Hora de união: um chamado à construção de um projeto nacional

O País precisa de um polo de equilíbrio, uma bússola institucional que aponte para o futuro — e não para a repetição de antagonismos que paralisam e desgastam a confiança da população

Agostinho Turbian*
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Imagens: Claudio Gatti

Agostinho Turbian é empresário e sócio do Brazil Economy

Agostinho Turbian é empresário e sócio do Brazil Economy

O Brasil atravessa um momento decisivo. De um lado, há conquistas importantes no campo econômico e social. De outro, há uma crescente tensão política que insiste em ocupar um espaço desproporcional no debate público, contaminando decisões estratégicas, desmobilizando forças produtivas e freando o avanço de reformas estruturais.

É cada vez mais evidente que a polarização política não serve ao interesse nacional. O País precisa, com urgência, reencontrar o caminho da moderação, do diálogo e da convergência em torno de um objetivo comum: o desenvolvimento sustentável, competitivo e inclusivo do Brasil.

O papel da liderança federativa

Os governadores, líderes de Estados com expressiva relevância econômica e social, têm papel central nesse processo. Suas experiências de gestão, suas estruturas administrativas e sua capacidade de articulação podem — e devem — ser colocadas a serviço de um novo tempo.

Mais do que reforçar clivagens ideológicas, é hora de liderar uma aliança suprapartidária que inspire confiança, promova estabilidade e convoque todas as forças da sociedade a trabalharem juntas. O País precisa de um polo de equilíbrio, uma bússola institucional que aponte para o futuro — e não para a repetição de antagonismos que paralisam e desgastam a confiança da população.

Democracia: conquista coletiva e pilar do progresso

A democracia brasileira, consolidada nas últimas décadas sob os fundamentos da Constituição de 1988, é uma das maiores conquistas da nossa história. Foi com base nela que o País avançou em liberdade, combate à pobreza, inclusão social, fortalecimento das instituições e valorização da cidadania.

Preservar esse patrimônio é responsabilidade de todos. A democracia não é propriedade de um grupo, de uma geração ou de uma ideologia — ela pertence ao povo brasileiro e deve ser protegida, ampliada e modernizada com serenidade, espírito republicano e respeito mútuo.

Os fatos econômicos que reforçam o otimismo

Apesar dos desafios, os sinais de recuperação econômica são concretos. O País encerrou o último ano com uma das menores taxas de desemprego da última década, inflação sob controle e crescimento relevante em setores estratégicos como o agronegócio, a indústria de base, a produção de energia e a economia digital.

A tecnologia e a inovação têm se expandido com a força de instituições como a Embrapa e a Embraer, símbolos da competência brasileira no campo e no ar. Economias regionais dinâmicas, como as do Sul, do Centro-Oeste e de polos industriais no interior do Sudeste, demonstram que é possível, sim, construir um Brasil produtivo, moderno e competitivo.

Esses resultados não são obra do acaso. São fruto de décadas de trabalho, políticas públicas acertadas, resiliência empresarial e investimento em conhecimento.

Um mundo em transformação e um Brasil em posição estratégica

O cenário internacional passa por reconfigurações profundas. Tensões geopolíticas, transições tecnológicas, mudanças climáticas e disputas comerciais estão redesenhando as relações econômicas entre países e blocos.

Nesse contexto, o Brasil está posicionado de forma privilegiada: é uma das maiores potências agroindustriais do mundo, detentor de uma matriz energética majoritariamente limpa, com vasto território, recursos naturais abundantes e uma sociedade jovem e empreendedora. Sua posição geográfica favorece o comércio multilateral com as Américas, a África, a Ásia e a Oceania.

Há oportunidades reais de protagonismo internacional — desde que o País seja capaz de oferecer previsibilidade, estabilidade jurídica e clareza estratégica.

Não é hora de divisão, mas de integração nacional

Não é hora de nos dividirmos enquanto nação. O Brasil não pode se permitir desperdiçar energias com embates estéreis quando há tanto a ser construído. É hora de somarmos talentos, recursos, competências e ideais em prol de tudo o que já conquistamos — e de tudo o que podemos conquistar.

Temos um patrimônio valioso: um capital econômico robusto, uma vocação agrícola que alimenta o mundo, um ecossistema tecnológico em franca expansão, um mercado consumidor significativo e um povo criativo, resiliente e trabalhador. Devemos mostrar ao mundo não apenas a nossa capacidade de superação, mas também a nossa força como sociedade integrada, pronta para cooperar, inovar e liderar.

A construção de um país mais justo, competitivo e respeitado passa, necessariamente, pela união dos brasileiros em torno de um propósito comum. O mundo precisa de soluções — e o Brasil pode ser parte relevante dessa resposta global.

Um convite à responsabilidade nacional

O Brasil precisa de um novo projeto. Um projeto que una os que querem produzir, inovar, educar, incluir e transformar. Não se trata de apagar divergências, mas de superá-las em nome de algo maior. É possível — e necessário — construir um pacto político e econômico que mobilize a federação, os partidos, a sociedade civil e os setores produtivos em torno de uma agenda comum de crescimento com justiça social.

É hora de propor um ciclo novo, pautado pela responsabilidade fiscal, pela solidariedade social e pela abertura ao mundo. É hora de afirmar que o país precisa de estabilidade, de segurança jurídica, de reformas estruturais e de um ambiente de cooperação institucional que permita investimentos duradouros e progresso inclusivo.

Um Tempo de Construção

O Brasil precisa, mais do que nunca, de união. União entre seus líderes, entre seus partidos, entre seus entes federativos e, sobretudo, entre seus cidadãos. Não se constrói uma grande nação em clima permanente de embate. As oportunidades do presente exigem serenidade, planejamento e compromisso com o futuro.

Que possamos, juntos, escrever um novo capítulo da nossa história — um capítulo em que as diferenças não sejam obstáculo, mas sim matéria-prima de um entendimento maior. O Brasil tem todas as condições de ser uma potência econômica, social e ambiental. O que falta é uma decisão coletiva: avançar, sem medo, para um tempo de grandeza, equilíbrio e prosperidade.

*Agostinho Turbian é empresário e sócio do BRAZIL ECONOMY

 

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