Eduardo Leite foi um dos governadores mais em evidência na opinião pública nacional em 2024 por um motivo alheio à política: as enchentes que assolaram seu Rio Grande do Sul e criaram uma campanha de solidariedade em todo o país. Passado pouco mais de um ano da tragédia, Leite agora coordena a reconstrução do Estado e vem se projetando nacionalmente como uma das lideranças mais promissoras da nova política brasileira. Após 24 anos no PSDB, filiou-se ao PSD de Gilberto Kassab, grande cacife do Centrão, e, para muitos analistas, isso foi um sinal de que vai lutar pelo Planalto no ano que vem com um discurso apoiando a pacificação entre os polos petistas e bolsonaristas. Leite concedeu entrevista exclusiva ao BRAZIL ECONOMY após evento realizado em São Paulo.
Por quê os investidores podem apostar no Rio Grande do Sul neste momento?
O Estado arrumou suas contas com o ajuste fiscal do governo. Com isso, começamos a avançar em prestação de serviços que são críticos para quem quer empreender. Investimos muito em infraestrutura e segurança para garantir maior qualidade de vida e redução de custos logísticos. Se os investidores querem uma empresa que tenha acesso a capital humano qualificado, temos que lembrar que rankings com credibilidade, como da Folha de S. Paulo e do Ministério da Educação, apontam a PUC de Porto Alegre e UFRGS como algumas das melhores faculdades do Brasil, tanto na esfera particular quanto pública. Então, formamos um capital humano muito qualificado e com o Estado funcionando melhor e a segurança pública que melhorou absurdamente nestes últimos anos, nos tornamos mais capazes de reter estes talentos e atrair novos.
O Estado arrumou suas contas com o ajuste fiscal do governo. Com isso, começamos a avançar em prestação de serviços que são críticos para quem quer empreender. Investimos muito em infraestrutura e segurança para garantir maior qualidade de vida e redução de custos logísticos. Se os investidores querem uma empresa que tenha acesso a capital humano qualificado, temos que lembrar que rankings com credibilidade, como da Folha de S. Paulo e do Ministério da Educação, apontam a PUC de Porto Alegre e UFRGS como algumas das melhores faculdades do Brasil, tanto na esfera particular quanto pública. Então, formamos um capital humano muito qualificado e com o Estado funcionando melhor e a segurança pública que melhorou absurdamente nestes últimos anos, nos tornamos mais capazes de reter estes talentos e atrair novos.
E quais os potenciais do Rio Grande do Sul no interior atualmente?
Eu destacaria especificamente a região sul, já na divisa com o Uruguai, onde vemos o desenvolvimento a partir de investimentos em energia renovável. Lá, temos um plano para implantação das primeiras usinas de hidrogênio verde do Estado e investimentos em parques eólicos. Nós temos ainda o desenvolvimento da cadeia da proteína animal e um retorno na capacidade de investimento para produção de carne bovina, já que é uma região muito propícia para a criação de gado com a mesma qualidade da carne uruguaia e argentina. Já conseguimos criar essa mesma qualidade e agora queremos dar mais escala. E para ajudar, temos o porto do Rio Grande que ajuda aquela região a ser um polo de investimentos.
O Estado tem investido em polos tecnológicos, a exemplo do que ocorre em Pernambuco e Goiás?
Temos polos tecnológicos destacados, que são alguns dos melhores do Brasil. O da Tecnopuc e da Tecnosinos, no Vale dos Sinos, que integra a região metropolitana de Porto Alegre e engloba cidades como Novo Hamburgo e São Leopoldo, são, de acordo com a Associação Brasileira dos Polos Tecnológicos, alguns dos melhores do Brasil. Agora, foi anunciada a criação do melhor instituto de tecnologia da América Latina. Empresários se juntaram para um investimento de centenas de milhões de dólares que deve desenvolver mão de obra para tecnologia e ciência da computação. A ideia é que entre em funcionamento em 2027.
O Rio Grande do Sul passou por uma crise muito grave com as enchentes de 2024. As políticas públicas aplicadas para reconstruir o Estado estão saindo do jeito que o senhor desejava?
Sem dúvidas. Temos o Plano Rio Grande que eu comparo como um Plano Marshall da reconstrução da Segunda Guerra. Ele não apenas reconstrói, mas também tem obras de resiliência, como contenção de cheias e sistemas de monitoramento. Temos pelo menos R$ 20 bilhões de investimentos no Plano Rio Grande. Além disso, acordamos com a União que nossa dívida não será paga nestes próximos anos para investir na reconstrução e isso soma-se ao fundo criado pela própria União para financiar os sistemas de proteção contra enchentes.
Neste momento de tamanha polarização política entre governadores e Governo Federal, como foi lidar com a gestão do presidente Lula para gerenciar a reconstrução do Rio Grande do Sul após as enchentes?
A gente construiu muitas soluções com o Governo Federal que teve ações importantes dirigidas ao Rio Grande do Sul para a reconstrução. Temos diferenças e divergências, podemos debater politicamente as formas que os agentes políticos se comportam na forma como conduzem este processo. Mas, do ponto de vista institucional há um ambiente de colaboração e coordenação de esforços que tenho certeza que vai entregar ao Estado a capacidade de suportar novos eventos climáticos.
Mas o senhor chegou a se incomodar publicamente contra a ação do presidente na época das enchentes…
O que no debate político nos incomoda é o excesso de propaganda como se tivesse fazendo mais do que fez. Claro que fizeram muito, não posso reclamar, mas fazem uma propaganda maior do que efetivamente acabaram entregando. Mas, nós temos trabalhado juntos e confio que este trabalho coordenado com o respeito institucional é muito importante para a população.
O senhor mantém o desejo de se candidatar à Presidência no ano que vem ou alguma alteração no cenário político mudou essa vontade?
Tenho toda disposição para disputar a Presidência, mas vai depender do partido e do contexto. O interesse e a aspiração existem, só que outras variáveis importam. Eu sei que presidência da República depende de contexto e circunstância. As coisas estão se movendo e a gente vai entender como que o cenário fica a partir do final do ano e início do ano que vem.
Com a inegibilidade de Bolsonaro, muito se fala de uma disputa entre Tarcísio de Freitas e Lula. Em quem o senhor votaria neste cenário?
É um cenário hipotético e eu não tenho como falar.