Das praias aos rooftops urbanos, as dez tendências para vinhos brancos no Brasil

A trajetória do vinho branco no Brasil é de ascensão e maturidade. Ele já não é apenas escolha para dias quentes, mas um estilo com personalidade própria

Marcelo Copello
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Imagens: Divulgação

Sustentável, leve, ousado e surpreendente, o branco é a cor do vinho que melhor dialoga com o futuro do paladar

Sustentável, leve, ousado e surpreendente, o branco é a cor do vinho que melhor dialoga com o futuro do paladar

O vinho branco, por muito tempo coadjuvante no gosto brasileiro, vive um momento de virada. Em 2025, ele consolida seu espaço não apenas como alternativa ao tinto nos dias quentes, mas como símbolo de uma nova forma de consumir vinho: mais leve, mais livre e, sobretudo, mais conectada com a realidade climática, cultural e sensorial do país. Das praias aos rooftops urbanos, dos rótulos naturais aos tecnológicos, o branco é a nova cor do vinho brasileiro contemporâneo. A seguir, dez tendências que marcam essa revolução líquida.

1. O branco como protagonista

Historicamente marginalizado no Brasil, o vinho branco começa a inverter essa lógica. Nas estatísticas de vendas, nos cardápios dos restaurantes e nas taças de um público mais jovem, o branco avança. Importadoras e e-commerces relatam crescimento expressivo na categoria, especialmente entre rótulos mais aromáticos e frescos. Na França, ele já superou o rosé. No Brasil, ainda não ultrapassou o tinto, mas ganha força em um país tropical, onde o clima favorece seu estilo e há um desejo crescente por vinhos mais fáceis, gastronômicos e descomplicados.

2. O novo luxo: leveza e baixo teor alcoólico

Se antes vinhos “potentes” eram sinônimo de prestígio, agora há um movimento claro em direção à leveza. Vinhos brancos com menos de 12% de álcool estão em alta, tanto entre importados quanto nacionais. Eles combinam com o ritmo de vida mais saudável que muitos consumidores adotaram. Além disso, são ideais para o clima brasileiro, permitindo o consumo em maior volume sem comprometer a experiência. Estilos como Vinho Verde, Albariño e alguns brancos de regiões frias do Brasil, como a Serra Catarinense, lideram essa mudança de paradigma.

3. Textura e complexidade: brancos com pegada de tinto

Uma das tendências mais interessantes é a busca por vinhos brancos com corpo e textura, que oferecem experiências sensoriais comparáveis às dos tintos. Isso é alcançado por meio de maceração com cascas, fermentação em barricas, bâtonnage e uso prolongado das borras. São vinhos para quem quer frescor, mas também profundidade. Para quem gosta de pensar (e até de mastigar) o vinho.

4. Laranja é o novo branco

Os vinhos de maceração prolongada, ou vinhos laranjas, deixaram de ser uma excentricidade para se tornarem presença frequente em cartas de vinhos e prateleiras especializadas. O consumidor, por sua vez, mostra-se cada vez mais disposto a experimentar. A estética “natural” dos laranjas — na cor, no rótulo e no discurso — também atrai o público millennial e da geração Z, ávido por autenticidade.

5. Salinidade e mineralidade em foco

Uma das palavras mais desejadas em cartas de vinhos de 2025 é “salino”. Vinhos brancos que evocam maresia, pedra molhada, mineralidade e frescor cortante ganham destaque. Essa tendência está relacionada tanto ao terroir quanto à vinificação precisa, com acidez firme e pouca intervenção. Importadoras apostam em brancos espanhóis e gregos com esse perfil, que casam perfeitamente com a culinária litorânea brasileira.

6. Uvas alternativas e redescobertas

Com o avanço da curiosidade dos consumidores, saem de cena os brancos “óbvios”, como Sauvignon Blanc e Chardonnay, e ganham espaço uvas pouco conhecidas. Godello, Grüner Veltliner, Arinto, Timorasso, Trebbiano e Chenin Blanc despertam interesse crescente. No Brasil, variedades como Moscato Giallo, Malvasia de Candia e até híbridas de qualidade começam a ganhar corpo. O consumidor quer novidade — mas também história, identidade e diversidade.

7. Sustentabilidade como valor de marca

Mais do que um diferencial, a sustentabilidade se tornou exigência para os novos consumidores de vinhos brancos. Rótulos com práticas orgânicas, biodinâmicas ou regenerativas ganham preferência, mesmo entre aqueles que não conhecem os detalhes técnicos. O discurso da “baixa intervenção” (ainda que, em alguns casos, mais marketing do que prática) é eficaz para comunicar compromisso ambiental e autenticidade.

8. Vinhos sem álcool: de piada a tendência premium

O que antes era marginal agora é tendência: vinhos desalcoolizados ganham espaço – e respeito. Tecnologias de desalcoolização evoluíram e permitem manter parte dos aromas e da estrutura do vinho. No Brasil, ainda são poucas as opções, mas a demanda crescente de consumidores que buscam moderação no álcool abre caminho para esse nicho. Restaurantes de alto padrão já começam a incluir vinhos brancos sem álcool em suas harmonizações.

9. Digitalização e recomendação personalizada

Apps e algoritmos estão transformando a relação do consumidor com o vinho branco. Plataformas que recomendam rótulos com base no gosto pessoal, como o Vivino, ganham força. Vinícolas e importadoras brasileiras começam a apostar em CRM e inteligência artificial para criar experiências de compra personalizadas, o que favorece o vinho branco, geralmente mais difícil de escolher para o leigo. O consumidor quer praticidade, mas também sentir-se guiado.

10. Experiência, não apenas produto

Por fim, o vinho branco se firma como experiência. Seja no rooftop de um hotel, em um brunch ao ar livre, no pôr do sol na praia ou em um evento cultural, ele se integra ao estilo de vida mais leve, solar e contemporâneo. Vinícolas brasileiras investem em enoturismo e eventos imersivos, nos quais o vinho branco é o anfitrião perfeito. Não se trata apenas de beber, mas de viver o vinho, com frescor, elegância e prazer.

A trajetória do vinho branco no Brasil em 2025 é de ascensão e maturidade. Ele já não é apenas uma escolha para dias quentes, mas um estilo com personalidade própria, que representa novas formas de consumo, novas gerações e novos valores. Sustentável, leve, ousado e surpreendente, o branco é a cor do vinho que melhor dialoga com o futuro do paladar brasileiro.

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