Energia, telecom e infraestrutura serão protagonistas do M&A no Brasil em 2025

Em 2024 o País liderou o ranking de aquisições da América Latina, com 1,6 mil negócios firmados e US$ 48 bilhões negociados; alta dos juros e baixo volume de IPO devem sustentar marca de US$ 52 bilhões este ano

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Imagens: Freepik

M&A

Com alta dos juros e menos IPO, empresas brasileiras buscam dar match com outras companhias para se capitalizar

O mercado de fusões e aquisições (M&A) no Brasil tem se consolidado diante de uma economia mais desafiadora. Há três anos nenhuma empresa abriu capital, os juros em dois dígitos e a alta alavancagem das empresas tornam o acesso ao crédito mais difícil, o que abre espaço para negócios entre companhias de todos os portes. Ano passado o Brasil liderou o número de M&As na América Latina, com 1,6 mil negócios firmados e uma movimentação financeira na casa dos US$ 48 bilhões – 10% mais que em 2023. Para este ano, a tendência segue de alta de mais 10%, para RUS$ 52 bilhões, com destaques para os setores de energia, telecomunicações e infraestrutura, que têm sido os alvos principais de sondagem nos escritórios especializados em fazer o match entre vendedores e compradores. 

O número de fusões, levantados pela Aon plc com a TTR Data e a Datasite, indica que houve uma queda no número absoluto dos negócios, ainda que os aportes negociados tenham subido.  Segundo Pedro da Costa, líder de M&A and Transaction Solutions para América Latina na Aon, apesar da redução no volume, “o crescimento no capital mobilizado evidencia a relevância de operações de grande porte na região, especialmente nos setores de energia e tecnologia. Essa tendência reforça a maturidade do mercado e o apetite dos investidores por oportunidades estratégicas”, disse. 

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Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio

 Na área de tecnologia, inclusive, a Studio Brokers, especializada em M&A e integrante do Grupo Studio, concluiu uma transação de R$ 100 milhões no setor de provedores de internet. O negócio foi firmado por um de seus franqueados e comprovou o maior apetite de compradores de ativos para ser incorporados este ano. Segundo Carlos Braga Monteiro, CEO do Grupo Studio, a maior demanda por telecom reflete a busca por conectividade e serviços digitais no Brasil. “A Studio Brokers já avalia novas oportunidades nesse setor”, disse. De acordo com o executivo,  o alto número de fusões e aquisições no Brasil mostram a resiliência das empresas e dos fundos de investimentos.

Segundo a Aon, ano passado, foram registradas 204 transações de Private Equity, das quais 67 têm um montante agregado não confidencial que soma US$ 7,056 bilhões, representando um aumento de 2% no número de operações e uma queda de 24% no valor em relação a 2023. Quanto ao segmento de Venture Capital, foram realizadas 617 transações, das quais 501 tiveram um montante agregado não confidencial de US$ 5,336 bilhões, uma diminuição de 36% no número de negócios fechados e de 2% no capital mobilizado em comparação ao ano anterior.

ENERGIA

O maior negócio da América Latina em M&A em 2024 não foi no Brasil, mas indica um movimento que já começou a ser sentido por aqui. Trata-se da aquisição pela Mexico Infrastructure Partners de 8,5 GW de plantas de ciclo combinado da Iberdrola, avaliada em US$ 6,2 bilhões. A operação contou com a assessoria jurídica de renomados escritórios internacionais e teve grande impacto no mercado de infraestrutura e energia. “Em 2024, observamos um interesse renovado em ativos de infraestrutura, especialmente no Brasil, que, junto com México e Chile, deve continuar na liderança em investimentos em 2025.”, disse Pedro Costa.

No último dia 24, a Copel anunciou ter exercido seu direito de preferência para a aquisição da totalidade das ações do capital social da Geração Céu Azul (GCA) da Neoenergia, detentora de uma participação de 70% no Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (CEBI), pelo equity value de R$ 984 milhões. A Copel já era detentora de uma participação de 30% no CEBI e, após a transação, a Copel vendeu a totalidade da CEBI para a empresa tcheca Energo Pro (DK Holding Investments, S.R.O.), pelo montante de R$ 1,55 bilhão.

Segundo relatório do banco suíço UBS BB, o protagonismo da energia também vai refletir as mudanças no jogo político norte-americano, com investidores buscando alternativas em outros países para dar sequência aos investimentos em geração de energia limpa. A expectativa, segundo o banco, é que os negócios movimentem no Brasil este ano R$ 120 bilhões.

Além disso, são esperados recursos adicionais destinados para leilões de energia, melhorias em empreendimentos já operacionais, aumento da capacidade de produção e, em menor escala, a expansão da geração de eletricidade. No melhor estilo “quem junta, multiplica”.

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