A TRC, companhia florestal brasileira especializada no cultivo de teca, espécie de árvore de produz madeira de alta qualidade, projeta um salto significativo em sua capacidade produtiva nos próximos anos. Líder mundial na produção e exportação da madeira plantada, a empresa atua há três décadas no setor e já mantém cerca de 40 mil hectares cultivados exclusivamente em território nacional. Os principais destinos da exportação são Índia, China e Vietnã, com mercados também na Europa, Estados Unidos e Paquistão.
“O mercado de teca é premium. Trata-se de uma madeira de alta densidade e resistência, mas ao mesmo tempo fácil de trabalhar em marcenaria, o que permite transformar o design em realidade. Essa combinação explica sua demanda crescente em países como a Índia, que passa por um momento de expansão similar ao da China há 20 anos”, explica Eduardo Castro Prado, diretor da TRC.
Um dos projetos centrais da companhia é o Boiteca, programa de integração lavoura-pecuária-floresta que amplia o cultivo de teca em áreas já utilizadas para pastagem. A iniciativa permite plantar cerca de 160 árvores por hectare em terrenos degradados, em sistema silvipastoril que mantém a atividade pecuária após a adaptação inicial.
“É uma forma de expandirmos sem precisar adquirir novas fazendas. O pecuarista entra com a terra e, em contrapartida, fica com 20% da produção”, afirmou o executivo. “No modelo tradicional, a pastagem precisa ser suspensa por um ano ou um ano e meio, até que as mudas alcancem quatro metros de altura. Depois disso, o gado volta a ocupar a área normalmente.”
De acordo com dados da Embrapa, o modelo de integração pode garantir até R$ 4,70 em retorno a cada R$ 1 investido, considerando o ciclo de crescimento das árvores. O faturamento estimado para um hectare de teca no sistema Boiteca pode variar entre R$ 120 mil e R$ 140 mil ao longo de 18 a 20 anos, prazo médio para o corte da madeira.
Metas de longo prazo
A TRC estabeleceu como meta alcançar 60 mil hectares de teca plantados até 2040, sendo 20 mil já nos próximos cinco anos. As regiões prioritárias de expansão são Cáceres e Rondonópolis, no Mato Grosso; Xinguara e Redenção, no Pará; além da Zona da Mata de Pernambuco e Barra de Lagoas, em Alagoas.
A estratégia é crescer de forma orgânica, sem fusões ou aquisições, mas com apoio de investidores institucionais interessados no horizonte de longo prazo do setor. “É um investimento de 18 a 20 anos até o corte da madeira. Por isso, temos sócios em algumas fazendas, mas a TRC segue como empresa brasileira controlada pela família Coutinho”, afirma Eduardo.

Apesar de a teca ser reconhecida cientificamente como captadora de carbono, projetos de monocultivo ainda enfrentam resistência em metodologias internacionais de crédito de carbono. A TRC participa ativamente do debate e esteve presente na última Climate Week, em Nova Iorque, evento que reuniu líderes empresariais de companhias como Apple e Amazon.
“O mercado voluntário de carbono tem se expandido de forma consistente, com empresas buscando descarbonizar suas cadeias de suprimento. Mesmo que falas políticas, como as do ex-presidente Donald Trump, criem ruídos, a movimentação privada é mais forte e tem sustentado esse mercado”, avaliou Prado.
Exportações e cadeia de valor
Segundo estimativas da companhia, um hectare de teca pode render em média R$ 140 mil ao longo do ciclo produtivo. Hoje, cerca de 15 empresas brasileiras exportam a madeira, mas a TRC se mantém como a maior player do setor.
A cadeia de valor da teca envolve desde viveiros especializados em mudas clonadas até uma rede de serrarias e marcenarias em países consumidores. Na Índia e na China, o mercado é altamente segmentado, com empresas que chegam a se especializar em itens específicos de móveis, como gavetas, puxadores ou pés de mesa.
Com um setor em crescimento e a teca consolidada como um produto de alto valor agregado no mercado internacional, a TRC aposta em inovação, sustentabilidade e integração com a pecuária para expandir suas operações.
“O Brasil tem 130 a 140 milhões de hectares de pastagem. Se o modelo silvipastoril for amplamente adotado, o potencial de expansão da teca é imenso. Queremos estar à frente desse movimento e reforçar o protagonismo do Brasil na produção de madeira de alto padrão”, acrescentou o executivo.