Bilhões e bilhões de dados captados e analisados pelo Google geram insights para a gigante de tecnologia americana melhorar sua performance anualmente, o que lhe garante a bagatela de US$ 350 bilhões em faturamento, registrado em 2024. Mas não só isso. Esse oceano de informações também está à disposição das indústrias de diversos setores. Com ele, a companhia de Mountain View, na Califórnia (EUA), visa ajudar outras empresas a evoluírem, principalmente a partir de novas linhas de negócios fora do seu core business.
“Estamos em um momento de transformação muito grande do consumidor, e existe uma oportunidade de beyond industries (ir além das indústrias). O consumidor quer cada vez mais uma experiência fluída, e as empresas estão entendendo essas oportunidades ao oferecer novos serviços e produtos que não necessariamente fazem parte do core”, disse ao BRAZIL ECONOMY Mônica de Carvalho, diretora de negócios para as indústrias de finanças, tecnologia, educação, saúde, viagens e fidelidade do Google Brasil.
A executiva será uma das speakers do evento Think with Google (Pense com o Google), que a companhia realiza nesta terça-feira (25) no Transamérica Expo Center, em São Paulo. É principal atividade de negócios do ano da companhia, que vai mostrar as tendências do mercado e dos consumidores brasileiros a parceiros e potenciais clientes.

Serão apresentados insights inéditos sobre a Busca, um dos principais produtos do Google, e sobre as mudanças no comportamento dos consumidores. A corporação pesquisou 20 necessidades humanas para testar dois cenários principais: a importância dessas necessidades — quais são mais ou menos relevantes na lógica do consumidor — e o quanto os consumidores estão satisfeitos com o atendimento dessas necessidades por parte das empresas.
Entre os dados mais importantes, destaca-se o fato de que 63% dos consumidores hoje se classificam como value seekers. “Eles consideram que fatores como funcionalidade, inovação e preço acessível são mais importantes do que a marca no momento da compra”, explicou Mônica.
Ou seja, a marca tem deixado de ser um fator determinante para o consumo, algo corroborado por 72% dos consumidores consultados pelo Google, que consideram trocar de marca devido a uma experiência ruim.
Essas informações colocam um holofote na mudança do comportamento do consumidor, que cada vez mais tem poder perante o mercado, avaliou Vitor Zenaide, líder de insights estratégicos no Google Brasil.
“As inovações tecnológicas, como a Inteligência Artificial, vêm para ajudar as empresas a entenderem e se conectarem cada vez mais com esse consumidor, porque ele está no centro”, afirmou o executivo. “Queremos mostrar que, a partir disso, as empresas também podem criar novas formas de receita de maneira mais eficiente.”
CASES
No campo dos cases a serem destacados, o Chase Bank, uma das instituições financeiras mais relevantes dos Estados Unidos, passou a operar a Chase Travel, uma empresa de viagens. “Eles entenderam as necessidades do consumidor e passaram a oferecer algo que fosse tão importante quanto o crédito”, explicou Mônica. “Virou uma linha de negócios relevante que já se tornou a terceira em market share entre as agências de viagem online”, acrescentou.
Há ainda o exemplo de uma companhia de energia que, mesmo dentro de seu ecossistema, ampliou sua área de atuação, passando a produzir e vender sistemas de energia solar para o consumidor final. “É um case que não precisou de uma grande quebra disruptiva em seu setor. Apenas avançou dentro de seu próprio segmento”, afirmou Vitor Zenaide.

E também uma empresa de telecomunicações que entrou no mercado de saúde. “Parece distante, mas, com os ativos que ela possui, conseguiu resolver um problema muito relevante para seus clientes. Tudo a partir da análise de dados”, frisou o líder de insights do Google Brasil.
Nesse contexto, o Google pode ajudar as empresas em três aspectos: soluções de tecnologia que possam integrar cada vez mais dados; geração de insights que auxiliem as áreas de negócios, como marketing e CRM (Gestão de Relacionamento com o Cliente), a trabalharem de forma unificada; e acompanhamento dos resultados de negócio por meio de testing learning (testando e aprendendo).
Para cada um desses aspectos, o Google possui ferramentas específicas. E assim continua avançando ainda mais em sua receita global bilionária.