Juntos Somos Mais pode não ser um dos nomes mais tradicionais para uma empresa, mas traduz exatamente o que a companhia se propõe: unir parceiros e gerar mais negócios. A joint-venture da Votorantim Cimentos, Gerdau e Tigre nasceu como um programa de relacionamento e agregou um marketplace B2B de vendas digitais que, neste ano, vai movimentar R$ 11 bilhões — um recorde desde que a empresa foi criada, em 2019, para fortalecer, desenvolver e qualificar o varejo da construção civil.
“Ano passado crescemos 50% e, neste ano, devemos fechar entre 25% e 30% a mais em movimentação na plataforma”, disse Juliana Carsoni, CEO da Juntos Somos Mais.
Os quase R$ 1 bilhão em vendas mensais, em média, são proporcionados pela conexão de dois lados importantes do setor. De um lado, mais de 30 indústrias líderes de seis segmentos. Do outro, 100 mil lojas cadastradas — sendo que 55 mil acessam a plataforma e 30 mil delas compram todos os meses no marketplace para abastecer seus estabelecimentos.
O mercado de materiais de construção é formado por cerca de 150 mil lojas. Ou seja, a Juntos Somos Mais reúne 65% dos varejistas. Para Juliana, há espaço para crescer dentro da própria rede, com aumento do sortimento e do tíquete médio, e também avançar sobre novas lojas.
“Em julho batemos nosso recorde, quando 18 mil CNPJs diferentes compraram na Juntos Somos Mais durante o mês”, afirmou a executiva. “Ainda temos bastante espaço de captura para desenvolvimento. Nossas taxas de crescimento vão se repetir nos próximos anos.”
O trabalho de contato e convite para indústrias e varejistas segue no pipeline da companhia. Philips, Duracell, Vedacit, Vellore (Famastil e FoxLux), Marluvas e Alumbra são algumas das parceiras que passaram a integrar a Juntos Somos Mais recentemente.
Segundo a empresa, depois de 90 dias da entrada na plataforma, as vendas aumentam cerca de 30%. “Observamos esse crescimento de dois dígitos, com aumento do mix de produtos no mesmo estabelecimento.”
Além da facilidade em fazer cotações, encontrar parceiros e efetivar vendas, o marketplace possibilita o acompanhamento do pós-venda, com apontamentos de itens que podem faltar, acesso à segunda via de boleto, contato direto com vendedores e outras funcionalidades.
Retail media
Há ainda as promoções da indústria, personalizadas para cada rede de lojistas, com base em geolocalização, em quando e no que cada uma delas costuma comprar. Um retail media bem direcionado, digamos.
A mídia de publicidade direta no varejo é um dos investimentos que a Juntos Somos Mais vem fazendo para aumentar seu potencial. A ideia é utilizar a inteligência de dados que a companhia já possui, plugada a uma solução de retail media. “Entendemos que isso é uma oportunidade em todos os segmentos”, disse Juliana.
São dois diferenciais buscados pela Juntos Somos Mais. O primeiro é colocar televisores e monitores nos pontos de venda de pequenos e médios varejistas, para que rentabilizem com as propagandas dos produtos que a indústria divulgar neles.
“Isso vai viabilizar para o varejista comercializar os ativos dos espaços da loja dele com os players do setor — e até de fora dele — que estão interessados em se comunicar com o consumidor que está na loja de matcon (material de construção)”, explicou a CEO. “Vamos viabilizar isso em escala.”
O segundo diferencial é a integração de dados, a partir da instalação de sensores na porta das lojas — em alguns casos, dentro das unidades. “Estamos fazendo um verdadeiro painel de gestão para esse varejista e para o anunciante. O lojista sabe quanto está vendendo por dia, quais são os principais vendedores, quantas pessoas estão entrando na loja, quantas ele consegue converter e quantas está perdendo”, exemplificou a executiva.
Além disso, há informações sobre as lojas mais próximas, quais categorias vendem e quais deveriam incorporar para fazer mais negócios, além de mapear outros comércios existentes nas redondezas, como mercados, escolas e igrejas, potenciais clientes que podem ajudar no contato das redes de material de construção.
Esse modelo — de monitores a sensores — já está em operação em 25 lojas. “É um projeto bastante ambicioso, mas que está no começo. Estamos avançando mês a mês”, frisou a CEO, que pretende implementar o sistema em 50 lojas nos próximos dois meses, para obter um set de dados interessante para a indústria.
“Com o chassi montado, vamos escalar para centenas de unidades e ter uma cobertura nacional relevante em comunicação. Mas isso virá com o tempo”, afirmou.
O que já está em plena execução, com penetração no mercado, são alguns índices produzidos pela Juntos Somos Mais. O InObra — Índice de Intenção de Obra: Futuro das Tendências em Construção, de junho — apontou que 28% dos brasileiros têm intenção de realizar uma obra nos próximos 12 meses.
“Estamos percebendo que a intenção de reformar ou construir, ou de quem já está com uma reforma ou construção em curso, vem aumentando nos últimos meses — tanto em relação ao período anterior quanto ao mesmo período do ano passado. Então, o setor tem movimento”, salientou Juliana.
Já o Termômetro do Varejo de Construção Civil, também de junho, apontou que 73% dos lojistas consultados estavam com expectativa de vender mais nos próximos três meses. É o segundo maior percentual desde o início da série, em novembro de 2023 — o mais alto foi em março deste ano, quando 79% estavam confiantes em comercializar mais. De preferência juntos, como prega o nome e o conceito da companhia.
