A Oktoberfest, tradicionalmente associada a grandes canecos de cerveja, pratos típicos e celebrações animadas, é muito mais do que uma festa popular. No Sul do Brasil, especialmente em Santa Catarina, o evento se consolidou como motor econômico para o turismo e a gastronomia, movimentando cadeias produtivas inteiras e atraindo visitantes de todo o país e do exterior.
Em 2024, Blumenau recebeu 579.222 pessoas para a segunda maior Oktoberfest do mundo, de acordo com dados do Sebrae. Hotéis, bares, restaurantes, empresas de transporte e fornecedores de insumos registraram crescimento expressivo durante o período. O impacto se estende ainda a cidades vizinhas como Pomerode, Timbó e Jaraguá do Sul, que ampliam a oferta de hospedagem e experiências gastronômicas para absorver a demanda.
Segundo especialistas, outubro representa o pico do consumo de produtos típicos alemães, com cervejarias operando no limite para atender pedidos feitos com meses de antecedência. Ainda assim, muitas vezes a produção não consegue acompanhar a procura, e não é raro faltar chope em alguns pontos da região.
A culinária segue a mesma tendência de crescimento. Pratos tradicionais como joelho de porco, salsichas artesanais e sobremesas típicas registram procura recorde. O movimento beneficia desde frigoríficos e pequenos produtores até restaurantes e redes de hotelaria, consolidando a importância da cultura germânica como diferencial competitivo para o turismo regional.
Localizado em Pomerode, conhecida como a cidade mais alemã do Brasil, o Biergarten Pomerânia exemplifica o efeito multiplicador da Oktoberfest na economia local. Instalado na Residência Passold, casarão tombado como patrimônio histórico, o restaurante se tornou referência em gastronomia germânica.
Entre janeiro e agosto de 2025, mais de 54 mil pessoas passaram pelo estabelecimento. Nesse período, foram consumidas 7,1 toneladas de joelho de porco (eisbein), 8 toneladas de batata, quase 7 mil pratos de schnitzel e 4,8 mil fatias do premiado strudel de maçã.
O reflexo aparece também no faturamento: apenas nos últimos seis meses, o eisbein movimentou R$ 718,7 mil, com 6.725 unidades vendidas. Em julho, mês de maior frio no Sul, o consumo de chope e cerveja no restaurante chegou a 4.575 litros, representando R$ 271,5 mil em receitas.
“Nosso público é o mesmo da Oktoberfest: pessoas que vêm pela cerveja, pela cultura e pela gastronomia alemã. Esse movimento impacta diretamente o restaurante”, afirmou o chef alemão Heiko Grabolle, responsável pela cozinha da casa.
Preparação antecipada e novidades
A proximidade da Oktoberfest obriga restaurantes e cervejarias a ampliarem operações. Muitos contratam funcionários temporários, reforçam estoques e aumentam a produção de insumos típicos, como salsichas e carnes especiais.
No caso do Biergarten, a edição de 2025 traz novidades: a inauguração do Strudelgarten, espaço dedicado ao strudel de maçã, sobremesa mais vendida da casa. A proposta segue o conceito alemão Gemütlichkeit, que valoriza acolhimento, alegria e bem-estar.
“Assim como a Oktoberfest, nosso objetivo é celebrar a cultura alemã em um ambiente familiar e seguro, onde as pessoas possam comer bem e criar memórias afetivas”, explicou Grabolle. O novo espaço terá ainda música ao vivo, área infantil com brinquedos temáticos (como avião de madeira e castelo em formato de barris) e cardápio exclusivo para crianças.
Mais do que um evento festivo, a Oktoberfest se consolida como engrenagem central para o desenvolvimento turístico e gastronômico da região Sul. Ao mesmo tempo em que preserva tradições culturais, movimenta setores estratégicos, gera empregos e projeta cidades catarinenses no cenário nacional e internacional.