Cabernet para Sua Santidade: vem aí o primeiro vinho oficial do Vaticano

E saiba porque o menor país do mundo, sede da Igreja Católica e encravado na capital italiana, lidera o consumo per capita mundial com 99 garrafas por habitante

Marcelo Copello
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Imagens: Freepik

O Vaticano importou mais de 63 mil litros de vinho em 2019 para uma população de apenas 800 pessoas

O Vaticano importou mais de 63 mil litros de vinho em 2019 para uma população de apenas 800 pessoas

Sim, você leu certo: o Vaticano vai lançar seu próprio vinho. A menor nação do planeta está cultivando uvas para produzir, em breve, sua primeira safra com rótulo oficial. Mas essa não é a única curiosidade etílica dos domínios do Papa. O Vaticano também detém um título surpreendente: é o país com o maior consumo de vinho per capita do mundo.

Entre 2023 e 2024, dois hectares de Cabernet Sauvignon foram plantados nos jardins de Castel Gandolfo, a residência de verão papal nos arredores de Roma. A expectativa é que a primeira safra seja colhida em 2026, e os vinhos, engarrafados com selo do Vaticano, sejam usados em celebrações internas e vendidos nas lojas isentas de impostos dentro da cidade-estado.

A produção será pequena, mais simbólica do que comercial. O objetivo não é concorrer com os grandes produtores, mas oferecer um vinho com identidade própria, feito em solo papal, para funcionários, religiosos e visitantes. Um gesto que une fé, tradição e um toque de terroir sagrado.

Como o Vaticano se tornou o campeão mundial em consumo de vinho per capita?

Em números brutos, o Vaticano importou mais de 63 mil litros de vinho em 2019. Com uma população oficial de apenas 800 pessoas, isso representa quase 99 garrafas por habitante ao ano — quase o dobro da média de países como França ou Itália. Mas essa conta tem nuances.

Na prática, quem consome vinho dentro dos muros do Vaticano não são apenas seus cidadãos. Milhares de pessoas circulam diariamente por ali: padres, bispos, funcionários, guardas suíços, diplomatas e até peregrinos. O vinho está presente em missas, refeitórios do clero e eventos oficiais. Se distribuirmos o consumo por um público estimado de 5 mil pessoas, o número ainda impressiona: cerca de 10 a 15 litros por cabeça por ano — nível similar ao de países como Alemanha ou Reino Unido.

Um vinho com isenção divina

Outro fator que contribui para essa abundância vínica é o regime fiscal único do Vaticano. Desde o Tratado de Latrão, em 1929, a Itália concede isenção total de impostos para produtos que entram no território vaticano. Ou seja, as garrafas chegam sem taxas, sem IVA, sem burocracia. Barolo, Chianti, Prosecco e outros rótulos italianos abastecem o estoque papal a preços imbatíveis.

E não se trata apenas de tintos tranquilos: espumantes como Asti e Prosecco são frequentes nas recepções diplomáticas e celebrações eclesiásticas. Já os vinhos sacramentais — geralmente tintos doces feitos exclusivamente da uva — obedecem a regras litúrgicas rígidas e, muitas vezes, vêm de vinícolas religiosas especializadas.

Fé, vinho e cultura

No Vaticano, vinho não é só prazer — é também ritual, hospitalidade e teologia líquida. O próprio finado Papa Francisco já declarou, durante uma de suas homilias, que o vinho é símbolo de alegria e amor, transformado por Jesus em sacramento.

Com a chegada do primeiro vinho “made in Vaticano”, essa história ganha um novo capítulo. A vinha é pequena, mas o gesto é grande: uma mistura de tradição, espiritualidade e, claro, um bom Cabernet.

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