Serviços financeiros: “É hora de escalonar a governança responsável”, diz líder da EY

IA e Data para soluções a banco, fintechs e seguradoras têm sido as que mais crescem na operação brasileira de líder global em auditoria, impostos, transações e consultoria, que fatura R$ 3 bilhões no Brasil e US$ 49,4 bilhões no mundo

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Imagens: Divulgação

Telma Luchetta, sócia-líder de IA e Data para Serviços Financeiros da EY na América Latina

Telma Luchetta, sócia-líder de IA e Data para Serviços Financeiros da EY na América Latina

Quando comparado a outros países da América Latina, o grau de maturidade das instituições financeiras do Brasil é representativo e mais elevado. Quando colocamos na métrica dos Estados Unidos, Europa e Ásia, as tecnologias envolvidas em serviços de bancos, fintechs, seguradoras e cooperativas em território verde-amarelo não ficam para trás. A régua elevada da sofisticação bancária, adquirida após momentos de muito estresse e desafios no setor, criou resiliência e abriu perspectivas para avanços. Vieram o Open Finance, o Pix e o Drex. Junto com eles, a Inteligência Artificial.

Qual é o atual momento e como as instituições estão se preparando para tudo isso? “Agora, estamos numa fase de implementar e escalonar a governança responsável. É o tema que está em evidência”, disse ao BRAZIL ECONOMY Telma Luchetta, sócia-líder de IA e Data para Serviços Financeiros da EY na América Latina.

O setor comandado pela executiva, formada em Estatística pela Unicamp, com mais de 25 anos de experiência no mercado financeiro, é um dos que mais se desenvolveram na EY Brasil nos últimos anos. Ele tem contribuído com a receita que deve ultrapassar a casa dos R$ 3 bilhões no ano fiscal da companhia, que se encerra em junho. No período anterior, a empresa bateu R$ 2,9 bilhões, 17% a mais que em 2022. Globalmente, a líder em auditoria, impostos, transações e consultoria registrou receita de US$ 49,4 bilhões.

Nesse segmento dentro da EY, o Brasil representa 80% da região. “Estamos ganhando cada vez mais robustez. Inclusive, incorporamos o México, e a operação que antes era da América do Sul virou América Latina”, afirmou.

Segundo Telma, os bancos brasileiros – inclusive os públicos – e outras empresas que orbitam esse ecossistema estão “realmente bastante antenados e sendo até pioneiros em algumas agendas”.

Um dos exemplos é o Banco do Brasil, que virou tema de apresentações da EY em outros mercados pelo mundo. A instituição sofisticou sua atuação em tecnologia e implementou IA em todas as pontas de seus processos. “Poucos bancos no mundo conseguiram implementar, na prática, essa tecnologia desde o pré-ciclo (contratação da solução) até o ciclo de vida (de produtos e serviços)”, afirmou a líder da EY.

A IA foi aplicada e testada nos mais diversos pontos da operação do Banco do Brasil. Foram definidos os riscos associados à sua implementação, em cada uma das teses, com confrontos de melhores práticas a serem adotadas, testes com multiagentes de IA e outras provas para verificar até que ponto os modelos poderiam ser enviesados ou falhar.

O book criado pela EY possui mais de 600 páginas, com conceitos, metodologias, padrões e políticas adotadas nas soluções. A intenção é propor e garantir a implementação e o uso da IA de forma responsável. As atividades da EY foram desenvolvidas em parceria com a IBM, a partir da ferramenta watsonx.governance para IA e o IBM Knowledge Catalog + Cloud Pak for Data para dados.

Pelo lado da IBM, a oferta inclui uma camada de supervisão contínua sobre os modelos de IA, com recursos para configurar métricas personalizadas, rastrear versões e gerar alertas proativos diante de desvios de performance ou conformidade.

Pelo lado da EY – com seus GenAI LifeCycle e o Continuous AI Monitoring –, o Banco do Brasil obteve um fluxo estruturado, responsável e seguro para a implementação de soluções de IA em larga escala. Com critérios de segurança, confiabilidade, capacidade técnica e alinhamento ético.

A complexidade e a profundidade das experiências podem ser medidas por um dos exemplos apontados pela executiva da EY. Se um cliente vai pedir o cancelamento de um produto, é possível mensurar algum risco de embriaguez ou de ingestão de substância tóxica. Obviamente, a IA não faz a pergunta direta, mas conduz os questionamentos de maneira a perceber alterações no padrão de comportamento.

Depois de todas as provas, um comitê multidisciplinar dentro da organização avalia e autoriza as soluções.

“Nessa e em outras situações, confrontamos gaps ou vulnerabilidades nos processos e nos sistemas no uso da tecnologia. Porque, uma vez que qualquer ferramenta é colocada para o cliente, o risco de reputação é muito alto”, explicou Telma, ao ressaltar que, depois de tudo, ainda há monitoramento contínuo.

“Temos 600 modelos que já foram implementados nessa solução que criamos, e que já impactaram mais de 80 milhões de clientes. É robusto, um caso realmente emblemático”, afirmou a especialista, ao destacar que a EY atuou com seus serviços também em outras instituições menores, mas a escala conquistada com o Banco do Brasil tornou esse o primeiro caso de uso global da companhia – considerada uma das Big Four do setor de auditoria (as outras são Deloitte, KPMG e PwC).

Outras demandas

O case do Banco do Brasil mostra a capacidade da prestação de serviços da EY. Mas há demandas menos complexas junto a instituições financeiras, de pagamentos, seguradoras e cooperativas atendidas pela companhia.

“A modernização de sistemas e ambientes é um tema muito importante, porque a infraestrutura dos bancos mais tradicionais ainda é antiga”, frisou.

No mesmo momento em que há uma estratégia para redução de custos, as empresas bancárias atuam para conseguir utilizar toda a potência que a tecnologia pode oferecer. E enfrentam outro desafio: “Ciclos cada vez mais curtos para novas tecnologias”, disse Telma.

Processos e soluções têm melhorado sistematicamente. Existem instituições que ainda estão preocupadas com o back office, outras que aprofundam experimentos em áreas de novos negócios e algumas que estão num processo de disseminação de IA de fato.

“Temos trabalhado cada vez mais com a integração de outras áreas, tanto da EY quanto dos clientes. Assim, pensamos na resolução dos problemas de negócio aplicando e usando a tecnologia como suporte”, acrescentou Telma.

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