Tudo começou em 2014, quando a médica Joyce Duarte Caseiro teve dificuldade em encontrar, para o seu avô, uma instituição de longa permanência que prestasse um serviço de qualidade, pensado em cada idoso. Resolveu, então, criar um residencial sênior em Jaguariúna, no interior de São Paulo. Deu certo. Abriu mais um na cidade e outro em Campinas (SP). Deu mais certo. Virou franquia. Em 2019, eram 50 unidades e, no ano seguinte, o Grupo SMZTO – das redes OdontoCompany, Oakberry, Espaçolaser, Petlove, Greenjoy e L’Entrecôte de Paris – entrou no negócio. Hoje, são cerca de 160 casas espalhadas por 24 estados, com 2.800 leitos. E para dar ainda mais certo, o plano é alcançar 300 unidades até 2028, com 10 mil leitos e um faturamento superior a R$ 500 milhões.
Antes de chegar a esse patamar, há um caminho a ser percorrido pela companhia, que registrou receita de R$ 160 milhões em 2024, 45% superior ao ano anterior. Para 2025, a expectativa é atingir R$ 210 milhões, um crescimento de pouco mais de 30% em relação ao ano passado.
Segundo José Carlos Semenzato, fundador e presidente do Conselho Administrativo do Grupo SMZTO, embora seja um negócio privado, ele traz no bojo um projeto social, “pois o propósito de dar dignidade as pessoas que tanto fizeram em suas vidas e que por motivos diversos optam por morar no Terça da Serra, que entrega uma qualidade de moradia de altíssimo nível, oferecendo tudo que esse perfil de público busca”. “Com certeza , esse é um dos grandes investimentos que temos aqui na Smzto, com expectativa de forte crescimento para os próximos anos”, acrescentou Semenzato, integrante do programa Shark Tank Brasil, da Sonny Channel.
Ao longo de sua trajetória, a Terça da Serra passou por algumas provas de conceito. Após as três primeiras unidades, viabilizadas com empréstimos bancários, o modelo de negócio criado por Joyce despertou o interesse de médicos amigos dela. Em uma conversa com seu marido, o economista Pedro Moraes, visualizaram a oportunidade de abrir franquias.

Iniciaram pesquisas e descobriram que não havia nada parecido no Brasil nesse setor. Contrataram uma consultoria para formatar o modelo. As primeiras franquias foram comercializadas no networking da médica, para profissionais da área da saúde, e depois para a rede de contatos de Pedro, do setor financeiro.
Foi nesse momento que “o modelo de negócio foi validado”, na avaliação dele. “Os médicos queriam empreender, mas não se aprofundavam muito. Já o pessoal do meio econômico mergulhava mais nos números e análises”, disse Pedro, CEO da Terça da Serra, que atualmente é líder em sênior living no país.
Com uma operação mais estruturada, a empresa começou a investir mais em marketing, com participação em feiras e eventos. “Em 2019, já tínhamos 50 unidades. As vendas foram realmente rápidas”, afirmou o executivo.
Nessa época, José Carlos Semenzato e Bruno Semenzato, fundador e CEO do Grupo SMZTO, respectivamente, estavam estruturando um fundo de investimento para negócios diferenciados. A família de investidores já observava modelos de sênior living no exterior e, na busca por algo semelhante no Brasil, encontrou a Terça da Serra.
“Começamos a conversar em 2019 e, em 2020, assinamos a sociedade com o SMZTO, que se tornou nosso sócio”, contou Pedro, que naquele momento deixou sua carreira como economista – era CFO de uma multinacional alemã – para assumir o comando da operação da Terça da Serra. Essa foi uma das exigências da família Semenzato, dado seu conhecimento nos setores financeiro, comercial e de expansão de negócios.
Agora, Pedro trabalha para expandir a rede, que tem 50% das unidades em São Paulo e os outros 50% espalhados pelo Brasil, principalmente em capitais – a ocupação está acima de 80%, em média.
O executivo também busca melhorar a eficiência no processo de abertura de novas unidades, que possuem características específicas: devem ser térreas, com pelo menos 800 m² de área total e 500 m² de área construída, além de bem localizadas, garantindo proximidade dos hóspedes com seus familiares.
Atualmente, há 60 unidades contratadas, que passam por reforma, revitalização e ampliação antes da inauguração – 38 devem ser inauguradas em 2025. Algumas demoram até um ano para ficarem prontas, pois demandam diversas adaptações para receber os hóspedes.
Para acelerar esse processo, a empresa aposta no modelo built to suit, em que os residenciais são projetados especificamente para atender às necessidades de cada locatário. Esse modelo de locação a longo prazo permite o desenvolvimento de unidades totalmente personalizadas e adaptadas ao formato de operação da rede.

A Terça da Serra, já reconhecida por sua expertise em retrofit de imóveis, iniciou um projeto-piloto na região Sudeste e planeja expandi-lo para outras áreas do Brasil assim que for validado.
A intenção é reduzir o tempo de preparo para a abertura de novas unidades. A conta é simples: se há 60 unidades contratadas e ainda não operantes, são 60 operações que poderiam estar gerando receita e não estão. “Estamos trabalhando para tornar esse modelo escalável”, disse Pedro, que também investe em tecnologias de monitoramento por câmeras, treinamento de colaboradores e aperfeiçoamento de protocolos.
São passos importantes para deixar a Terça da Serra ajustada para essa fase de aceleração. “Estamos focados em expandir mantendo a qualidade dos serviços que prestamos, pois atuamos em um negócio de reputação e cuidado com as pessoas”, destacou Pedro, que segue pessoalmente responsável pelo canal de ouvidoria da companhia “para garantir que todas as devidas providências sejam tomadas”.