A reforma tributária aprovada por meio da Emenda Constitucional nº 132/2023 institui um novo modelo tributário no país, unificando tributos como ICMS, ISS, IPI, PIS e Cofins em dois novos impostos, sendo eles o IBS (Imposto sobre Bens e Serviços) estadual e o CBS (Contribuição sobre Bens e Serviços) federal, com base no modelo de IVA. A transição dessas obrigações está prevista de 2026 até 2032, com a extinção dos tributos atuais até 2033.
Diante desse cenário, empresas precisam se preparar para mudanças graduais, mas constantes, em seus processos fiscais e contábeis ao longo da próxima década. O impacto é significativo, exigindo adaptações tanto no cálculo quanto na gestão tributária.
O sistema SAP, amplamente utilizado por grandes corporações no Brasil, é frequentemente o núcleo do gerenciamento fiscal e contábil. Com a reforma tributária, ele sofrerá maior exposição a alterações, já que qualquer mudança na legislação exige adaptações imediatas e precisas dentro do sistema.
Porém, muitos ambientes SAP no Brasil estão excessivamente customizados, com desenvolvimentos proprietários, chamados “Zs”, o que gera complexidade, aumenta custos de manutenção e cria riscos elevados de não conformidade fiscal.
Essa situação eleva o risco, especialmente considerando o cronograma apertado da reforma. A abordagem Clean Core, promovida pela SAP, defende a manutenção do núcleo do ERP “limpo”, minimizando personalizações diretas e privilegiando extensões via soluções como low-code, uso de APIs ou plataformas como SAP BTP (Business Technology Platform).
Esse modelo reduz a complexidade do sistema, melhora a governança, permite upgrades seguros e rápidos e protege a integridade do ERP frente às constantes atualizações tributárias. Boas práticas recomendam extensões in-app e side-by-side para preservar o núcleo original e facilitar upgrades sem quebrar funcionalidades customizadas.
Além disso, empresas que adotam Clean Core tendem a reduzir em até 40% os custos anuais de manutenção e suporte, um indicativo claro do efeito financeiro positivo dessa abordagem.
Migração para S/4HANA e a reforma tributária
A migração para o SAP S/4HANA é uma exigência cada vez mais urgente, com o calendário oficial recomendando a conclusão até 2027. Paralelamente, a reforma tributária começa a exigir adaptações desde 2026, criando uma pressão sem precedentes nos departamentos de TI, fiscal e contábil, que precisam lidar com duas grandes transformações simultâneas.
Esse contexto reforça a lógica do Clean Core: migrar para o S/4HANA com o ERP limpo e estender funcionalidades fiscais em camadas desacopladas permite maior flexibilidade e capacidade de adaptação, sem sacrificar estabilidade ou compliance.
A combinação do Clean Core com plataformas de desenvolvimento low-code permite criar soluções customizadas fora do núcleo do SAP, mantendo o ERP ágil e preparado para atualizações fiscais.
Nesse contexto, há a metodologia TrueClean, que alia o conceito Clean Core ao uso de low-code, visando acelerar a migração para o S/4HANA e garantir que as empresas estejam preparadas para as mudanças tributárias futuras.
Essa metodologia oferece uma migração mais rápida e controlada para o S/4HANA, reduzindo riscos e aumentando a previsibilidade do processo. Além disso, garante a capacidade de adaptação ágil às novas regras fiscais ao longo de todo o período de transição da reforma tributária. Outro ponto relevante é a redução significativa dos custos operacionais e de manutenção, já que evita customizações no núcleo do sistema e preserva a integridade do ERP.
Portanto, a Reforma Tributária brasileira é um motor de transformação digital e operacional, especialmente para empresas com alto grau de integração ao ambiente fiscal. Nesse contexto, o SAP Clean Core surge como uma estratégia essencial para mitigar riscos, reduzir custos e aumentar a agilidade das corporações.
*Tiago Farias é CEO da TrueChange, maior especialista em low-code da América Latina