Desde a eleição de Donald Trump em 6 de novembro de 2024, quando o bitcoin saltou de US$ 69.358 para US$ 75.637, a maior criptomoeda do mercado tem mostrado resiliência em meio às turbulências econômicas. Mesmo após cair para US$ 76.273 com o início da guerra tarifária entre Estados Unidos e China, o ativo voltou a subir e hoje opera na casa dos US$ 85 mil. Para especialistas ouvidos pelo BRAZIL ECONOMY, esse movimento reforça a tese de que o bitcoin está deixando de ser apenas um ativo volátil para se tornar uma reserva de valor, inclusive para governos e grandes empresas.
A expectativa de mercado é de que o bitcoin encerre 2025 valendo entre US$ 130 mil e US$ 150 mil. A estimativa mais recorrente, segundo Gabriel Della Torre, sócio da Vault Capital e presidente do Comitê de Ativos Virtuais da PAGOS, é de US$ 130 mil, considerando um cenário de expansão monetária global e possíveis cortes de juros. “Historicamente, quando países afrouxam suas políticas fiscais e imprimem mais dinheiro, o bitcoin se valoriza. Após um ano de halving (processo no qual a taxa e as recompensas pela mineração do bitcoin são reduzidas pela metade), uma alta de 40% é factível”, disse ele, lembrando que o ativo chegou a bater US$ 107 mil neste ano.
Outro fator que dá sustentação à criptomoeda é a entrada de empresas tradicionais no mercado. Mais de 100 companhias listadas na bolsa americana já mantêm bitcoins em caixa, como parte de suas estratégias de proteção contra a inflação. “Temos hoje uma corrida de corporações que buscam segurança no bitcoin. Microsoft e outros grandes grupos entraram nesse movimento. Nunca vimos isso antes”, apontou Matheus Medeiros, especialista em criptomoedas.
Torre também lembra que os Estados Unidos já detêm cerca de 1% da oferta total de bitcoins como reserva estratégica, enquanto países como El Salvador já oficializaram o ativo em suas economias. No Brasil, propostas semelhantes tramitam no Congresso. No setor privado, além da norte-americana MicroStrategy — que acumula 520 mil unidades da moeda digital —, a brasileira Méliuz também comprou bitcoins recentemente, mesmo não sendo do setor de tecnologia.
Embora reconheça o papel do bitcoin como reserva de valor, Antônio Fonseca, CEO da Node Hub Web3, faz uma avaliação mais conservadora. “A moeda está suscetível à variação do mercado, como qualquer outro ativo. Se passar essa turbulência da guerra fiscal, pode voltar a subir, mas não vejo espaço para chegar a US$ 100 mil tão rapidamente. Tudo depende das decisões de Trump e dos rumos da política monetária americana”, ponderou.
Mesmo com divergências nas projeções, os especialistas concordam em um ponto: o bitcoin está consolidando seu espaço como um ativo estratégico de longo prazo, especialmente em cenários de instabilidade. Para os investidores, o momento exige atenção redobrada às decisões econômicas dos EUA e às regulações que vêm sendo discutidas no país. A depender dos próximos capítulos da guerra comercial e das políticas de juros, o criptoativo pode encerrar o ano como uma das aplicações mais rentáveis do mercado.