O turismo brasileiro vive um ciclo de retomada e transformação em 2025. Depois de anos de instabilidade, a demanda reprimida se converteu em viagens domésticas e internacionais, com brasileiros voltando a priorizar o lazer e a qualidade de vida. O setor registrou crescimento de 5,4% no primeiro trimestre, segundo dados oficiais, impulsionado principalmente pelo transporte aéreo, que avançou 4,2%. É nesse cenário que a Lazertur, empresa nacional com mais de duas décadas de atuação, lança uma aposta ousada: transformar o agente de viagens em dono do próprio negócio por meio de microagências digitais.
O conceito, que mistura tecnologia, autonomia e escala, já começou a ganhar força. A promessa é clara: até 200% a mais de rentabilidade em comparação ao modelo tradicional, com potencial de renda mensal chegando a R$ 15 mil. A iniciativa, que tem o respaldo do Equity Fund, holding que reúne mais de 80 empresas em diversos segmentos, está sendo apresentada como um divisor de águas em um mercado historicamente centralizado nas mãos de grandes operadoras.
Durante muito tempo, a profissão de agente de viagens foi vista como um ofício de balcão, dependente de pacotes fechados, com margens estreitas e pouca autonomia. A digitalização do setor e o avanço de plataformas de autoatendimento chegaram a colocar em xeque o papel desses profissionais. Agora, a Lazertur aposta justamente no movimento inverso: fortalecer o agente, mas dentro de um ecossistema digital.
No modelo proposto, o profissional deixa de atuar como colaborador ou franqueado de uma grande rede e passa a operar sua própria microagência online. A empresa fornece toda a estrutura tecnológica (sistemas de venda, CRM, ferramentas de marketing, assessoria jurídica e contábil) enquanto o agente mantém autonomia total para gerir sua carteira de clientes. Ele decide onde e como atuar, sem precisar de escritório físico, podendo atender consumidores em qualquer parte do Brasil.
“Oferecemos ao agente a chance de obter ganhos equivalentes ao dono de uma agência, mas sem os riscos e custos de uma estrutura própria”, afirma Lucas Bittencourt Carvalho, CEO da Lazertur. Segundo ele, a mudança cultural é tão importante quanto o ganho financeiro. “Estamos formando empreendedores. Cada microagência é um novo CNPJ, um novo negócio no setor de turismo, capaz de sustentar famílias e movimentar economias locais.”
A principal promessa do modelo é a possibilidade de multiplicar os ganhos. Dados iniciais da empresa mostram que agentes que adotaram a metodologia e exploraram plenamente as ferramentas já alcançam a faixa dos R$ 15 mil mensais, valor considerado bastante acima da média do setor.
Esse salto de lucratividade se explica por três fatores: margens ampliadas graças ao poder de negociação em escala; eliminação de custos fixos, já que o negócio funciona de forma 100% digital; e aumento da capilaridade, com a possibilidade de atender clientes em qualquer região do país. “Esses elementos juntos tornam possível dobrar ou até triplicar a rentabilidade em relação ao modelo tradicional”, explica Carvalho.
Um exemplo citado pela Lazertur é de agentes que, antes, ganhavam comissões de 8% a 10% por venda. Dentro do novo formato, com condições comerciais equivalentes às de uma grande operadora, essa margem pode superar 20%, somando-se a ganhos extras em marketing de relacionamento e programas de fidelização.
A Lazertur já contabiliza cem microagências ativas espalhadas pelo Brasil e pretende chegar a 500 em dois anos. Mas para além da expansão numérica, o projeto busca descentralizar um mercado ainda dominado por grandes redes.
Carvalho enxerga nisso uma forma de gerar impacto social. “Nosso modelo não apenas gera renda, mas cria empreendedores. Cada agente deixa de ser um vendedor subordinado e passa a ser dono do seu negócio, com condições de competir em pé de igualdade com os grandes players, mas mantendo o atendimento próximo e personalizado”, afirma.
A descentralização também reflete uma tendência observada em outros setores da economia. Startups de delivery, mobilidade e serviços financeiros vêm apostando em modelos de microfranquias digitais e empreendedores independentes, combinando baixo custo de entrada e alto potencial de escala. “O turismo não poderia ficar de fora desse movimento”, completa o CEO.
Um dos pilares do modelo é a tecnologia. A plataforma B2B da Lazertur integra sistemas de reservas, comparadores de preços, ferramentas de gestão de clientes e marketing digital. Isso permite que os agentes tenham condições de competir com as grandes OTAs (Online Travel Agencies), mas com um diferencial humano: o atendimento consultivo e personalizado.
A empresa ainda fornece assessoria jurídica e contábil para formalização do negócio, suporte de marketing para campanhas digitais e treinamento contínuo. “Queremos que o agente seja independente, mas nunca esteja sozinho. Ele faz parte de uma rede que compartilha conhecimento, práticas e oportunidades”, explica Carvalho.
Turismo em expansão
O momento do setor reforça a aposta. Em 2025, o Brasil vive uma retomada sólida. Dados do IBGE e da Associação Brasileira de Agências de Viagens (Abav) apontam que o faturamento das operadoras e agências deve crescer cerca de 8% neste ano, impulsionado tanto pelo turismo interno quanto pelo aumento das viagens internacionais.
Destinos no Nordeste e no interior do país lideram a retomada doméstica, enquanto Europa e Estados Unidos voltaram a figurar entre as principais escolhas de brasileiros que voltaram a viajar para o exterior. A expectativa é de que o setor feche o ano movimentando mais de R$ 200 bilhões, incluindo passagens, hospedagens e serviços agregados.
Nesse contexto, a proposta da Lazertur ganha relevância: ampliar a participação dos agentes nesse bolo e oferecer condições mais favoráveis em um mercado cada vez mais competitivo.
A meta da empresa para os próximos cinco anos é consolidar um ecossistema com milhares de microagentes espalhados pelo país, movimentando milhões em faturamento global. O desafio, contudo, está em equilibrar escala e qualidade. “Visualizamos um ecossistema robusto, com milhares de microagentes, mas não abriremos mão da qualidade do atendimento e da credibilidade que o setor exige”, afirma Carvalho.
Especialistas do setor reconhecem o potencial do modelo, mas alertam para a necessidade de treinamento constante e adaptação ao perfil digital do consumidor. “O turismo vive um processo acelerado de transformação. O consumidor busca experiência personalizada, mas também agilidade digital. O sucesso desse tipo de modelo dependerá de como os agentes conseguirão equilibrar esses dois fatores”, avalia uma fonte ligada à Abav.
No final, o projeto da Lazertur se apresenta como um dos exemplos mais marcantes de como o turismo brasileiro pode se reinventar. A profissão de agente, que já foi vista como uma atividade em declínio, ganha nova roupagem ao se transformar em empreendedorismo digital.
O movimento aponta para uma mudança cultural de longo prazo: o agente deixa de ser um intermediário e passa a ser um consultor de confiança, dono do próprio negócio e parte de uma rede nacional. Mais do que aumentar a renda individual, esse modelo pode alterar a lógica de funcionamento do turismo no Brasil, tornando-o mais competitivo, descentralizado e alinhado às novas demandas dos consumidores.
“Estamos diante de um futuro em que o agente de viagens será visto não apenas como vendedor, mas como empresário autônomo, capaz de crescer em rede, com liberdade para expandir e gerar impacto social”, conclui Carvalho.