Crédito bancário: 4 em cada 10 empresas precisarão recorrer para capital de giro

Alta da Selic em 1 ponto percentual, para 14,25%, coloca em alerta empresários que buscam recursos no sistema financeiro. Fintechs surgem como alternativa

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Imagens: Freepik

Pesquisa do Sebrae revelou que empreendedores de menor porte precisam recorrer ao cartão de crédito para capital de giro

Pesquisa do Sebrae revelou que empreendedores de menor porte precisam recorrer ao cartão de crédito para capital de giro

A alta de 1 ponto percentual da Selic para 14,25%, carimbada ontem pelo Banco Central, confirma uma trajetória de alta já esperada pelos empresários, que têm procurado alternativas para obter financiamentos com taxas mais acessíveis. Neste contexto, o aumento exponencial das fintechs e soluções alternativas de crédito se apresenta como um alívio para os empresários com poucos recursos financeiros – mas não apenas para quitar dívidas. Um estudo exclusivo da M3 Lending mapeou os problemas mais frequentes dos empresários de médio porte que buscam recursos. 40% deles estão em busca de capital para expansão, seja para novas unidades, capital de giro ou aumento da infraestrutura. Outra pesquisa, do Sebrae, revelou que quatro a cada 10 empreendedores de menor porte precisam recorrer ao cartão de crédito para capital de giro por não encontrar oferta nos bancos tradicionais.

O CEO da M3 e responsável pelo estudo, Gabriel Sousa César, diz que o levantamento contraria a percepção comum de que só se busca crédito quem está afogado em dívidas. “O que notamos é que são empresas buscando crédito para crescimento, para capital de giro, e não apenas para quitar dívidas”, disse.

Já Décio Lima, presidente do Sebrae, afirma que o volume de burocracia, a exigência de garantias, além do tamanho da Selic, é uma barreira para a obtenção do crédito. “O acesso a crédito no Brasil é ainda um dos grandes entraves que impedem o desenvolvimento econômico e social do país de forma mais vigorosa e sustentável, tanto para as empresas quanto para as famílias.”

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Décio Lima, presidente do Sebrae, cita a alta da taxa de juros como um dos maiores problemas para as PMEs

E o que justifica essa falta de conhecimento aparece na pesquisa do Sebrae sobre o perfil do tomador de crédito, realizada no ano passado. Segundo Décio, após o cartão de crédito, a segunda modalidade de financiamento mais utilizada pelos empresários de pequeno porte são os pagamentos de fornecedores a prazo (20%). Depois vêm o cheque especial (7%), dinheiro de amigos e parentes (7%), empréstimos em bancos privados (7%) e empréstimos em bancos oficiais (4%).

A série histórica da pesquisa (iniciada em 2013) mostra uma queda significativa na modalidade de pagamento de fornecedores a prazo, que já foi a principal fonte de financiamento (67% dos empresários em 2015). Para o presidente do Sebrae, esse comportamento se deve ao enxugamento da maioria das fontes e ao aumento da participação dos microempreendedores individuais (MEI) no universo dos pequenos negócios no país.

Com previsão de oferecer R$ 50 milhões em crédito em 2025, a M3 Lending realizou um levantamento em sua base de dados para identificar o que está levando empresas a recorrerem a financiamentos. A startup constatou que a absoluta maioria dos motivos se refere à busca por capital de giro.

As empresas procuram a fintech para obtenção de recursos a serem aplicados na compra de um novo estoque (20%), abertura de novas unidades (25%), ampliação das instalações atuais (15%) e expansão das operações (40%). O CEO da M3 sublinha que 33% dos empresários que tiveram financiamento negado pelos bancos tradicionais disseram não ter recebido justificativa para a negativa. “Só 5% disseram que o motivo foi restrições no CPF e CNPJ.” Entre as justificativas, tratar-se de uma empresa nova foi a segunda mais comum, e foi citada por 22% dos empresários.

O PAPEL DAS FINTECHS

É nessa janela de oportunidade que surfam as fintechs que buscam empresários de menor porte. Na M3, fundada em 2021, o CEO diz que o plano é chegar a 2029 com R$ 600 milhões em transações. “Com tecnologia e entendimento do motivo para o financiamento, conseguimos oferecer condições de crédito melhores ao cliente, com um montante colocado à disposição até 50% superior ao que uma instituição financeira tradicional ofereceria”, disse. No ano passado, a empresa ofereceu financiamentos na ordem dos R$ 50 milhões.

A forma como a empresa trabalha no financiamento também é diferente do banco tradicional. Os investidores conseguem, por meio de um aplicativo da M3, avaliar as oportunidades disponíveis e escolher em quais negócios querem aplicar seus recursos. “Quando a empresa escolhida tem seu crédito aprovado, os investidores começam a ser remunerados com base nas parcelas pagas pela empresa propriamente dita.” E as aplicações, segundo o executivo, começam em R$ 250, abrindo o leque também de investidores abrangidos. “É um modelo de financiamento mais inclusivo, conectando, de um lado, quem precisa de capital de giro, e, do outro, quem pretende investir, contribuindo com o crescimento das empresas.”

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