Automação: como profissionais e empresas podem unir tecnologia e lado humano

De acordo com relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o Futuro do Trabalho, cerca de 85 milhões de empregos poderão ser eliminados até o final de 2025

Rafaela Furlan*
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Imagens: Divulgação

Rafaela Furlan, cofundadora da IKME Treinamentos

Rafaela Furlan, cofundadora da IKME Treinamentos

Antes de falar sobre os impactos da era da automação, precisamos entender o que isso significa e por que esse movimento tem crescido nas organizações. Em linhas gerais, a automação dos processos consiste no uso da tecnologia para facilitar o trabalho. Alguns exemplos desses mecanismos são: IA (Inteligência Artificial) tradicional e generativa, Big Data e cloud computing.

Esse movimento tem ganhado espaço há alguns anos, pois os ganhos são inúmeros: maior produtividade, economia de tempo, menos erros, conexão entre ferramentas, otimização de recursos e, consequentemente, maior foco em atividades estratégicas. Isso resulta em melhores desempenhos no curto e longo prazo. Empresas que já utilizam automação em seus processos relatam melhorias significativas, como redução de até 30% no tempo gasto em tarefas repetitivas e maior precisão nas entregas.

Mas, como tudo na vida, esses impactos têm dois lados — e, nesse caso, um deles é a empregabilidade. De acordo com o último relatório do Fórum Econômico Mundial sobre o Futuro do Trabalho, “cerca de 85 milhões de empregos poderão ser eliminados até 2025 devido à automação, enquanto 97 milhões de novos empregos podem ser criados em áreas relacionadas à tecnologia.”

Para que os profissionais possam se manter inseridos e relevantes nessa nova era, é necessário combinar o melhor dos dois mundos na performance.

Adaptabilidade e flexibilidade

Se, de um lado, precisamos de habilidades tecnológicas, com foco em competências relacionadas à IA, Big Data e segurança cibernética, do outro, precisamos desenvolver nossa flexibilidade e adaptabilidade. Como o relatório aponta, essas duas habilidades são cruciais em setores afetados por mudanças rápidas, como o varejo e a manufatura, permitindo que os trabalhadores se adaptem rapidamente a novas condições de mercado. Essa resiliência precisa ser constante, não apenas pontual.

Autogestão e disciplina

A geração Z, nascida entre 1996 e 2010, ou os chamados “nativos digitais”, tem sido responsável por trazer mudanças significativas ao mercado de trabalho, como a busca por equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Eles aprendem novas tecnologias com rapidez e demandam maior flexibilidade em vários aspectos, mas isso não será sustentável se não andar de mãos dadas com autogestão, saúde emocional e disciplina. O resultado precisa continuar vindo de pessoas produtivas, que conseguem gerir seu tempo e emoções, mesmo sem estar no escritório.

Comunicação assertiva

Softwares e plataformas são usados o tempo todo, e as máquinas são ótimas para lidar com dados e simplificar tarefas, mas não conseguem entender o contexto. Habilidades de comunicação são essenciais para tornar a colaboração eficaz, e somente pessoas podem proporcionar isso.

Se temos uma boa comunicação em equipe, conseguimos compartilhar ideias e explicar conceitos. Usando a empatia como aliada, nos adaptamos às emoções e necessidades dos outros. Se você gosta de transmitir ideias e se expressar, poderá fazê-lo em qualquer meio. Isso significa que, mesmo que sua empresa mude de um aplicativo de bate-papo para uma plataforma de videoconferência, você não enfrentará problemas se tiver boas habilidades de comunicação.

Pensamento crítico e julgamento

Sistemas também podem errar. Embora sejam programados para seguir processos, situações inesperadas surgem. É nessa hora que o pensamento crítico tem um papel fundamental: raciocínio, resolução de problemas e tomada de decisão.

As máquinas reproduzem o processo de avaliar informações e reconhecer padrões, mas, quando não conseguem lidar com algo, cabe a nós fazê-las funcionar. O pensamento crítico nos permite considerar o contexto por trás dos dados e adicionar mais informações — aparentemente não visíveis. Sistemas automatizados são excelentes para tomar decisões informadas com base em números e histórico, mas não possuem julgamento e intuição, que só nós temos.

Inteligência emocional

Vamos falar aqui sobre competências cruciais para os relacionamentos, dentro e fora do ambiente de trabalho: empatia, escuta ativa e comunicação eficaz. Ser capaz de compreender e responder às emoções e necessidades dos outros é fundamental para trabalhar em ambientes colaborativos e focados no cliente.

Profissionais com talento para se conectar com outras pessoas e compreender suas perspectivas têm uma grande vantagem no mercado. Isso se torna evidente quando falamos, por exemplo, de chatbots, que precisam entender as emoções humanas para gerar conexão com um cliente. Imagine criar um sistema que detecte quando um cliente está frustrado e, com base nisso, ajuste seu tom de voz e abordagem para criar uma conexão e influência maiores.

Essa realidade só será possível se os desenvolvedores se sentirem confortáveis em aprimorar suas habilidades interpessoais. É dessa combinação entre tecnologia e humanidade que estamos falando!

Criatividade e inovação

Há algo que nenhuma máquina pode substituir: a criatividade e a inovação na resolução de problemas complexos e na abordagem de desafios sob diferentes perspectivas. Nosso pensamento criativo nos permite desenvolver soluções únicas que as máquinas talvez nem sequer considerem.

E é por isso que pessoas são essenciais para impulsionar a inovação nas organizações. Um exemplo? Programas generativos de IA que criam imagens. Eles são muito rápidos em seguir comandos e gerar conteúdo, mas quem fornece as instruções para isso? Humanos.

O que organizações e profissionais podem fazer para unir tecnologia e habilidades humanas?

  • Líderes que equilibram gestão de pessoas e resultados precisam estar cada vez mais capacitados para identificar e potencializar a inteligência coletiva dos times. É essencial enxergar as necessidades e os talentos de cada profissional para alocá-los da melhor forma dentro do portfólio de soluções digitais.
  • Educação corporativa: como grande parte do gap vem da educação, as organizações têm investido em programas de desenvolvimento para suprir as necessidades dos colaboradores e atingir os objetivos da empresa. Iniciativas como upskilling e reskilling nas universidades corporativas, aprendizagem colaborativa e metodologias peer-to-peer são fundamentais.
  • Retenção e atração de talentos: desenvolver estratégias para aprimorar e reter funcionários, ao mesmo tempo em que se avalia a inclusão de novos talentos com habilidades complementares, também é um caminho promissor.

Sim, a era da automação traz desafios e oportunidades na mesma medida, exigindo que profissionais e organizações adotem uma abordagem equilibrada entre tecnologia e habilidades humanas. Competências como adaptabilidade, pensamento crítico, inteligência emocional e criatividade serão essenciais para navegar nesse cenário de constante transformação.

As empresas que investirem no desenvolvimento contínuo de seus colaboradores e na integração de soluções tecnológicas inteligentes estarão mais bem posicionadas para alcançar resultados sustentáveis e inovadores.

E você, está preparado para liderar ou fazer parte dessa revolução?

 

*Rafaela Furlan é cofundadora da IKME Treinamentos, especialista em upskilling e reskilling e autora do livro “O Polvo das Pernas Coloridas”. Ela é graduada em Administração de Empresas, pós-graduada em Marketing e formada em Inovação Disruptiva pela Harvard Business School

 

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