Engenharia sustentável: o plano da Arcadis para um Brasil mais verde e resiliente

Operação brasileira é a terceira maior em tamanho e relevância da companhia holandesa no mundo. E agora passa a atuar cada vez mais como consultoria, com foco em clientes multinacionais

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Imagens: Divulgação

Arcadis e a concessionária Iguá Saneamento estabeleceram parceria para revitalização do Complexo Lagunar de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro

Arcadis e a concessionária Iguá Saneamento estabeleceram parceria para revitalização do Complexo Lagunar de Jacarepaguá, no Rio de Janeiro

Quando se formou arquiteta e urbanista pela Universidade de São Paulo (USP), no início da década de 1990, Karin Formigoni tinha em mente um trabalho voltado à transformação do antigo centro da cidade em um local mais funcional e sustentável — típico ideal de arquitetos e urbanistas em início de carreira. No caso dela, esse desejo era acentuado pelo fato de ser uma paulistana da Vila Mariana. Mas sua trajetória profisisonal sempre a levou da área técnica para a gestão de negócios. Foi assim que, em 2004, ingressou na empresa holandesa Arcadis, líder mundial na entrega de soluções de infraestrutura, engenharia e consultoria sustentáveis. Entrou para liderar um projeto. Hoje, 21 anos depois — quatro deles como presidente da companhia no Brasil, sendo a primeira mulher a ocupar o cargo — está à frente de 400 projetos espalhados pelo país, que contribuem para o faturamento de 3,9 bilhões de euros registrado em 2024. A operação brasileira é a terceira maior em tamanho e relevância para os programas da Arcadis. E agora passa a atuar cada vez mais como consultoria, com foco em clientes multinacionais.

“Sempre com soluções de maior valor agregado”, afirmou Karin ao BRAZIL ECONOMY. “Na consultoria, o desafio é dado pelo cliente, que busca um método, uma forma diferente de resolver um problema. Somos incitados a criar. Essa é a tendência”, disse a executiva, que também é responsável pelo cluster da corporação na América Latina.

A Arcadis atua em quatro linhas de negócios: Resiliência — associada às questões de mudanças climáticas, ambientais, remediação, água e energia; Mobilidade — relacionada aos desafios do transporte urbano, como o de veículos elétricos; Places — com uma abordagem mais voltada à arquitetura e urbanismo propriamente ditos, com foco na sustentabilidade dos materiais; e Intelligence — uma área mais transversal, concentrada na produção de tecnologia e serviços para as três outras áreas.

No Brasil, a maior parte dos negócios da Arcadis está na linha de Resiliência. O nome da divisão é mais conceitual, então vale explicar o que ela faz na prática. A companhia está envolvida em projetos como a expansão do Aeroporto Internacional de Guarulhos, a revitalização da Bacia do Rio Tietê e o desenvolvimento do Aquapolo, um dos maiores sistemas de reúso de água da América do Sul.

Karin Formigoni está há quatro anos na presidência da Arcadis no Brasil: é a primeira mulher a ocupar o cargo
Karin Formigoni está há quatro anos na presidência da Arcadis no Brasil: é a primeira mulher a ocupar o cargo

“Temos uma atuação muito diversificada. Nosso track record inclui rodovias, ferrovias, portos, usinas, saneamento… Há diversificação tanto de setores quanto dos tipos de serviços que oferecemos. Podemos ser vistos como uma companhia one-stop shop”, salientou Karin.

A empresa também participou de projetos de hidrelétricas, mineração e transição energética. Discussões sobre sustentabilidade, descarbonização, biodiversidade e transição energética são pautas importantes que a Arcadis observa como trilhas de crescimento no Brasil. O mercado local deve ser um dos principais vetores de receita nos próximos anos. “É um momento sem precedentes”, avaliou a executiva.

Não à toa, o CEO global da companhia, Alan Brookes, virá em novembro para a COP30 (30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima), no Pará. Será a primeira visita ao país do executivo, que está há dois anos no cargo.

Para garantir tanto eficiência quanto segurança nos projetos — que muitas vezes estão localizados em áreas remotas do Brasil — são necessárias soluções diferenciadas, como o uso de drones e softwares de análise de dados para monitoramento da terra, do ar e da água. “Isso gera maturidade para nossa operação em relação a outros países”, explicou Karin.

Para trabalhar com conceitos inovadores e assertivos, a operação brasileira conta com um time de 80 profissionais — dos 1.700 colaboradores no país — dedicados à produção dessas soluções. “Temos que nos reinventar o tempo inteiro, ser criativos. Isso faz a diferença nos negócios”, disse a presidente. “O Brasil proporciona uma contribuição por ter esse olhar inquieto. Não adianta ficar esperando que alguém faça. Temos de estar sempre à frente.”

Com esse espírito e esses diferenciais, a Arcadis acaba de conquistar dois contratos estratégicos com a Sabesp, empresa de saneamento do Estado de São Paulo.

O primeiro acordo abrange a expansão da maior Estação de Tratamento de Esgotos (ETE) do Brasil, em Barueri, na região metropolitana paulista. A capacidade de tratamento será significativamente aumentada, beneficiando diretamente cerca de 10 milhões de pessoas.

O segundo prevê a consultoria para a gestão dos investimentos da Sabesp no Programa de Universalização do abastecimento de água e esgoto até 2029, com uso do Enterprise Decision Analytics (EDA) — ferramenta de gestão digital de ativos que permite uma tomada de decisão mais informada e estratégica, com análise de grandes volumes de dados, identificação de tendências e avaliação de riscos. Está prevista a concepção e o acompanhamento dos investimentos de R$ 70 bilhões para abastecimento de água e tratamento de esgoto em 375 municípios paulistas no período.

Projeto que está em execução há dois anos, a Arcadis, em parceria com a concessionária Iguá Saneamento, estabeleceu um plano para revitalização do Complexo Lagunar de Jacarepaguá (CLJ), no Rio de Janeiro. Ele é formado por três lagoas principais: Tijuca, Jacarepaguá e Marapendi, e inclui ainda a lagoa de Camorim. A despoluição permitirá a remoção dos sedimentos e o fim das cavas emissoras de gases prejudiciais. A biodiversidade na região será fomentada e os manguezais poderão se expandir nas margens.

Assim, com sua atuação na Arcadis, Karin Formigoni tem contribuído para a sustentabilidade do Brasil — e do mundo. Muito mais do que sonhava no início da carreira, com a revitalização do centro de São Paulo.

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