O shutdown nos Estados Unidos entra no segundo dia e prejudica a agenda econômica. Não serão divulgados hoje os dados de encomendas à indústria e os pedidos semanais de auxílio-desemprego. Com isso, o mercado financeiro busca por opções, com os investidores cientes de que devem ficar sem o payroll amanhã.
A pesquisa ADP ontem surpreendeu ao anunciar um corte de 30 mil vagas de emprego no setor privado norte-americano, o que praticamente selou as apostas de queda dos juros nos EUA no fim deste mês. Mas nem isso foi suficiente para animar os mercados. O Ibovespa iniciou outubro no vermelho, enquanto o dólar fechou em alta.
Ainda assim, a movimentação dos ativos locais foi lateral. Já em Nova York, houve ganhos moderados. Esse comportamento reflete certo desconforto com a falta de dados dos EUA, em um momento em que o mercado de trabalho se deteriora rapidamente e a inflação dá sinais de novos repiques.
Portanto, ainda que o Federal Reserve continue propenso a intervir, uma paralisação prolongada do governo dos EUA pode ter implicações ainda desconhecidas. Essa incerteza eleva a cautela nos negócios, reduzindo o apetite por risco. Trata-se de uma tendência de curto prazo, que deve durar até que o shutdown seja resolvido.
Isenção do IR avança sem sobressaltos
Por aqui, Brasília segue a todo vapor. A Câmara aprovou por unanimidade e sem sustos o projeto que amplia a isenção do Imposto de Renda para até R$ 5 mil mensais. A proposta também reduz a tributação para a faixa entre R$ 5 mil e R$ 7.350.
Entre as compensações, haverá alíquota mínima para as rendas acima de R$ 1,2 milhão no ano e nas remessas superiores a R$ 50 mil por mês. Já o receio em relação à CSLL que incide sobre os bancos não se confirmou. Para evitar bitributação, poderá haver abatimento.
O texto segue para o Senado. Se aprovado, o projeto de isenção do IR representa uma vitória do presidente Lula, que assumiu esse compromisso ainda durante a campanha eleitoral e que pode ser peça-chave na disputa de 2026. A medida irá beneficiar mais de 15 milhões de contribuintes.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram sem direção única, em meio ao impasse em torno do shutdown nos EUA. Na Europa, prevalece o sinal positivo – exceto em Londres – enquanto na Ásia, Tóquio subiu 0,9% e Hong Kong avançou 1,6%.
Entre as moedas, o dólar perde terreno em relação às moedas rivais, com o índice DXY (cesta de moedas de economias avançadas) em baixa.
Nas commodities, o petróleo oscila no campo positivo, enquanto o ouro oscila ao redor de níveis recordes. Nas criptomoedas, o Bitcoin sobe.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h30 – EUA: Pesquisa Challenger – demissões anunciadas (setembro)
- 9h30 – EUA: Pedidos de auxílio-desemprego (semanal)*
- 11h – EUA: Encomendas às fábricas (agosto)*
*Divulgação sujeita a confirmação.