Victorinox prevê novo recorde de vendas e mira crescimento de 30% no Brasil em 2025

Divisão de relógios responde por metade do faturamento da marca no País; empresa aposta em design feminino, estabilidade de preços e expansão local

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Imagens: Divulgação

Karl Kieliger, responsável pela operação na América Latina, diz que o reposicionamento começou há três anos

Karl Kieliger, responsável pela operação na América Latina, diz que o reposicionamento começou há três anos

A suíça Victorinox, tradicional fabricante de canivetes, relógios e acessórios premium, deve fechar 2025 com um crescimento de mais de 30% nas vendas no Brasil, atingindo o melhor resultado de sua história no mercado nacional. A subsidiária brasileira, fundada em 1992, completa 33 anos de operação e colhe, segundo seu presidente para a América Latina, Karl Kieliger, os frutos de uma estratégia de reposicionamento iniciada há três anos. “Vamos ter um novo recorde de vendas. Este ano está muito acima de 2024 e estamos muito motivados para continuar nesse ritmo”, afirmou o executivo em entrevista ao BRAZIL ECONOMY.

A expansão é puxada, sobretudo, pela divisão de relógios, que hoje responde por cerca de 50% do faturamento da companhia no País. A Victorinox opera atualmente com 220 pontos de venda e vem consolidando sua presença no segmento premium. “O mercado de relógios vai muito bem. Nossos clientes nos dizem que os modelos têm desempenho excelente. A marca conseguiu se reposicionar e comunicar melhor o que está por trás da Victorinox”, disse Kieliger. Os relógios da grife custam de R$ 5 mil a R$ 24 mil.

Nos últimos três anos, a empresa lançou novas linhas e intensificou o foco em produtos com alto valor percebido, como o AirPro, modelo inspirado na aviação e voltado para viajantes. O relógio conta com movimento GMT, que permite visualizar até três fusos horários simultaneamente, uma proposta que combina estética e funcionalidade. “O relógio não é mais apenas um instrumento para ver as horas, é um produto de lifestyle”, explicou o executivo. “Ele representa posicionamento, marca momentos especiais e expressa estilo. É a joia masculina por excelência.”

A operação da Victorinox no Brasil é afetada por fatores externos como o câmbio e a carga tributária, mas a empresa mantém uma política de preços estáveis, mesmo com a valorização do franco suíço. Todos os relógios são fabricados na Suíça, e a desvalorização do real é um desafio. “Ainda assim, não alteramos nossos preços nos últimos dois anos. Olhamos sempre para o longo prazo”, completou Kieliger.

O executivo destaca que os impostos elevados e o câmbio em torno de R$ 5,30 a R$ 5,40 por dólar seguem entre as principais barreiras para a expansão da marca no País. “São fatores que não controlamos. O que podemos influenciar é a forma de comunicar nossa marca e aprimorar o relacionamento com o consumidor. Esse é nosso principal desafio interno hoje.”

Reposicionamento e público feminino em ascensão

Com sete linhas de relógios e cerca de 90 modelos ativos no mercado brasileiro, a Victorinox tem buscado diversificar o portfólio e ampliar o público consumidor. Tradicionalmente voltada ao público masculino (que representa 80% das vendas de relógios), a empresa aposta agora em um avanço consistente entre as mulheres. “Há um grande potencial no segmento feminino. Dez anos atrás, as brasileiras preferiam relógios grandes. Hoje, elas procuram modelos menores, entre 28 e 34 milímetros. Isso mostra uma mudança de comportamento que estamos acompanhando de perto”, explicou Kieliger.

A marca já trabalha no desenvolvimento de duas novas linhas com lançamento previsto para 2026, sendo uma delas voltada especialmente ao público feminino. O processo de criação de um novo modelo leva de dois a três anos, e envolve desde o design e a escolha de materiais até a análise de tendências de consumo global. O plano é reequilibrar o mix em cerca de 70% masculino e 30% feminino nos próximos dois ou três anos.

Linha de viagem ganha força com turismo interno

Além dos relógios, a Victorinox mantém forte atuação nas linhas de cutelaria, canivetes e acessórios de viagem, categorias que também têm mostrado desempenho positivo. O aumento do turismo doméstico no Brasil nos últimos anos impulsionou as vendas da linha de malas e mochilas. “O brasileiro está viajando mais dentro do País, e isso favorece nossos parceiros e lojistas locais”, comentou o executivo. “A linha de viagem vem crescendo junto com o desempenho dos relógios, e o canivete continua sendo o produto embaixador da marca.”

A empresa, contudo, descarta expandir para novas categorias. “Não pretendemos entrar em outros segmentos além de relógios, facas, canivetes e produtos de viagem. São divisões amplas, com subcategorias próprias. Nosso foco é consolidar e aprimorar o que já fazemos bem”, afirmou.

Globalmente, a Victorinox (uma empresa familiar suíça, com faturamento de 425 milhões de francos suíços no último ano, enfrenta desafios em diferentes mercados, especialmente na Europa e nos Estados Unidos. “O ambiente internacional está complexo. Na Europa, ainda sentimos os efeitos da guerra; e nos EUA, as tarifas impostas pelo governo Trump criaram dificuldades para exportadores suíços”, disse.

Neste ano, a companhia se antecipou ao impacto tarifário e aumentou o estoque de produtos nos Estados Unidos. “Por enquanto, o efeito ainda não chegou, mas se as tarifas de 40% se mantiverem, haverá impacto financeiro no próximo ano. Mesmo assim, decidimos não repassar imediatamente os custos, porque queremos preservar o mercado de longo prazo”, afirmou.

Na América Latina, porém, o cenário é mais positivo. Segundo Kieliger, as quatro subsidiárias da região terão recorde de vendas neste ano, com destaque para o Brasil e o México. A América Latina é uma região estratégica. Enquanto outros mercados enfrentam retração, aqui a marca está crescendo.

Brasil entre os maiores mercados da marca

O Brasil ocupa hoje a 20ª posição global em faturamento total da Victorinox, considerando todas as categorias, mas já figura entre os três principais mercados mundiais de relógios da marca. “Estamos muito satisfeitos com esse resultado. Mostra que o trabalho feito nos últimos anos deu certo e que o consumidor brasileiro valoriza a qualidade e a história da Victorinox.”

Com planos de seguir expandindo a base de clientes e fortalecendo a marca no País, o executivo mantém o otimismo para 2025 e 2026. “Vamos continuar investindo no mercado brasileiro e esperamos repetir o crescimento acima 30% no próximo ano. É um desafio grande, mas acreditamos no potencial do Brasil e na fidelidade dos nossos consumidores.”

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