St Marche usa dados e IA para reduzir desperdício de alimentos e aumentar vendas

Rede de mercados premium prevê dobrar de tamanho e, para isso, uma das ações é melhorar a operação de frutas, legumes e verduras. Tecnologia é a aliada principal

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Imagens: Divulgação

St Marche

Funcionários do St Marche usam tablets com a plataforma da Aravita

Bernardo Ouro Preto tem um plano: dobrar o tamanho do Grupo Marche, do qual é CEO, nos próximos cinco anos. A estrutura passaria para cerca de 60 lojas – hoje são 31 unidades do mercado premium St Marche e duas do Empório Santa Maria, o Estado de São Paulo – e alcançar um faturamento de R$ 2,8 bilhões. Em 2023, registrou receita de R$ 1,1 bilhão e ano passado perto de R$ 1,4 bilhão. Entre medidas adotadas para incrementar as vendas e reverter prejuízos dos últimos períodos, a rede aposta em análise de dados e Inteligência Artificial.

Nessa jornada, o St Marche tem como parceira a startup Aravitas, que nasceu há quase três anos para resolver o problema de ineficiência da cadeia de alimentos, a qual gera desperdício de US$ 1 trilhão por ano, segundo relatório da ONU (Organização das Nações Unidas). Com a ideia na cabeça e rabiscando os primeiros passos da startup, Marco Perlman (CEO), Aline Azevedo (CPO) e Bruno Schrappe (CTO) estavam em busca de investidores e de parceiros de negócios para validar as teses de eficiência e sustentabilidade no combate ao desperdício e aumento de disponibilidade de produtos frescos. 

Para obter uma injeção de recursos, encontraram a Qualcomm Ventures e a 17Sigma, estabelecida pelo fundador e CEO da Ualá, Pierpaolo Barbieri. Os outros investidores institucionais foram a Bridge, DGF Investimentos, Alexia Ventures, BigBets e Norte Capital. Dentre os investidores anjos estão Bernardo Lustosa, sócio e CEO da ClearSale, e Flávio Jansen, ex-CEO da LocaWeb e do Submarino. Para colocar em prática o trabalho e mergulhar no operacional, encontraram o St Marche. “Quando a gente consegue unir um propósito social com um propósito financeiro, as coisas se alinham”, disse Eliane Nascimento, diretora de supply chain do St Marche.

De fato, se alinharam. Os testes começam em quatro lojas, em diferentes pontos da capital paulista, com públicos diversificados. Desde o fim do ano passado está em todas as unidades da rede. E os resultados apareceram. A solução reduziu entre 20% e 25% o desperdício de frutas, verduras e legumes, diminuiu a ruptura de abastecimento em 30% e o modelo de recomendação de compra foi utilizado em 80% das decisões das lojas.

Como funciona tecnologia da startup

São usados dados como histórico de vendas, clima e indicadores econômicos para fazer previsões de demanda e simular cenários de abastecimento. O algoritmo preditivo da Aravita ainda identifica e calcula rupturas para metrificar vendas não realizadas por conta de falta de produto.

Substituiu a simples avaliação de estoque. Antes, a maneira tradicional de saber se havia um produto disponível ou não para o cliente era verificar o estoque. Com a solução de dados e IA, há outras formas. Como avaliar os tíquetes de compra dos clientes. Como são milhares, a tecnologia dá conta. E para ter resultados mais assertivos, é bom que sejam muitos mesmo.

Há produtos que os consumidores compram em conjunto. Em pares. São os itens casados. Talvez nada mais convencional do que cebola e alho, quando se trata de hortifruti, por exemplo. Ao analisar as notas fiscais de compra, a ferramenta aponta se há reincidências de compra de cebola sem alho. Nessa caso, é possível que o item esteja indisponível na base. Ou seja, vendas estão sendo perdidas. “Identificamos de uma maneira bastante precisa o que que o cliente deixou de comprar. E isso vale dinheiro”, disse Marco Perlman, CEO da Aravita. “Os resultados são excessos ‘desnecessários’ de estoque e redução de vendas perdidas.

Outro case que mostra a capacidade da solução utilizada pelo St Marche é do morango. A fruta é comercializada em embalagens de 250g, 400g e 900g. Antes da análise dos dados, havia esforço para manter essas três quantidades na prateleira à disposição dos clientes. Mas verificou-se que na falta de uma quantidade – ou de duas mesmo –, o consumidor comprava o produto independentemente do peso disponível. “Quando fazíamos a previsão de venda de cada caixa separadamente, a acuracidade não era a mesma. A previsão de todos os pesos agregados gerava mais acertos. Vimos que, nesse caso, as pessoas compram por grupo de produto, independentemente de tamanho”, explicou Aline Azevedo, CTO da startup.

Com tablets, mais previsibilidade e melhores decisões

Tudo isso é feito com uma interface intuitiva do sistema da Aravita, acessível em tablets usados pelos funcionários das lojas. Os colaboradores têm acesso a todas as variáveis importantes para a tomada de decisão. O sistema faz recomendações de compras junto aos fornecedores de forma rápida e instintiva. Sendo 8 a cada 10 delas aceitas pelos tomadores de decisão. São cerca de 1 mil SKUs da rede St Marche analisados pela solução online. “A medida em que as coisas se tornam mais previsíveis e mais transparentes, as decisões se tornam melhores”, frisou Perlman. 

Eliane Nascimento, diretora do St Marche, tem comemorado o desempenho. “Melhorou o dia a dia da loja, melhorou a eficiência e melhorou o resultado. De fato, estamos capturando benefícios financeiros e operacionais”, discorreu a executivo. “Tem gerado lucro diante do nosso investimento em um curto espaço de tempo”, completou, ao ressaltar o plano de mudança na gestão logística “bem estruturado, envolvendo a companhia inteira, desde a área de tecnologia, passando pelas áreas comercial e de operação”.

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