Tesouros para comer: quais são os ingredientes mais caros que podem ir à mesa

A alta gastronomia é uma arte que não se limita ao prato: envolve história, geografia, botânica e economia. Sobretudo quando o que entra na receita é mais caro que ouro

Celso Masson
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Imagens: Divulgação

Rabada de Wagyu com polenta mole e agrião, servida no Varanda D.inner

Rabada de Wagyu com polenta mole e agrião, servida no Varanda D.inner

Desde que as especiarias do Oriente abriram caminho para as grandes navegações, alguns itens se tornaram muito mais que temperos para aprimorar receitas. Viraram moedas de troca, símbolos de status e até motivo de disputa política.

Hoje, ainda que a globalização tenha facilitado o acesso a quase tudo, certas iguarias permanecem exclusivas — tão raras, complexas de produzir ou difíceis de encontrar que chegam ao prato custando pequenas fortunas.

Ravioli com amêndoas e mel de trufas da Tartuferia San Paolo
Ravioli com amêndoas e mel de trufas da Tartuferia San Paolo

Do caviar às trufas, passando por resinas gregas e raízes japonesas, prepare-se para conhecer um cardápio que tem mais a ver com joalheria do que com aquilo que se compra na quitanda. A lista a seguir mostra quais são e onde provar oito dessas joias gastronômicas:

Não confunda com cúrcuma. O verdadeiro açafrão vem dos estigmas da flor Crocus sativus, colhidos à mão, três por flor. Para produzir 1 quilo, são necessárias milhares delas. Resultado: R$ 100 por grama, um preço que explica por que a especiaria virou sinônimo de ouro na gastronomia. No restaurante NOU, com diversas unidades em São Paulo, o chef Amílcar Azevedo usa em risotos e peixes, ressaltando seu sabor terroso e mineral, inconfundível.
@restaurantenou

Baunilha: entre as orquídeas mais cobiçadas

Vinda da orquídea Vanilla planifolia, a baunilha é o “ouro da confeitaria”. A de Madagascar pode chegar a R$ 3 mil o quilo, já que cada flor é polinizada à mão. O valor elevado se deve ao trabalho artesanal que envolve sua produção.
“Cada flor precisa ser polinizada manualmente, e o processo de colheita, cura e secagem leva meses”, diz o chef Roberto Rebaudengo, do Lido, que prefere usá-la em preparos delicados, como panna cotta, para preservar suas notas aromáticas. Já no Sky Hall Garden, Martin Casilli aposta nas favas para dar frescor a sobremesas autorais.
@restaurante.lido; @skyhallgarden

Em Cetara, um vilarejo pesqueiro na Campânia, a colatura nasce como subproduto das anchovas salgadas em barris de madeira. O líquido âmbar escorre devagar, mas, quando chega à mesa, revela-se um tempero versátil, que dá profundidade a massas, saladas e até tartares. No restaurante Donna, o chef André Mifano usa esse “ouro líquido”, que pode custar até R$ 2 mil o litro.
@restaurantedonna_

Na ilha grega de Chios, as árvores de mástique produzem uma resina chamada miski (ou mastiha), usada desde a Antiguidade como remédio, goma de mascar e ingrediente culinário. Hoje, vale R$ 20 por grama — espantosos R$ 20 mil o quilo. No Arábia, em São Paulo, ela aparece em sobremesas e drinques, mantendo viva uma tradição que atravessa séculos.
@restaurantearabia

Do tobiko ao caviar beluga, as ovas são símbolos de sofisticação. No Maza, o chef Willian Seiji Enokizono usa de salmão, tainha, peixe-voador e massago em receitas autorais. O ápice é o caviar: até R$ 6 mil por 100 gramas — e o branco, ainda mais raro, custa muito mais.
@mazarestaurant

Poucos ingredientes carregam tanto mito quanto as trufas. Brancas ou negras, italianas ou francesas, elas crescem escondidas nas raízes de árvores e custam até R$ 70 mil o quilo. No Brasil, a Tartuferia San Paolo as serve em massas, risotos e até ovos. Aromas que lembram mel, chocolate e avelã justificam a fama — e o preço.
@tartuferiasanpaolo

O boi mais mimado do mundo, que recebe massagens e bebe cerveja preta, produz uma carne que virou objeto de culto. O segredo? O altíssimo marmoreio, que resulta em cortes macios, suculentos e ricos em umami, o quinto sabor. No Varanda D.inner, o chef Fábio Lazzarini resume: “É caro porque é raro”. Peças podem facilmente passar de R$ 1 mil, mas quem prova dificilmente esquece.
@varandadinner

Quase ninguém fora do Japão conhece o sabor real do wasabi. O verdadeiro, da planta Eutrema wasabi, leva anos para crescer e exige clima específico. Resultado: R$ 10 mil o quilo. No estrelado Murakami, o chef Tsuyoshi Murakami usa a raiz fresca para realçar peixes crus e equilibrar gorduras como a do atum.

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