Apesar de a economia dar sinais de arrefecimento este ano, alguns elos da cadeia industrial continuam otimistas com o crescimento iniciado no ano passado, quando o setor avançou 3,1% e foi um dos destaques do PIB de 2024. Para aproveitar o bom momento, todo empresário precisa de dois focos: investimento em competitividade e demanda do mercado. No Polo Industrial de Manaus (PIM), o presidente-executivo do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (CIEAM), Lúcio Flávio Morais de Oliveira, afirma que as duas variáveis estão alinhadas.
Estão previstos aportes de R$ 1,5 bilhão, divididos em novas fábricas e ampliação de produtos, além da percepção de demanda reprimida para consumo de alguns itens. Segmentos como os de motocicletas, ar-condicionado e plásticos devem apresentar crescimento de cerca de 15%, consolidando o PIM como uma das regiões mais competitivas do Brasil”, afirmou.
Se tudo der certo, o plano é que o faturamento do PIM supere os R$ 216 bilhões, o que representaria um aumento de 6% em relação a 2024. No primeiro dado oficial de 2025, relativo a janeiro, o desempenho já surpreendeu. O faturamento somou R$ 17,85 bilhões, uma alta de 14,54% em relação ao ano anterior, segundo a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Para sustentar esse crescimento, segundo Oliveira, é necessário manter os investimentos. Na primeira reunião do ano para aprovação de incentivos pelo CODAM (Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas), foram aprovados inicialmente 42 novos projetos industriais para o PIM, sendo 14 de implantação de novas fábricas e 28 focados na diversificação de produção, com previsão de geração de 2.200 empregos para o estado. “É importante ressaltar que, durante o ano, estão previstas mais onze reuniões, e cada uma trará novos projetos”, disse o executivo.
Sobre as maiores demandas de 2025, Oliveira afirma que há forte demanda por motos, cuja produção foi ampliada em 11,1% no ano passado, alcançando 1,7 milhão de unidades. Para este ano, a expectativa é que essa tendência continue. Para 2025, a Abraciclo prevê a produção de 1,8 milhão de motos. Também no rol de possibilidades está o mercado de drones, o que, segundo o presidente do CIEAM, será capaz de impulsionar a expansão tecnológica da ZFM (Zona Franca de Manaus).
MAIORES INVESTIMENTOS
Entre as empresas dispostas a investir na região está a Procter & Gamble (P&G) do Brasil, que tem previsto um aporte de R$ 290,8 milhões. Os recursos serão destinados à produção de escovas dentais, cartuchos de lâmina para barbear, lâminas de duplo fio e aparelhos de barbear. Outro projeto de destaque é o da Salcomp Indústria Eletrônica da Amazônia, que pretende investir R$ 132,5 milhões na economia do estado. A iniciativa tem como foco a fabricação de terminais de captura de dados para transações comerciais e aeronaves remotamente pilotadas, reforçando o crescimento do setor tecnológico na região.
“Empresas globais têm olhado com mais atenção para o Polo e percebido as vantagens competitivas da região. Por isso, notamos um crescimento expressivo, tanto na diversificação produtiva quanto na atração de novos investimentos”, afirmou Oliveira.
Para atender a essa demanda, no entanto, é preciso dar atenção à Indústria 4.0. Sobre esse assunto, Oliveira afirma que a incorporação de tecnologias de ponta já é uma prioridade, e empresas do polo seguem investindo em automação e desenvolvimento tecnológico. “Com iniciativas como a Lei do Bem e a Lei da Informática, há ainda mais espaço para fomentar a Indústria 4.0”, disse. De acordo com ele, esse movimento tem ajudado a aumentar a competitividade do polo. “Estamos na vanguarda desse processo”, garantiu.
Com a expansão prevista para 2025, o PIM deverá gerar cerca de 2.200 novos postos de trabalho diretos até o final do ano. Em 2024, o polo bateu recordes de empregabilidade, encerrando o ano com aproximadamente 130 mil empregos diretos. Considerando os empregos indiretos, o impacto econômico na região é ainda mais significativo, gerando 546 mil empregos. “Além da geração de empregos, há um compromisso contínuo com a capacitação profissional, em parceria com universidades e centros tecnológicos, garantindo que a mão de obra local esteja preparada para atender às demandas da indústria”, ressaltou.
DESAFIOS
Questionado sobre os desafios da operação para este ano, o executivo cita a crise hídrica, questões logísticas e a volatilidade cambial como variáveis que podem impactar diretamente a operação. No entanto, segundo o presidente-executivo do CIEAM, há meios para driblar tais adversidades. “Mesmo enfrentando desafios como a crise hídrica, conseguimos manter a produção e garantir entregas estratégicas. Estamos preparados para mitigar os impactos e fortalecer ainda mais a nossa competitividade”, destacou.
Outro tema sensível no ano passado foi a reforma tributária e seus impactos na produção local, mas, com a manutenção dos incentivos fiscais da Zona Franca de Manaus, a janela de oportunidade para os industriais locais ficou ainda maior. “Agora, acompanhamos de perto a implementação da legislação e trabalhamos para garantir que os benefícios sejam mantidos sem prejuízos ao modelo econômico da região”, completou o executivo. Um ano de respiro, depois de alguns anos de desafios e incertezas para o PIM.