O mercado financeiro ainda deve respirar aliviado nesta quarta-feira (24). O aceno de Donald Trump ao presidente Lula ontem libertou os mercados domésticos das forças externas que pressionavam os ativos de risco. O dólar cedeu mais de 1% e fechou abaixo da marca de R$ 5,30, enquanto o Ibovespa bateu novo recorde.
Esse comportamento reforça a visão de que a geopolítica tem prevalecido sobre a economia. Trata-se de um tema que esta coluna adverte há um bom tempo. Mas parece que só agora os investidores se deram conta dessa importância, relegando, inclusive, o discurso de Jerome Powell ontem e só repercutindo a reviravolta inesperada na ONU.
O encontro de menos de um minuto entre Trump e Lula, durante a troca de lugar no plenário, foi suficiente para rolar uma “ótima química” entre os dois. Eles se abraçaram e concordaram em se encontrar na semana que vem. Foi essa reaproximação entre Estados Unidos e Brasil que animou os negócios locais na véspera.
A agenda econômica esvaziada do dia abre espaço para que o mercado continue repercutindo o evento. Mas o fato é que poucos presenciaram o grande encontro entre os dois líderes. Trump surpreendeu ao falar, em discurso na tribuna da ONU, sobre o que tinha acontecido nos bastidores com o brasileiro. Foi um relato segundo as palavras dele.
Morde e assopra
Trata-se de algo bem diferente do outro episódio também marcante envolvendo Lula. Mais de 15 anos atrás, o mundo presenciou a fala de outro presidente dos EUA. Em abril de 2009, durante cúpula do G20, Barack Obama disse: “Esse é o cara!”. Um vídeo registra a cena em que os dois se cumprimentam.
Daí porque há cautela da diplomacia brasileira – e que também deve se espalhar para os mercados por aqui. Como se sabe, desde que assumiu a Casa Branca para um segundo mandato, Trump é ainda mais imprevisível do que a primeira vez em que ocupou o cargo. Portanto, não se sabe se o que esperar para a próxima semana.
Até porque, após a fala de improviso, Trump voltou a atacar. Ele disse que, no passado, o Brasil taxou injustamente os EUA e que, agora, as tarifas contra produtos brasileiros eram “o troco”. Trump ainda afirmou que o Brasil está indo mal e que continuará assim porque não se pode ir bem sem os EUA. Segundo ele, os brasileiros vão fracassar.
Porém, vale lembrar a estratégia que movimentou Wall Street há apenas alguns meses – e que irritou o presidente norte-americano. O termo TACO, derivado do acrônimo para Trump always chickens out – “Trump sempre volta atrás”, na tradução livre – se refere à sequência de recuos de Trump em relação às tarifas. Resta saber se essa “teoria do recuo” voltará a prevalecer.
Passeio pelos mercados
Os índices futuros das bolsas de Nova York amanheceram em alta, sinalizando um dia de recuperação. Na Europa, prevalece o sinal negativo, após uma sessão de ganhos na Ásia.
Entre as moedas, o dólar ganha terreno em relação às moedas rivais, impulsionando o índice DXY. Nas commodities, o petróleo tem leve alta e o minério de ferro fechou em estável em Dalian (China).
Já o ouro recua, enquanto nas criptomoedas, o Bitcoin avança.
Agenda do dia
Indicadores
- 8h – EUA: Índice MBA de pedidos de hipotecas (semanal)
- 11h – EUA: Venda de novas moradias (agosto)
- 11h30 – EUA: Estoques de petróleo e derivados (semanal)
- 14h30 – Brasil: Fluxo cambial (semanal)
Eventos
- EUA: Assembleia-Geral da ONU