esperar, não tem mais como ficar parado. Já vimos que o mundo não vai acabar, porque muito se fala e pouco acontece.”

O CEO da Lifetime avalia ainda que “é possível montar uma carteira incrível” para o período dos próximos 5 a 10 anos. “Hoje temos olhado muito para renda fixa alongada, com um pouco mais de duration, com mais prazos de vencimento desses ativos. E a renda variável começa a dar as caras”, disse. “O investidor vai ter de sair do CDI e tomar um pouco mais de risco, ser um pouco mais agressivo.”

Outra possibilidade de variação de portfólio está no investimento internacional, especialmente em renda fixa americana.

“Nesses últimos dois anos, de fato, essa linha ganhou bastante relevância, bastante tração. Hoje temos quase 20% do portfólio dos nossos clientes no offshore. Dois anos atrás eram 5%”, concluiu Katsonis, ao falar de investimentos com a mesma propriedade e proximidade com que fala com os clientes sobre vinhos e chás nos almoços e jantares na sede da gestora em São Paulo.

O menu da Lifetime está na mesa.

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