O Brasil atravessa momentos de muita insegurança, desconfiança e tensão econômica, que têm refletido tanto na vida da população, quanto em sua expectativa em relação ao futuro do País. De um lado, o Banco Central trabalha para conter a inflação e sustentar a estabilidade da moeda por meio do controle de gastos e, por outro, o Executivo não mede esforços para aumentar suas despesas e gastos públicos com iniciativas sociais que julga estimular o crescimento econômico do Estado.
Os impactos desse desequilíbrio fiscal e briga política mostram quão ideológica é essa discussão que parece sem fim e em prol de um único interessado, o Brasil. O País já está vivendo as consequências da falta de equilíbrio fiscal e insegurança jurídica. O segmento de investimentos do exterior tem presenciado o aumento da procura por esse serviço perante o atual cenário brasileiro, que apresenta instabilidade e desconfiança financeira diante da desvalorização do real. Com isso, nossa credibilidade perante os investidores estrangeiros está indo para o limbo, dificultando, assim, investimentos necessários para o crescimento e o desenvolvimento da nação.
A alta dos preços de produtos essenciais afeta a população e o crescimento econômico, que, consequentemente, aumenta o índice de desemprego. Negligenciar os ajustes fiscais pode trazer consequências desastrosas e uma possível recessão no curto prazo.
Equilíbrio fiscal sempre será o caminho para o desenvolvimento econômico sustentável do País, atrelado a uma política focada em investimentos produtivos e sociais condizentes.
Estamos vivenciando uma luta em que o Banco Central segura o dinheiro e o Executivo aumenta os gastos. A grosso modo, estamos gastando mais do que recebemos e a dívida pública do Brasil está longe de ser liquidada.
O potencial econômico nacional é evidente, embora ainda patine em debates como este dos quais sabemos que é necessário ser feito o controle monetário. O endividamento do Brasil precisa ser reduzido de forma sistêmica.
Os gastos públicos brasileiros não condizem com a realidade de uma população marcada pela desigualdade social, mesmo diante de subsídios sociais que beneficiam inúmeras famílias em vulnerabilidade socioeconômica, também impactam negativamente nas contas públicas elevando o déficit fiscal da dívida pública que, atualmente, corresponde a 80% do PIB. Como em qualquer nação desenvolvida, os impostos pagos pelos contribuintes deveriam ser alocados e revertidos em saúde, educação e infraestrutura.
A alta dos juros impede que investimentos estrangeiros entrem no País, que já enfrenta os reflexos de uma Reforma Tributária elaborada e aprovada às pressas, tendo um sistema burocrático ineficiente, que tende a impedir o crescimento econômico.
Estamos a caminho de uma recessão, mas esse cenário ainda pode ser revertido a tempo, por intermédio de reformas estruturais para promover a eficiência dos gastos públicos. Responsabilidade fiscal e crescimento econômico devem andar juntos. Para isso, reformas como a tributária e administrativa, quando estruturadas, são um meio de reduzir o Estado e potencializar o ambiente de negócios de forma sustentável mesmo que no longo prazo.
Embora a atividade econômica tenha crescido 3,4%, quando comparada a 2021 e o desemprego atingindo uma taxa menor, o poder de compra do brasileiro permanece baixo. E as consequências de toda essa irresponsabilidade política e governamental já estão refletidas no poder de compra do brasileiro, que está cada vez mais reduzido e vulnerável.
*Roberto Mateus Ordine é presidente da Associação Comercial de São Paulo