Por trás da Skyler, uma das maiores redes de franquias de moda masculina do Norte e Nordeste, com 65 lojas espalhadas por 13 estados e um faturamento que ultrapassa os R$ 70 milhões anuais, está uma história que começa bem longe das vitrines. Mais precisamente nos quintais de casas americanas, onde Emilio Guerra, então estudante, cortava grama e limpava neve para custear seu intercâmbio.
“Aprendi mais do que o idioma. Aprendi a me virar, a ser resiliente e a enxergar oportunidades”, relembra Guerra, hoje CEO da marca que se tornou referência em vestir o homem moderno fora do eixo Rio-São Paulo.
A veia empreendedora apareceu cedo. Ainda no ensino médio, Emilio montou um pequeno negócio de sonorização de festas. Depois, conciliou a faculdade de Direito com atividades como corretor de imóveis e representante comercial. Mas foi trabalhando em uma empresa de camisaria masculina — especializada em private label — que descobriu a paixão pelo universo das marcas. “Ali eu entendi o quanto uma marca pode ser poderosa. Ela tem propósito, gera conexão e diferenciação”, conta.
O embrião da Skyler surgiu em 1997, em meio a um cenário pouco favorável. O mercado de multimarcas vivia uma guerra de preços e alta inadimplência. Para piorar, uma das empresas que ele representava quebrou, obrigando Emilio e seu pai, Antonio Silva Guerra — até hoje seu sócio e grande incentivador —, a criar uma estrutura própria de atacado no Ceará.
Foi nesse contexto que o empreendedor percebeu uma lacuna clara: faltava uma marca que oferecesse moda masculina com qualidade, estilo e preço acessível. A ideia de criar a própria marca ganhou força após uma palestra sobre marketing e varejo. “Ao folhear um livro do Marcos Gouvêa de Souza, entendi de vez que meu caminho era construir uma marca própria”, lembra.
O nome Skyler, aliás, é carregado de significado. É uma homenagem ao filho recém-nascido de sua família anfitriã nos Estados Unidos — laço que ele mantém até hoje.
A aposta que virou o jogo
Os primeiros anos foram de muito suor e pouco retorno. As três primeiras lojas mal pagavam as contas. A grande virada veio com uma aposta ousada: abrir a primeira unidade em um shopping center. Sem capital suficiente, recorreu à ajuda de duas tias e concluiu a obra em tempo recorde.
“Essa loja vendeu mais do que as outras três juntas. Ali eu tive a certeza de que estava no caminho certo”, conta.
De lá para cá, a Skyler consolidou um modelo de negócios calcado na proximidade com o cliente e na proposta de lifewear — roupas pensadas para acompanhar os diferentes momentos do dia a dia masculino. As linhas vão do everyday, com peças básicas e versáteis, passando pelo casual, business e weekend, até chegar à linha premium, que aposta em tecidos nobres como algodão pima e alfaiataria em malha.
A cada coleção, são mais de 400 novos produtos, mantendo o mix sempre atualizado e alinhado às tendências de mercado.
Tecnologia, gente e expansão
Se a Skyler nasceu de uma necessidade, hoje ela cresce movida por estratégia. A empresa vem investindo pesado em tecnologia, como a implantação do sistema RFID, que automatiza processos de estoque, inventário e checkout, além de acelerar a operação das lojas.
Outro pilar é a capacitação. A marca criou uma Universidade Corporativa, que oferece treinamento contínuo e padronização dos processos — uma peça-chave para garantir a qualidade da operação, especialmente nas franquias localizadas fora dos grandes centros.
O plano de expansão é ambicioso: chegar a 100 lojas nos próximos três anos. O foco está em cidades do interior e regiões onde o agronegócio impulsiona a economia — territórios onde a Skyler tem colhido resultados robustos. Além disso, a estratégia inclui converter multimarcas e franquias de outras redes, oferecendo aos novos franqueados um ecossistema completo que vai de marketing a gestão de produto.
“Nosso negócio vai além da roupa. É sobre gerar valor, satisfação e desenvolvimento nas cidades onde atuamos. Colocar pessoas no centro sempre foi e continuará sendo nosso maior compromisso”, reforça Emilio.
Se há algo que a história de Emilio Guerra ensina, é que grandes negócios, muitas vezes, começam com um simples trabalho de cortar grama — e uma enorme vontade de fazer diferente.