Inteligência Artificial generativa tem sido um componente fundamental para que as empresas atinjam suas metas financeiras. Apenas 13% das companhias conseguem alcançar consistentemente seus objetivos de planejamento financeiro sem o auxílio da tecnologia. Em resposta à crescente volatilidade econômica, a IA generativa e agentiva emerge como um imperativo para o setor, com 97% das empresas testando a tecnologia em algum nível. Os dados são de um estudo da Bain & Company, consultoria de gestão ao qual o BRAZIL ECONOMY teve acesso com exclusividade.
Na avaliação de Lucas Brossi, líder da prática de Inteligência Artificial na Bain América do Sul, os números mostram que a transformação vai além da automação de processos.
“Trata-se de uma revolução do planejamento financeiro, tornando-o contínuo e preditivo. Com isso, pedir ao sistema financeiro, em linguagem simples, para atualizar sua previsão do quarto trimestre com base nos dados mais recentes de vendas e do mercado e receber, em poucos minutos, uma resposta totalmente modelada e ajustada ao risco não é um desejo para o futuro, mas uma realidade atual”, disse o executivo.
“Sem planilhas, sem gaps de informações entre setores, sem atrasos”, complementou Brossi.
Agentes nativos de IA para sistemas de planejamento de recursos empresariais (ERP) já compreendem estruturas financeiras corporativas, fluxos de trabalho e direitos de decisão.
Segundo o executivo, sistemas de orçamento mais antigos não acompanharam a volatilidade atual. E os problemas não param por aí.
Muitas equipes de planejamento e análise financeira (FP&A) ainda estão presas a ciclos longos, que não acompanham o ritmo das mudanças. Os relatórios chegam desatualizados aos tomadores de decisão. Com isso, replanejar torna-se tão trabalhoso quanto orçar. Por essa razão, CFOs de todo o mundo apontam o FP&A como sua principal prioridade de transformação.
“As equipes financeiras demandam precisão, rapidez, flexibilidade, inovação e equilíbrio entre valor e custo. A IA generativa não só melhora a precisão das previsões, ao identificar padrões em grandes volumes de dados, como também permite que o sistema incorpore análises de informações não estruturadas (como notícias de mercado e mensagens internas), tornando as previsões mais ricas e dinâmicas”, afirmou Brossi.
Muitas empresas já utilizam aprendizado de máquina (machine learning – ML) em seu planejamento financeiro para aumentar a precisão das previsões ao identificar padrões em grandes volumes de dados. No entanto, as limitações do ML requerem ajuste prévio, dados bem estruturados e supervisão técnica.
Os agentes de IA chegam para potencializar o planejamento ao gerenciar todo o fluxo de previsão e ir além, já que podem limpar e importar dados, selecionar o modelo de previsão, gerar resultados e emitir alertas ou sugerir realocações orçamentárias.
O especialista ressaltou, porém, que mesmo com todos esses recursos, autonomia não significa ausência de supervisão humana. A governança continua essencial, mesmo com a adoção de IA em escala, especialmente no que diz respeito à origem dos dados, à supervisão dos modelos e à responsabilidade pelas decisões. Os agentes de IA devem ser auditáveis, testados contra vieses e alinhados ao perfil de risco da empresa.
A Bain identifica três caminhos para que as organizações modernizem o FP&A: simplificando processos e dados, aprimorando-os com IA ou reinventando o planejamento do zero.
“Muitas empresas levam meses para montar um plano anual que já nasce obsoleto. Reduzir detalhes desnecessários, ordenar melhor as etapas e automatizar tarefas, como conciliações, pode acelerar muito o ciclo de planejamento”, salientou Brossi.
Ao permitir insights mais profundos e respostas mais rápidas, a IA generativa aprimora substancialmente o trabalho, liberando analistas de compilar relatórios manuais e permitindo que se dediquem às decisões estratégicas.
“Algumas empresas têm abandonado orçamentos fixos e adotado previsões contínuas baseadas em eventos. Essa reinvenção começou em 2006, antes mesmo das tecnologias atuais de IA, mostrando como um redesenho ousado de processos pode gerar agilidade”, reforçou o sócio da Bain.
No cenário atual, o planejamento dinâmico está se tornando a nova norma. A distância entre empresas presas a ciclos rígidos e aquelas que adotam planejamentos inteligentes, contínuos e integrados à IA tem crescido rapidamente, apontou o executivo.