Em meio à guerra comercial global, Brasil busca laços econômicos com a África

Em encontro em São Paulo, empresários e representantes brasileiros e etíopes debatem oportunidades de comércio, investimento e turismo entre os dois países

Bruna Magatti
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Imagens: Divulgação

Rui Mucaje, presidente da Afro-Chamber, defende aproximação com o Brasil para investimentos em setores prioritários

Rui Mucaje, presidente da Afro-Chamber, defende aproximação com o Brasil para investimentos em setores prioritários

Enquanto o presidente Donald Trump afasta da economia americana do restante do mundo, empresários brasileiros e africanos buscam reduzir distâncias comerciais e culturais. Na terça-feira (8), o WTC Business Center, em São Paulo, foi palco de um evento que marcou um novo capítulo nas relações entre Brasil e Etiópia – uma das mais maduras e sólidas economias do continente. Com o tema “Promovendo o potencial inexplorado de investimento, comércio e turismo da Etiópia”, o Fórum de Promoção de Negócios e Investimentos Etiópia-Brasil reuniu autoridades, empresários, diplomatas e representantes do setor produtivo para um diálogo sobre cooperação e oportunidades.

Organizado pela Embaixada da Etiópia no Brasil, o evento destacou o papel crescente da nação africana no cenário global. Com mais de 126 milhões de habitantes, o país se consolida como uma das economias mais diversificadas e dinâmicas da África, com fortes investimentos em infraestrutura, energia e indústria, além de se posicionar como um polo estratégico no Chifre da África — região com acesso privilegiado aos mercados locais e do Oriente Médio. Sua excelência em setores como café, têxteis e farmacêuticos, além do turismo em expansão, reforça o apelo para investidores internacionais.

O Fórum foi ainda mais simbólico por reunir, pela primeira vez em um mesmo espaço, três grandes nomes que atuam na promoção das relações Brasil-África: João Bosco Monte, presidente do Instituto Brasil África; Paulo Pan, conselheiro sênior de negócios para a África; e Rui Mucaje, presidente da AfroChamber.

As boas-vindas ficaram a cargo de Demisew Kebede, diretor de assuntos para a América Latina do Ministério das Relações Exteriores da Etiópia, seguidas pelo discurso do embaixador Leulseged Tadese Abebe, que destacou a importância da parceria com o Brasil. “Se você faz negócios com a Etiópia, está fazendo com todo o continente africano”, afirmou. “Queremos construir parcerias verdadeiras que elevem essa relação histórica com o Brasil a um novo nível.”

Representando o Itamaraty, o embaixador Antonio Cesar, diretor de assuntos africanos, reforçou o papel dos Brics na aproximação entre os países e a importância das conexões diretas para transformar relações diplomáticas em ações concretas.

Na sequência, Samo Tosatti, chefe de assuntos internacionais do Governo do Estado de São Paulo, destacou o protagonismo paulista no fomento dessas parcerias. “São Paulo é o Estado ideal para alavancar esse relacionamento. Temos capital, tecnologia, mercado consumidor e as melhores instituições de ensino e pesquisa. E a presença de voos diretos com Adis Abeba facilita ainda mais essa aproximação”, declarou, sugerindo inclusive a instalação de um consulado etíope na capital paulista.

Relação histórica, oportunidades renovadas

Com uma fala contundente, o embaixador Yohanes Fanta, diretor-geral de diplomacia econômica da Etiópia, celebrou a trajetória de mais de sete décadas de aproximação entre os países, destacando que o Fórum representa um marco para reposicionar os papéis de Brasil e Etiópia no cenário internacional.

Já o cônsul honorário da Etiópia em São Paulo, Agostinho Turbian, leu uma mensagem enviada pelo vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, que ressaltou. “Este encontro celebra algo maior do que comércio ou investimento: celebra a cooperação entre dois países irmãos, com histórias ricas, economias vibrantes e um futuro promissor. A Etiópia é o berço da humanidade, e o Brasil vive um momento decisivo, com uma janela única para diversificar suas relações e se aproximar de parceiros estratégicos como a Etiópia”, descreveu Turbian, que também é sócio do BRAZIL ECONOMY.

Segundo Alckmin, o comércio bilateral ainda é modesto, mas com enorme potencial. O Brasil tem a oferecer alimentos processados, tecnologia agrícola e equipamentos médicos, enquanto a Etiópia apresenta vantagens em produtos têxteis, couro, café especial e inovação. “Que este Fórum não seja apenas um evento, mas o início de um novo tempo nas relações entre Brasil e Etiópia”, concluiu a mensagem.

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