Durante muito tempo, o universo da alta joalheria foi dominado pelo olhar feminino. Colares, brincos, pulseiras e anéis eram pensados quase exclusivamente para mulheres, enquanto os homens ocupavam uma posição marginal nesse mercado. Mas essa realidade vem mudando – e a Bormam, joalheria fundada em 2023 por Juan Borba e Matheus Martins, é um exemplo claro dessa transformação.
Advogado de formação, neto de joalheiro e filho de um empresário dedicado à exportação de pedras brasileiras, Matheus Martins cresceu em meio às gemas. “Desde que me entendo por gente, a minha vida é dentro desse segmento. Minha primeira feira de ciências não foi sobre vulcão, foi sobre pedras”, disse. O envolvimento precoce com o universo mineral se transformou em negócio há pouco mais de um ano e meio, quando se uniu ao sócio Juan Borba para preencher uma lacuna: a ausência de uma marca exclusivamente dedicada à joalheria masculina.

“Até então não havia ninguém que fizesse algo especificamente voltado para o homem. Quando se fala em joalheria, a primeira imagem que vem é a de uma mulher”, afirmou Martins. Segundo ele, embora casas tradicionais como H. Stern e Vivara tenham lançado coleções masculinas, escolhendo como garotos-propaganda os atores Cauã Reymond e Romulo Estrela, as peças eram criadas em paralelo às linhas femininas, sem chegar ao protagonismo que agora o mercado parece demandar.
Esse crescimento reflete não apenas uma questão estética, mas também um ativo financeiro. Assim como os relógios, joias vêm ganhando espaço no portfólio de investimentos masculinos. “Muitos homens investem em ouro, mas há também pedras preciosas com forte potencial de valorização. A turmalina Paraíba, por exemplo, tem vivido uma escalada de preço galopante”, afirmou Martins.
Com sede em São Paulo, a Bormam se posiciona nesse ponto de convergência entre estilo e investimento. Suas peças são elaboradas artesanalmente em ouro 18k e gemas naturais. No portfólio há peças feitas em apenas uma unidade devido à especificação única das gemas, e itens de linha, em que são usadas pedras menores e de aparência semelhante, que permitem padronização. As coleções estão à venda na sede da empresa no bairro de Higienópolis, em São Paulo, e no e-commerce. Os preços variam de R$ 4.300 (Pulseira Kont, em seda canelada com elo central em ouro 18k cravejado com diamantes negros) a R$ 280 mil – caso do colar Hipnotic, que possui uma sequência de esmeraldas lapidadas e cravadas milimetricamente em ouro branco de forma a criar a ilusão de um único fio verde contínuo percorrendo o pescoço.
“Queremos colocar o homem no centro desse universo, com peças criadas para ele, com design pensado para ele”, resume Martins. Em um curto período de atuação, a Bormam já conquistou espaço em eventos e na mídia ao adornar nomes conhecidos, como os atores Humberto Carrão, Romulo Estrela, José Loreto e Kayky Brito.
Para ampliar a penetração junto a seu público-alvo, além de vestir artistas, influenciadores e jogadores de futebol, a marca aposta na velocidade das pistas, concentrando esforços na comunicação na categoria Stock Car por meio de uma parceria com o piloto Cesar Ramos, atual embaixador da marca. “A performance é muito associada a esse universo da joalheria masculina”, disse Martins. Os próximos passos da Bormam incluem a abertura de uma loja sazonal em Trancoso (BA) e unidades em Fortaleza e Brasília.