Pode parecer pouco, mas passar um dia com um CEO de uma grande companhia é fundamental para ampliar os horizontes e dar um melhor direcionamento à carreira de um universitário. Essa é a proposta do projeto CEOx1Dia, programa global da consultoria estratégica Odgers, que está em sua 11ª edição no Brasil. Nesta quarta reportagem da série sobre o projeto, em que o BRAZIL ECONOMY é parceiro de mídia, executivos do Grupo CRM, Nidec, Vulkan e Ecolab falam sobre os ensinamentos que proporcionaram aos jovens talentos durante o período em que estiveram juntos.
Renata Vichi, CEO do Grupo CRM, proprietário das marcas Kopenhagen, Chocolates Brasil Cacau e Kop Koffee, disse que a experiência pode mudar completamente a forma como o estudante enxerga o mundo corporativo.
“Um dia é suficiente para entender que liderança não é sobre poder, e sim sobre servir, decidir e inspirar. Ele passa a ver de perto as escolhas, os dilemas e o impacto real de cada decisão — e isso marca profundamente quem tem vontade de crescer”, avaliou Renata.
A executiva procurou ensinar que a liderança começa pela presença. “Estar atento às pessoas, aos detalhes e ao propósito é o que diferencia um bom gestor de um líder inspirador. Também compartilhei a importância da disciplina e da intencionalidade, porque nada grande se constrói por acaso.”
Ela também revelou o que procura em jovens talentos que entram no Grupo CRM. “Brilho nos olhos, vontade de aprender e humildade para ouvir. A técnica se ensina, mas o caráter e a curiosidade são o que sustentam uma trajetória de sucesso”, afirmou Renata, que mantém uma rotina de treino e disciplina diária para clarear a mente, manter o foco e tomar decisões com calma e coerência. “Cuidar do corpo e da mente é essencial para cuidar bem das pessoas e dos negócios.”
Entre os maiores desafios de ser CEO atualmente, a executiva disse que, para navegar em um cenário de constante mudança, é preciso equilibrar resultados de curto prazo com a construção de um futuro sustentável. “Exige sensibilidade para liderar pessoas em meio a incertezas, coragem para decidir mesmo sem todas as respostas e serenidade para manter o propósito no centro das escolhas. O grande desafio é continuar humano, mesmo diante da pressão por performance.”

Nidec AMEC (Automotive Motors & Electronic Controls)
Guilherme Almeida, CEO da Nidec AMEC, ressaltou que o programa permitiu ao estudante João Pedro observar as complexidades das decisões, os desafios da liderança e o quanto o sucesso depende de trabalho duro e propósito.
“Eu mesmo vivi experiências marcantes quando estava no início da minha jornada. Sempre procurei estar próximo da alta liderança para aprender e me desenvolver, e esse contato com líderes me inspirou, influenciou minhas escolhas e abriu horizontes”, disse o executivo.
Almeida mostrou um pouco sobre as decisões de carreira que realmente podem contribuir para o crescimento profissional. “Cada trajetória é construída passo a passo, e ter começado como estagiário me ensinou que o desenvolvimento vem da curiosidade, das conexões certas, da ambição e da vontade de aprender continuamente”, salientou.
“Também quis reforçar que, na prática, a gestão é menos sobre ter todas as respostas e mais sobre fazer as perguntas certas. O sucesso não vem de um líder que sabe tudo, mas daquele que constrói um time forte e confia nele para encontrar as soluções”, acrescentou.
O executivo disse que as decisões mais difíceis tomadas por um CEO são as que envolvem pessoas e cultura. “Reorganizar equipes, mudar rumos ou tomar decisões que impactam carreiras exigem empatia, mas também firmeza”, frisou. “São momentos que testam a capacidade de um líder de pensar no longo prazo e agir com transparência, mesmo diante de decisões que não agradam a todos.”
Para Almeida, a função de um CEO nunca foi tão complexa, já que a indústria vive uma transformação constante, influenciada principalmente por questões geopolíticas e pela Inteligência Artificial. “O que era um plano sólido ontem pode ser obsoleto amanhã”, disse.
“Nesse cenário, eu vejo que meu principal papel não é apenas gerir os resultados. Meu trabalho é fazer a ponte entre a performance financeira e a necessidade de formar líderes e times resilientes”, destacou. “Uma coisa não existe sem a outra. São as pessoas que vão garantir que a empresa continue relevante e inovadora no meio da incerteza”, afirmou, ao ressaltar que equilibrar a busca por resultados com uma cultura forte, inovação e sustentabilidade é o centro da estratégia.

