A assinatura do contrato entre a Força Aérea Brasileira (FAB) e o Museu Asas de um Sonho (MAS), em dezembro de 2024, marcou o início de uma nova fase para o patrimônio aeronáutico nacional. A partir da cessão gratuita, em regime de comodato, de dezenas de aeronaves pertencentes ao acervo do MAS, será formado o núcleo inicial do MAPA.
Instalado em uma área de 92 mil metros quadrados no Campo de Marte, tradicional reduto da aviação paulista, o museu promete unir história, memória e tecnologia em um espaço de grande impacto cultural e turístico. A inauguração está prevista para 2027 e a expectativa é de que se torne um dos principais museus aeronáuticos da América Latina, atraindo entusiastas, pesquisadores, estudantes e famílias.
Segundo a Associação dos Amigos do Museu Aeroespacial Paulista (AMAPA), responsável pela gestão e estruturação do projeto, a iniciativa busca não apenas preservar aeronaves, mas também contar a trajetória de homens e mulheres que ajudaram a construir a aviação no Brasil.
“O MAPA tem como missão conectar passado e futuro, honrando as conquistas aeronáuticas e inspirando novas gerações por meio da criação de um ecossistema de inovação para o Brasil, especialmente para São Paulo”, explica Felipe Savi, vice-presidente da AMAPA.
O museu terá mais de 80 aeronaves em exposição, incluindo raridades que desempenharam papel crucial em conflitos e avanços tecnológicos. Entre os destaques está o P-47 Thunderbolt, utilizado pelo 1º Grupo de Aviação de Caça (1º GavCa) durante a Segunda Guerra Mundial, símbolo da participação brasileira no front europeu.
Outros exemplares de grande valor já confirmados para o acervo são o Spitfire, ícone da Batalha da Inglaterra; o Messerschmitt 109G, um dos principais caças alemães do período; e o F4U Corsair, aeronave de caça embarcada que se tornou lendária no Pacífico. Esses modelos foram transferidos em junho de 2025 para o MAPA, após a desativação definitiva do Museu Asas de um Sonho, localizado em São Carlos (SP).
“Mais do que aviões, estamos transferindo parte de um legado. A preservação da história da aviação é essencial para que as futuras gerações compreendam a importância desses marcos tecnológicos e culturais. Ao confiar essas aeronaves ao MAPA, temos a certeza de que estarão bem cuidadas e continuarão cumprindo seu papel educativo e cultural”, destacou o presidente do MAS durante a cerimônia de transferência.
A parceria com o Museu Aeroespacial (MUSAL), no Rio de Janeiro, também fortalece a iniciativa. Para o Brigadeiro do Ar Maurício Carvalho Sampaio, diretor do MUSAL, a chegada dessas aeronaves ao acervo paulista reforça o compromisso da FAB com a memória da aviação militar e civil.
“Esses modelos emblemáticos representam capítulos importantes da história da aviação mundial e brasileira. Tê-los agora sob os cuidados da FAB amplia nosso compromisso com a preservação e a difusão desse legado às futuras gerações, pois o MAPA nasce com os mesmos princípios que regem o MUSAL: promover a cultura aeronáutica com responsabilidade, acessibilidade e rigor técnico”, afirmou.
Cultura, educação e turismo
O MAPA não será apenas um espaço de exposição estática. O projeto prevê a criação de experiências imersivas e interativas que unam cultura, ciência e tecnologia, com foco em educação. A ideia é que estudantes de escolas públicas e privadas tenham acesso a visitas guiadas, oficinas e atividades que mostrem o impacto da aviação no desenvolvimento do país.
Além disso, o museu deve se consolidar como um polo turístico, fortalecendo o eixo cultural de São Paulo. A localização no Campo de Marte, na zona norte da capital, facilita o acesso e cria sinergias com outros espaços culturais já existentes. A expectativa é de que a atração movimente a economia local, com geração de empregos diretos e indiretos em setores como turismo, gastronomia, hotelaria e eventos.
Segundo a AMAPA, o projeto também dialoga com a economia criativa, estimulando iniciativas de inovação, parcerias com universidades e ações em conjunto com startups ligadas ao setor aeroespacial.
Apresentação na Labace
O Museu Aeroespacial Paulista foi apresentado oficialmente durante a Latin American Business Aviation Conference and Exhibition (Labace), realizada entre 5 e 7 de agosto de 2025, no próprio Campo de Marte.
O estande do MAPA atraiu atenção de visitantes, investidores e autoridades do setor. O comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Marcelo Kanitz Damasceno, destacou a relevância do projeto durante o evento:
“O sucesso de cada edição da LABACE é prova inconteste da vitalidade e do progressivo crescimento desse essencial setor, que conecta pessoas, encurta distâncias e movimenta a economia do nosso amado Brasil. Esse museu tem por objetivo consagrar a história, não só da aviação militar brasileira, mas da aviação como um todo”, afirmou.
O Museu Aeroespacial Paulista nasce em um momento em que o Brasil busca valorizar sua memória e fortalecer setores estratégicos ligados à ciência, à tecnologia e à defesa. Para os organizadores, o espaço será não apenas um ponto de preservação histórica, mas também um laboratório vivo de inovação, capaz de despertar vocações e inspirar jovens para carreiras ligadas ao setor aeroespacial.
Com previsão de abertura em 2027, o MAPA promete ser mais do que um museu: um símbolo da conexão entre tradição e futuro, resgatando marcos da aviação brasileira e internacional, enquanto projeta novas possibilidades para o país no campo da educação, da cultura e da economia criativa.
