A Granja Faria, maior produtora de ovos do Brasil, confirmou nesta quarta-feira (26) seu plano de abrir capital na Bolsa de Nova York (NYSE) no segundo semestre de 2025. A empresa busca captar aproximadamente US$ 500 milhões com a oferta pública inicial (IPO). A decisão foi anunciada, a contragosto, por Ricardo Faria, chairman da empresa, durante a CEO Conference Brasil 2025, organizada pelo BTG Pactual. O chairman do banco, André Esteves, mencionou publicamente o registro confidencial do IPO, destacando a transição da empresa para o mercado de capitais americano, e acabou forçando a confirmação por parte do executivo. Atualmente, a granja é comandada pelo CEO Denilson Dorigoni.
A iniciativa de listar as ações nos Estados Unidos está alinhada ao processo de internacionalização da Granja Faria, iniciado em 2024. Em novembro do ano passado, a empresa adquiriu a espanhola Hevo por meio da holding Global Egg e está avaliando outras aquisições na Europa e nos EUA. No mercado brasileiro, a Granja Faria expandiu sua presença com a compra da Katayama Alimentos em 2023.
A movimentação ocorre em um momento de instabilidade no mercado global de ovos. Nos Estados Unidos, um surto de gripe aviária resultou na morte de milhões de galinhas poedeiras, causando escassez do produto e elevando os preços a níveis recordes. Em algumas regiões, a dúzia de ovos chegou a custar US$ 7,34 em fevereiro de 2025, conforme dados do Departamento de Agricultura dos EUA. A escassez levou supermercados a limitarem a quantidade de ovos por cliente, exacerbando a crise de abastecimento.
No Brasil, embora a produção não tenha sido afetada por surtos semelhantes, os preços dos ovos também registraram alta, refletindo a inflação dos alimentos e o aumento nos custos de produção. A Granja Faria, como líder do setor, busca capitalizar esse cenário favorável de demanda elevada e preços ascendentes para fortalecer sua posição no mercado internacional.
Analistas apontam que a abertura de capital na NYSE pode proporcionar à Granja Faria os recursos necessários para expandir suas operações globalmente e atender à crescente demanda por ovos, especialmente em mercados afetados por crises de abastecimento. Contudo, investidores estrangeiros demonstram certo ceticismo, considerando que a maior parte da receita da empresa ainda é gerada no Brasil. A efetivação do IPO dependerá do avanço das estratégias de internacionalização e da receptividade do mercado financeiro às iniciativas da companhia. A Granja Faria não comentou oficialmente sobre o IPO até o momento.