Em 2019, quando completou 18 anos de atividade, a Simpress reformulou seu modelo de negócio e acrescentou outras três linhas de equipamentos para outsourcing. As impressoras, que eram o core da empresa, ganharam a companhia das vertentes de PCs e notebooks, de smartphones e de automação (que engloba coletores de dados e impressoras térmicas). Dessa forma, a receita da Simpress saltou de R$ 660 milhões há seis anos para R$ 1,7 bilhão no ano passado. E agora vai acrescentar mais uma linha: a de acessórios e periféricos, como headsets e produtos de videoconferência.
“Será nossa terceira maior fonte de receita em pouco tempo, atrás de impressoras e computadores, que lideram nossas vendas”, disse Vittorio Danesi, CEO da Simpress, ao anunciar a novidade com exclusividade ao BRAZIL ECONOMY.
A quinta linha de negócio será lançada no segundo semestre deste ano. Ainda não fará efeito no faturamento de 2025, cuja previsão é de fechar na casa dos R$ 1,85 bilhão. A expectativa é que comece a interferir positivamente na receita de 2026, quando a Simpress pretende superar os R$ 2 bilhões.
Esse movimento de aumento do portfólio faz parte do plano de investimento de R$ 750 milhões que a empresa vai aplicar na aquisição de aparelhos para serem colocados à disposição de seus 2.800 clientes.
Os equipamentos da nova vertical serão da marca Poly, adquirida em 2022 pela HP, que é dona da Simpress. Há, portanto, uma convergência de negócios na estratégia da companhia brasileira de outsourcing.
Antes mesmo de lançar oficialmente a linha de acessórios, a Simpress já comercializa os itens dentro da sua carteira de clientes. Sem revelar o nome dos parceiros, Vittorio Danesi revelou que já tem um contrato para 50 salas de videoconferência e outro para 32.

“É um mercado que se mostra aquecido, vai trazer retorno para nós, e vamos encabeçar o setor. Somos líderes em impressão, mobilidade e automação. E número dois em PCs, onde estamos avançando”, afirmou o executivo. “São equipamentos totalmente plug and play, que dispensam profissionais técnicos para montar e colocar em funcionamento”, acrescentou, ao ressaltar que é um segmento que está se formando agora no País.
Para alavancar essa linha de negócio, o executivo conta, de início, com sua própria base de clientes. Primeiro, porque a taxa de renovação de contratos está na casa dos 98%. “Isso tem garantido para a gente longevidade na relação com os clientes, que são médias e grandes empresas.” Segundo, o executivo acredita no potencial de cross-selling, estratégia de vendas em que são oferecidos produtos complementares ao que o cliente já está comprando.
Dos 2.800 parceiros comerciais, 2.650 são de impressão, 770 de PCs e notebooks, e 300 de dispositivos móveis. “Temos muito espaço para trabalhar com as companhias que já têm relacionamento conosco e que poderão ser convertidas para comprar outsourcing de outros produtos”, salientou Danesi, que também busca outras marcas para compor a carteira.
OUTRAS FORMAS DE CRESCIMENTO
Paralelamente à criação da nova vertente, a Simpress atua em outras frentes para garantir o crescimento. “Apenas 15% do mercado contrata PCs e notebooks em regime de outsourcing. São 85% que ainda compram esses equipamentos”, disse o CEO.
“Nossa estimativa é que as assinaturas vão representar, provavelmente, 55% do mercado nos próximos quatro anos. O que significa que vai multiplicar por quase quatro vezes o mercado endereçável que a gente pode atingir”, analisou o executivo da empresa, que possui 16 filiais espalhadas pelo Brasil, com 2.500 funcionários.
Outro ponto a favor, na avaliação de Danesi, é o fim do suporte ao Windows 10 pela Microsoft, a partir de outubro. “Não vai ter atualização, e os computadores ficarão vulneráveis em segurança. Isso vai colocar gasolina no mercado para renovação dos parques de estrutura”, frisou o CEO. “São 11 milhões de aparelhos com esse software instalado. No corporativo, são 3,5 milhões.”
Há ainda uma confiança da Simpress na atuação junto ao setor público. O maior contrato da empresa é justamente com a Secretaria de Saúde da cidade de São Paulo, que envolve cerca de 20 mil equipamentos. “Em 2024 foram abertos alguns processos licitatórios para serviços de outsourcing. Neste ano será mais robusto”, prevê Danesi, relatando que atualmente 25% da receita da companhia vem desse canal.
Quando comenta sobre como a macroeconomia afeta os negócios da Simpress, o CEO abre um sorriso largo. Em momentos de juros e inflação altos, com as empresas segurando investimentos e o acesso restrito a financiamentos, a saída é procurar o outsourcing para manter o caixa reforçado. “Deixa o serviço com a gente e foca no core do negócio. É essa vantagem que mostramos aos clientes.”
Uma forma de negócio resiliente, que passa boa impressão e tem carregado a tinta na busca por novas oportunidades.