Um restaurante inspirado no universo dos icônicos motéis americanos de beira de estrada, cheios de nostalgia — com direito até a saleiros e cinzeiros retrô nas mesas. Este é o novo espaço da chef Renata Vanzetto, que abriu no dia 15 de abril e substitui o espaço do Ema — sucesso de mais de uma década na cena paulistana, fechado recentemente. O Motel nasce do desejo de Renata em embarcar em novos desafios e formatos. “O Ema era lindo, mas, com o tempo, comecei a sentir que ele já não me representava 100%. Tinha coisa ali que me incomodava, sabe? Desde o fato de ser um menu degustação, coisa que hoje em dia não me agrada mais. Não curto mais restaurantes nesse modelo. Começou a ficar careta demais. Eu queria algo mais ousado, divertido, com pegada provocativa. Aí nasceu o Motel — como um grito de liberdade criativa mesmo”, conta.
A primeira coisa a saber? No Motel, a brasa será protagonista do cardápio, com 90% dos pratos sendo iniciados ou finalizados na churrasqueira. A história por trás dessa ideia é, no mínimo, curiosa. Renata conta que Cassiano, seu marido, é o pior churrasqueiro do mundo e, por isso, há alguns anos, é ela quem toma a frente dos churrascos na casa de praia. Não demorou para Renata se apaixonar pela parrilla e por um novo jeito de cozinhar. Foi durante um desses eventos, inclusive, que surgiu a ideia do nome do restaurante — uma brincadeira com cozinha de fogo, cozinha quente… cozinha de Motel!
O cardápio leva a veia autoral da chef ao encontro de clássicos notórios dos anos 80 e 90. São pratos de alma vintage, até “meio bregas”, como Renata mesma descreve. Pense em coquetel de camarão, “fritas”, salmão gravlax, bacalhau à Brás, salada de batatas, presunto cru com melão, manjubinhas e sobremesas que fizeram história na cena paulistana, como a versão moderninha do Chocolamour, da dupla Romeu e Julieta, além de interpretações do pudim de leite e do merengue. Para além dos kitsch saborosos e bem executados, Renata promete apresentações inéditas, tendo o fogo no centro da receita. Entre os destaques estão o alho-poró na brasa com lardo, polvilho e caldo de porco, e ainda as ervilhas-tortas com coalhada seca de ovelha. O menu alinha-se à hoje onipresente tendência dos pratinhos para dividir — embora algumas receitas, em tamanho maior, funcionem bem como prato individual.
A ambientação do restaurante pega carona no nome inusitado da casa. Os clássicos motéis de beira de estrada norte-americanos, parada de viajantes, inspiram o projeto de interiores e toda a identidade visual. E, dessa forma, Renata e Cassiano, que hoje também trabalham no Grupo Eme, elaboram o real significado da palavra “Motel”, que une “motor + hotel”. Imagine paredes de fórmica, cortinas floridas, neon na entrada… De volta aos anos 80 e 90.
A carta de vinhos será assinada pela sommelier Gabriela Monteleone, com uma seleção moderna, focada em rótulos de produção artesanal — em sua maioria, naturais. “São rótulos modernos e sedutores, alguns clássicos com ares atuais, e o mais importante: vinhos bem-feitos, gostosos. Como por exemplo o Aluvium (australiano feito pela vinícola Único Zelo).” O MOTEL conta com 20 lugares a mais que o Ema, chegando a 65 cadeiras — excelente notícia para os fãs que lotam as casas do Grupo Eme na Rua Bela Cintra.
Mas Renata não para. E já avisa: “Sempre tem novidade vindo por aí! Não posso contar tudo, mas, sim, um café está nos meus planos. Estou sempre com mil ideias na cabeça.”