Em meio à arrancada das ações de construtoras na bolsa, a Plano&Plano começa a atrair atenção renovada dos investidores. Após quase dobrar de valor em 2025, os papéis da companhia (PLPL3) ainda são vistos com espaço para valorização. É o que aponta relatório recente do Itaú BBA, que projeta um potencial de alta de cerca de 20% — mesmo após o expressivo desempenho recente.
Na avaliação da equipe de Real Estate do banco, liderada por Daniel Gasparete, a construtora está sendo negociada com múltiplos mais descontados em relação aos seus pares do segmento de baixa renda. O preço sobre lucro (P/L) projetado para o ano é de 6,9 vezes — 20% abaixo de nomes como Cury e Direcional. Para 2026, esse múltiplo recua para 5,6 vezes, com dividend yield estimado em 7%.
“CURY e DIRR se beneficiaram da preferência dos investidores e da maior liquidez, enquanto a PLPL ficou em segundo plano. Mas o fluxo pode começar a mudar”, escreveram os analistas, que veem a Plano&Plano como a próxima aposta de fundos com menor restrição de liquidez.
A recomendação de compra para os papéis da PLPL vem acompanhada de um preço-alvo de R$ 18,60 — frente aos R$ 15,72 registrados na abertura do pregão de 4 de junho. O movimento positivo da ação, que acumula alta de 89,8% no ano e 77,2% em 12 meses, é sustentado por fundamentos que vão além do desempenho no mercado acionário.
Após reunião com a alta direção da empresa, os analistas do Itaú BBA destacaram a confiança da administração no potencial de longo prazo do setor de baixa renda. Mesmo com o aumento expressivo de lançamentos nos últimos dois anos, a companhia vê uma demanda ainda sólida, especialmente dentro do programa Minha Casa, Minha Vida (MCMV), nas faixas 1 e 2 — foco da sua operação e menos concorridas em São Paulo.
A meta da construtora é ambiciosa: ultrapassar os R$ 4 bilhões em Valor Geral de Vendas (VGV) em 2025, com crescimento anual de aproximadamente R$ 800 milhões até alcançar um patamar de R$ 7 a R$ 8 bilhões. A estratégia passa por maior consistência nas entregas e diversificação de projetos, com foco também em terrenos de maior porte — uma jogada que pode acelerar vendas ao agregar diferenciais de produto.
Mas nem tudo é simples nesse processo. A aposta em projetos maiores, ainda que com bom potencial, expõe a companhia a um desafio considerável: a morosidade dos processos de aprovação junto à prefeitura de São Paulo.
“Esse é um gargalo comum ao setor, mas que pode impactar mais a PLPL por conta do foco em empreendimentos de maior escala, que naturalmente enfrentam prazos mais longos para aprovação”, alertam os analistas.
Apesar disso, o BBA reforça sua confiança na capacidade da construtora de entregar o crescimento prometido. Três fatores sustentam esse otimismo: o aumento no quadro de funcionários para enfrentar a escassez de mão de obra, a expansão expressiva do banco de terrenos — que saltou de R$ 13,3 bilhões no 1T24 para R$ 31,2 bilhões no 1T25 — e a padronização dos projetos, que reduz a complexidade na execução das obras.
Outra frente que pode movimentar o futuro da Plano&Plano é a diversificação geográfica. Embora ainda não esteja incorporada aos planos formais de VGV, a expansão para outras regiões é vista como uma oportunidade de médio prazo. Segundo a administração, qualquer movimento nesse sentido será feito de forma disciplinada, com foco em mercados que ofereçam escala e se adequem ao modelo operacional da companhia.
“Essa abordagem seletiva é positiva, pois reduz riscos e preserva a eficiência operacional, algo essencial para o sucesso da estratégia de longo prazo”, conclui o time do Itaú BBA.
