Cashback em alta: a jornada da Loyalme que movimentou R$ 1,5 bilhão em um ano

Startup de fidelização ganha tração com modelo de recompensas financeiras imediatas e mostra como consumidores e empresas estão redesenhando a relação de lealdade

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Imagens: Fábio Augusto/Divulgação

Na imagem, Lionardo Nogueira, Nara Iachan e Thiago Brandão, sócios e cofundadores da Loyalme by Cuponeria

Na imagem, Lionardo Nogueira, Nara Iachan e Thiago Brandão, sócios e cofundadores da Loyalme by Cuponeria

Em um Brasil marcado pela busca incessante por economia no dia a dia, um conceito que antes parecia restrito a campanhas promocionais se transformou em um verdadeiro motor para os negócios. O cashback, prática que devolve parte do valor gasto pelo consumidor em uma compra, deixou de ser apenas uma “cereja do bolo” e passou a ocupar o centro das estratégias de fidelização de grandes marcas. Quem entendeu esse movimento cedo foi a Loyalme, startup nascida dentro da Cuponeria, que em apenas um ano de operação movimentou impressionantes R$ 1,5 bilhão, sendo R$ 480 milhões repassados diretamente aos usuários em forma de retorno financeiro.

A trajetória da empresa reflete não apenas o crescimento acelerado de uma startup, mas também um fenômeno cultural e econômico. O consumidor brasileiro, pressionado por juros altos e inflação persistente, descobriu no cashback uma ferramenta de poder imediato: economizar, reinvestir e se sentir valorizado por marcas que oferecem retorno tangível.

Durante décadas, programas de fidelidade baseados em pontos, milhas e recompensas de longo prazo dominaram o mercado. Mas a lógica de esperar meses, ou até anos, para acumular vantagens já não convence a nova geração de consumidores, marcada pela pressa e pela exigência de benefícios palpáveis.

“Hoje, o cliente quer retorno rápido. Ele não está disposto a esperar para ter desconto ou vantagem. O cashback entrega esse valor em tempo real, criando uma experiência de engajamento imediata e contínua”, explica Thiago Brandão, CEO e cofundador da Loyalme.

A percepção se comprova em números: segundo levantamento da Associação Brasileira das Empresas do Mercado de Fidelização (ABEMF), o cashback se consolidou como o benefício preferido dos consumidores, superando tradicionais programas de acúmulo. Mais do que moda, trata-se de um comportamento de consumo que redesenha as regras da competição no varejo e em serviços financeiros.

A Loyalme nasceu como um braço da Cuponeria, referência no mercado de cupons digitais. A proposta inicial era simples: transformar o aprendizado acumulado com cupons em uma plataforma mais ampla, capaz de gerar fidelização em larga escala. Em pouco tempo, a startup ganhou vida própria.

Com foco em dados e Inteligência Artificial Preditiva, a empresa construiu um portfólio que atende gigantes como Cacau Show, Bradesco, Ticket e Natura, personalizando ofertas de acordo com o comportamento de consumo. Essa combinação de tecnologia e estratégia permitiu que a Loyalme não apenas acompanhasse a tendência global, mas também moldasse o mercado local.

“Usamos tecnologia para entender o cliente em tempo real e entregar a ele a oferta certa no momento certo. O cashback não é apenas um incentivo de compra, é também um mecanismo de aprendizado que retroalimenta a estratégia das empresas”, afirma Brandão.

O ecossistema de fidelização no Brasil está longe de ser pequeno. Segundo dados da ABEMF, o setor movimenta dezenas de bilhões de reais por ano, abrangendo desde pontos de cartão de crédito até benefícios corporativos. Dentro desse universo, o cashback desponta como a categoria mais promissora.

Globalmente, o cenário não é diferente. Plataformas como Rakuten, Honey e até mesmo o PayPal investem pesado em modelos de cashback, enxergando na prática uma forma eficiente de reter clientes em meio à competição digital acirrada. No Brasil, a combinação de inflação e cultura digital acelerada torna o terreno ainda mais fértil.

A Loyalme soube surfar essa onda. Ao estruturar um modelo baseado em simplicidade, transparência e impacto imediato no bolso do consumidor, a startup conquistou relevância em tempo recorde. “O consumidor brasileiro é digital, exigente e sensível a preço. O cashback se encaixa perfeitamente nessa equação”, analisa Brandão.

Os efeitos do cashback vão muito além da percepção individual. Para empresas, trata-se de uma ferramenta de retenção e recorrência comprovada. Cada real devolvido ao consumidor é também um convite para a próxima compra.

“O impacto é claro: clientes retornam mais rápido, consomem com mais frequência e indicam a experiência para amigos e familiares. Isso cria um ciclo virtuoso em que todos ganham: o consumidor economiza e a marca aumenta seu lifetime value”, diz o CEO.

Esse efeito viraliza em setores variados. De varejo físico a e-commerce, de bancos digitais a companhias de serviços, a lógica é universal. Quem oferece cashback ganha espaço na mente e no orçamento do consumidor.

Se no passado os programas de pontos miravam o longo prazo, hoje o imediatismo é o combustível. Mas isso não significa falta de estratégia. Pelo contrário: a tendência é que as soluções evoluam para modelos híbridos, combinando cashback, pontos e experiências personalizadas.

No caso da Loyalme, a aposta é continuar ampliando a inteligência por trás das ofertas. A empresa já utiliza algoritmos preditivos para sugerir promoções individualizadas e pretende avançar em integrações com marketplaces e carteiras digitais, criando um ecossistema ainda mais fluido.

“A fidelização está deixando de ser apenas uma questão de acúmulo de vantagens. É um campo em que dados, tecnologia e experiência do usuário se encontram. O cashback é só o começo”, projeta Brandão.

Tendência de longo prazo

Para especialistas, o movimento não deve ser encarado como passageiro. Em um mercado em que consumidores mudam de marca com facilidade, oferecer benefícios financeiros diretos se torna um diferencial competitivo essencial.

“O cashback cria confiança porque é simples, transparente e imediato. Esses elementos são fundamentais em um mundo de excesso de ofertas e pouca paciência por parte do cliente”, observa um relatório recente da ABEMF.

Em paralelo, cresce a preocupação das empresas em alinhar a prática a estratégias sustentáveis. A lógica é clara: mais do que atrair clientes com recompensas, trata-se de construir relações duradouras baseadas em valor real.

A história da Loyalme mostra como uma ideia que parecia periférica ganhou status de protagonista. O cashback não é apenas um recurso promocional, mas um pilar de estratégia para marcas que buscam se diferenciar em meio a um mercado competitivo.

Diante desse cenário, a fidelização financeira imediata surge como caminho para um crescimento sustentável. Não se trata apenas de impulsionar o consumo, mas de reforçar a percepção de valor, estimular engajamento e solidificar a retenção.

Como resume Brandão: “Com um mercado cada vez mais dinâmico, a fidelização baseada em recompensas imediatas demonstra ser uma tendência de longo prazo. Estimula não só o engajamento dos consumidores, mas também o crescimento sustentável das empresas que adotam esse modelo”.

 

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