Vulkan
A CEO da Vulkan, Adriana Silva, afirmou que, para quem está no início da carreira, ter acesso à vivência de uma liderança é extremamente importante, pois permite absorver a dinâmica de uma cadeira de gestão geral, bem como os desafios e a pressão diária.
“Ao mesmo tempo, desmistificar que a cadeira pode ser ocupada por qualquer profissional que tenha o desejo de alcançar essa posição, ressaltando a importância do aprendizado contínuo, de um forte olhar generalista e da formação de times sólidos abaixo da liderança”, disse a executiva da companhia especializada em soluções de transmissão de potência, sistemas de frenagem e no sistema Lokring de união de tubos sem solda para refrigeração e ar-condicionado.
Para Adriana, jovens talentos como Liriel Melo, que acompanhou seu dia, precisam estar abertos a novas oportunidades e dispostos a aprender constantemente.
“Destaquei que é uma posição que qualquer colaborador pode um dia alcançar, ressaltando a importância do desenvolvimento contínuo e do forte entendimento sobre negócios, estratégia e pessoas. Mesmo quando não se tem conhecimento prévio sobre determinada área, é fundamental buscar conhecer e formar times fortes”, ensinou.
Entre os maiores desafios atuais dos CEOs, Adriana citou a formação de equipes boas e diversas, que possam contribuir com seus melhores talentos. “E, ao mesmo tempo, ter agilidade e resiliência para revisar estratégias de mercado sempre que necessário, mesmo sob a pressão do dia a dia e a busca constante pelos melhores resultados.”

Ecolab
Alfredo de Matos, vice-presidente e líder de mercado para o Brasil da Ecolab, afirmou que, ao longo de um dia de trabalho, a estudante Lauane Marques vivenciou o contato direto com decisões estratégicas e desafios reais, o que proporcionou aprendizado prático e compreensão sobre como conduzir uma gestão que equilibre escuta ativa, resiliência e visão de longo prazo.
“A experiência também ampliou o entendimento sobre o funcionamento de uma grande empresa e reforça a importância do olhar humano na construção de ambientes de trabalho mais saudáveis e colaborativos”, afirmou, ao ressaltar que a vivência ajuda a desmistificar percepções sobre a liderança.
O executivo da empresa, líder mundial em prevenção de infecções e tecnologias relacionadas à água, higiene e energia, observou ainda que uma gestão eficiente deve alinhar liderança e um olhar humanizado tanto para as pessoas quanto para os desafios.
“Compartilhei com minha parceira de projeto a importância de manter o propósito no centro das decisões e de buscar constantemente soluções que gerem impacto positivo para clientes, colaboradores e para a sociedade”, disse Matos.
“Cuidar das pessoas não significa renunciar a resultados; pelo contrário, é o que garante que o negócio seja sustentável a longo prazo. Também espero ter transmitido a ela a importância de fazer perguntas, manter a curiosidade e contribuir ativamente para que a equipe alcance as melhores decisões”, discorreu o executivo, ao elencar os desafios dos líderes atuais.
“Motivar, energizar e engajar as equipes é, sem dúvida, um dos maiores desafios e também uma das maiores responsabilidades de um CEO. Tudo começa e termina nas pessoas: são elas que impulsionam os resultados e constroem o futuro da empresa”, destacou, observando que mantém uma mente curiosa e busca estar sempre próximo dos colaboradores, clientes e parceiros.
“Essa proximidade é o que realmente prepara um líder para entregar resultados consistentes e, ao mesmo tempo, construir um futuro sustentável, inovador e duradouro”, finalizou.