R$ 25 bilhões na mesa: os planos da Ouro Preto para dobrar de tamanho em 2025

Com uma “fábrica de FIDCs” e a mira em setores carentes de crédito, a gestora avança na securitização de recebíveis para surfar a maior onda da história

Bruna Magatti
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Imagens: Divulgação

João Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto, diz que há uma janela de cinco anos em que o mercado vai crescer de forma acelerada

João Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto, diz que há uma janela de cinco anos em que o mercado vai crescer de forma acelerada

O mercado de FIDCs vive um dos momentos mais promissores da sua história no Brasil. Impulsionados pela alta da Selic — que está em 14,75% ao ano — e pela crescente dificuldade das empresas em acessar crédito tradicional, esses fundos deixaram de ser uma solução de nicho para se consolidar como uma das principais engrenagens do sistema financeiro. E quem está atento a esse movimento já se prepara para capturar uma fatia relevante desse mercado bilionário.

A Ouro Preto Investimentos é um exemplo. A gestora, que administra atualmente pouco mais de R$ 12 bilhões, tem planos ousados: dobrar seu volume de ativos e alcançar R$ 25 bilhões até o final de 2025. Para isso, aposta em um modelo agressivo de expansão — uma verdadeira “fábrica de FIDCs”. A previsão é lançar 200 novos fundos ao longo do ano, dos quais 40 já estão em desenvolvimento.

“Temos uma janela de cinco anos em que o mercado vai crescer de forma acelerada. Quem estiver bem posicionado agora, vai surfar essa onda por muito tempo”, afirma João Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto.

A explosão dos FIDCs não é um movimento isolado. A classe de fundos bateu recordes em 2024, com uma captação líquida de R$ 126,1 bilhões e ultrapassou a marca de 3.022 fundos ativos no país. E não deve parar por aí. A projeção da própria Ouro Preto é que o setor alcance um patrimônio líquido de R$ 2,1 trilhões até 2029 — quase o dobro do que movimenta hoje.

Esse crescimento responde a um problema estrutural: o custo do crédito no Brasil voltou a escalar. Setores como indústria, construção civil, transporte, varejo e agronegócio, que dependem fortemente de financiamento para girar seus negócios, passaram a buscar alternativas fora dos grandes bancos.

Nesse cenário, os FIDCs — fundos de investimento em direitos creditórios — ganham protagonismo ao permitir que empresas antecipem recebíveis de forma estruturada, com menos burocracia e, muitas vezes, taxas mais competitivas do que o crédito bancário.

“Os FIDCs estão se tornando uma opção cada vez mais relevante para empresas de diferentes portes, pois oferecem flexibilidade, segurança e rentabilidade nas operações”, explica Peixoto.

Crédito no centro da transformação

A tendência não é por acaso. Hoje, os recebíveis comerciais somam aproximadamente R$ 1,2 trilhão nas carteiras de crédito dos bancos. Desse total, quase metade — 47% — já está dentro de estruturas de FIDCs, segundo dados do mercado.

É um movimento que redesenha a lógica do crédito no Brasil. A securitização de recebíveis, que por muito tempo foi restrita a poucos players e operações específicas, se tornou uma peça central no financiamento da economia real.

Na prática, isso significa que empresas conseguem transformar suas vendas a prazo em liquidez imediata, enquanto investidores acessam ativos com rentabilidade atrativa e riscos controlados.

De um lado, companhias de todos os portes encontram nos FIDCs uma válvula de escape diante dos juros altos. Do outro, investidores institucionais e de alta renda enxergam nesses fundos uma alternativa robusta para diversificar portfólios, com retornos superiores aos da renda fixa tradicional.

A estratégia da Ouro Preto

Para capturar esse movimento, a Ouro Preto está acelerando sua capacidade de estruturar novos fundos. A gestora montou uma operação dedicada exclusivamente à criação de FIDCs, com times especializados em originação, estruturação jurídica, análise de crédito e distribuição.

“O desafio não é só crescer, mas crescer com qualidade. Estamos muito focados em escolher boas carteiras de recebíveis, diversificar os setores e criar fundos que sejam eficientes tanto para quem precisa de crédito quanto para quem quer investir”, diz Peixoto.

Se der certo, a gestora não apenas dobrará de tamanho, como se posicionará entre os maiores players desse mercado — que promete ser um dos motores do sistema financeiro brasileiro nos próximos anos.

 

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