O cenário empresarial brasileiro voltou a acender o sinal de alerta em março. Segundo dados da Serasa Experian, o terceiro mês de 2025 bateu o recorde do ano em pedidos de recuperação judicial: foram 187 requerimentos protocolados, um avanço de 2,2% em relação ao mesmo período de 2024. O dado faz parte do Indicador de Falências e Recuperação Judicial da maior datatech do país.
A maior parte dos pedidos veio das micro e pequenas empresas, que somaram 140 dos 187 casos — um reflexo direto do aperto financeiro enfrentado por esse grupo.
“O crescimento nos pedidos de recuperação judicial em março reflete o impacto acumulado de fatores como o alto custo do crédito e o aperto no fluxo de caixa das empresas, especialmente entre as pequenas e médias”, analisa Camila Abdelmalack, economista da Serasa Experian.
Quando o recorte é feito por setor da economia, o setor Primário lidera em número de recuperações judiciais, seguido por Serviços, Comércio e, por fim, Indústria.
As grandes empresas, por sua vez, tiveram participação tímida no levantamento — um sinal de que os maiores grupos corporativos, apesar dos desafios, seguem com maior fôlego financeiro para lidar com adversidades.
Falências também voltam a subir
Além das recuperações judiciais, os pedidos de falência também voltaram a crescer. Em março, foram registrados 60 pedidos, um salto de 13,2% na comparação anual.
Mais uma vez, as micro e pequenas empresas foram as mais afetadas, respondendo por 32 dos pedidos. As médias empresas vieram em seguida, com 16 solicitações, enquanto as grandes somaram 12.
O setor Industrial liderou os pedidos de falência no mês, com 25 registros, seguido de Serviços (21) e Comércio (14). O setor Primário, por outro lado, não teve nenhuma solicitação registrada.
Risco sob pressão
O levantamento reforça a vulnerabilidade de negócios de menor porte, que seguem enfrentando obstáculos para manter as contas em dia em um ambiente ainda marcado por juros altos, crédito restrito e demanda volátil.
A expectativa para os próximos meses dependerá, sobretudo, de fatores como a política monetária, condições de financiamento e a recuperação gradual da atividade econômica.