O mercado financeiro acalmou os nervos após as palavras suaves (“dovish”) do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell. Mas a escalada retórica de Donald Trump sobre a China antes da reunião crucial com Xi Jinping deixa os investidores mais sensíveis, oscilando entre a busca por segurança e as apostas em ativos de maior risco.
O óleo de cozinha tornou-se o mais novo ponto crítico na lista de tensão comercial sino-americana, após a China suspender as compras de soja dos Estados Unidos – algo que Trump classificou como “economicamente hostil”. Bom para a soja brasileira e da Argentina. Já as exportações chinesas do óleo vegetal usado na produção de biocombustíveis são ínfimas desde o início do tarifaço, em abril.
Portanto, a mensagem da China também se tornou mais dura, dificultando as exportações de terras raras e impondo sanções marítimas aos EUA. Esse toma-lá-dá-cá sugere que os atritos entre as duas maiores economias do mundo não estão mais contidos. Ao contrário. Os acontecimentos recentes agravam o impasse e abrem margem para mais retaliações.
Mercado entre Fed, Trump e Xi
Trata-se de um fator imponderável para os mercados globais, capaz de intensificar a volatilidade. Em meio a esse clima de suspense, o calendário do dia tenta trazer clareza aos negócios. O destaque fica com o Livro Bege. Mas o documento deve ter pouco efeito sobre as expectativas de corte de 0,25 ponto na taxa de juros dos EUA no fim deste mês.
Ontem, Powell enfatizou que agora o mercado de trabalho nos EUA representa um risco maior à economia, embora a inflação permaneça acima da meta. Na safra de balanços norte-americana, mais dos grandes bancos divulgam seus resultados trimestrais, após os números melhores que o esperado de JPMorgan, Goldman Sachs, Wells Fargo e Citi.
Assim, o mercado tenta encontrar um equilíbrio entre a diplomacia e a agenda econômica, mas a troca de farpas entre Washington e Pequim mantém a incerteza sobre quando – e se – as palavras vão se transformar em ações concretas. Até que o tom mude, os investidores tentam definir quem dita o ritmo dos negócios: Fed, Trump ou Xi.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, tentando deslocar o foco para a temporada de balanços, em meio às renovadas tensões entre EUA e China.
As bolsas na Europa também ensaiam uma recuperação. O destaque fica com o salto de mais de 2% do índice francês CAC 40, após o governo apresentar o projeto de orçamento, que suspende a reforma da Previdência. Na Ásia, a sessão foi de ganhos firmes.
Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às moedas rivais, levando o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) para abaixo da marca de 99 pontos.
Nas commodities, o petróleo alterna leves altas e baixas, enquanto o minério de ferro fechou em queda em Dalian (China), seguindo abaixo de US$ 110 a tonelada métrica.
Por sua vez, o ouro segue renovando recordes acima da faixa de US$ 4 mil. Entre as criptomoedas, o Bitcoin ensaia ganhos.
Agenda do dia
Indicadores
- 9h – Brasil: Vendas no varejo (agosto)
- 9h30 – EUA: Índice de atividade industrial Empire State (outubro)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
- 15h – EUA: Livro Bege
Eventos
- EUA: Reuniões do FMI e do Banco Mundial (anual)
Balanços
- EUA: Bank of America e Morgan Stanley (antes da abertura)